Cura de uma mão paralítica, em dia de
sábado
(Mateus,
12:9-14; Lucas, 6:6-11)
1. Jesus
entrou de novo na sinagoga. Como aí se achasse um homem que tinha seca uma das
mãos, 2. Eles se puseram de observação para ver se Jesus o curaria em dia de
sábado, a fim de o acusarem. 3. Disse então Jesus ao homem que tinha a mão
seca: Vem aqui para o meio. 4. E perguntou: É permitido em dia de sábado fazer
o bem ou o mal, salvar ou tirar uma vida? Eles se calaram. 5. Perpassando então
por eles o olhar, tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus corações,
disse ao homem: Estende a tua mão; o homem a estendeu e ela ficou sã. 6. Os
fariseus se retiraram logo e, com os Herodistas, fizeram um conciliábulo
buscando meio de o perderem.
Quanto aos escribas e
fariseus, Jesus não os olhou “tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus
corações”, conforme se lê nas narrativas evangélicas. O pensamento, que essas
palavras humanas mal exprimiram, é que o divino Mestre se doía de vê-los
resistir voluntariamente aos esforços que Ele empregava para salvá-los.
A cólera jamais entrou, nem
poderia entrar, no coração do Cristo. Os escribas e os fariseus eram Espíritos
culpados que, empedernidos, fechavam os olhos para não ver a luz que o Senhor
lhes oferecia e o Senhor com isto 219 sofria realmente, se afligia e indignava
ante tal obstinação. Não sofrem os nossos anjos de guarda com o nosso
endurecimento? Mas, como os fariseus e os escribas, temos o nosso
livre-arbítrio, que não pode ser violentado, como não o foi o deles, uma vez
que, enviando à Terra o Messias, Deus a todos abriu uma nova via de purificação
e redenção.
Seus anjos guardiães faziam por eles o que por nós fazem os nossos. Eles, porém, os repeliam, do mesmo modo que nós muitas vezes repelimos os nossos, no pleno gozo do livre-arbítrio que o Pai nos concedeu. Com efeito, decorridos que são 20 séculos, ainda hoje ocorre mais ou menos o mesmo que se dava naqueles tempos.
De fato, assim como os
escribas, os fariseus e o sacerdócio hebreu combatiam a revelação messiânica,
que era a confirmação da revelação mosaica, também os fariseus e os escribas de
hoje e o sacerdócio romano guerreiam a revelação espírita, que é a confirmação
da messiânica. Ontem, as fogueiras; hoje, os insultos e os sarcasmos.
Entretanto, libertos, como
já nos achamos, do terror dos anátemas, use cada um da sua inteligência, da sua
razão e do seu livre-arbítrio e compare o que ensina a Igreja Romana com o que
ensina a Doutrina Espírita, e por si mesmo decida, em face dos Evangelhos de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nomes dos apóstolos. Suas vocações
(Mateus,
10:2-4; Lucas, 6:12-16)
13.
Subindo a um monte, chamou Jesus a si os que quis e esses acudiram ao chamado. 14.
Designou doze para estarem com ele e para serem enviados a pregar. 15. E a
exercer a autoridade de expelir demônios. 16. A saber: Simão, a quem deu o nome
de Pedro. 17. Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais chamou
Boanerges, que significa filhos do trovão. 18. André, Filipe, Bartolomeu,
Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão Cananeu. 19, e Judas
Iscariotes, que o traiu.
Quanto à escolha dos
apóstolos, presidiu a essa escolha, bem como à distribuição dos nomes que lhes
deu o divino Mestre, o caráter de cada um deles e a natureza da missão que a
cada um tocaria.
Entre os doze escolhidos
estava Judas Iscariotes, que traiu a Jesus. Era um Espírito elevado em
inteligência, mas que, pedindo para assistir o Mestre, tomara a si missão
superior às suas forças, do que resultou falir.
Na continuação destes
estudos, veremos qual foi o seu procedimento ulterior e como se deu a sua
reabilitação.
Subjugado. Cego e mudo por efeito da
subjugação. Blasfêmias dos fariseus. Reino dividido
20.
Entraram em casa e aí se aglomerou tão grande multidão, que nem sequer podiam
comer. 21. Ao saberem disso os parentes de Jesus vieram para se apoderarem
dele, dizendo que perdera o juízo. 22. Os escribas vindos de Jerusalém diziam:
Ele está possesso de Belzebu e expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios. 23.
Jesus, porém, tendo-os chamado, lhes dizia por parábolas: Como pode Satanás
expulsar a Satanás? 24. Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não
poderá subsistir. 25. Se uma casa está dividida contra si mesma, não pode
subsistir. 26. Se, pois, Satanás se rebelar contra si mesmo, estará dividido,
não poderá subsistir e terá fim.
Aquele homem, tido como
“possesso do demônio”, estava subjugado por um Espírito mau que, combinando com
os dele os fluídos do seu perispírito e lançando-lhe, sobre os órgãos da visão
e da audição, fluídos apropriados a esse efeito, paralisara aqueles órgãos.
Jesus o curou pela ação da sua vontade potentíssima, afastando o obsessor.
A subjugação que ele sofria
era, como todas, em geral, uma expiação. Seu Espírito expiava graves abusos da
palavra, anteriormente praticados, e o não ter sabido aproveitar-se da luz que
lhe fora concedida. A multidão, maravilhada com o fato, inquiria: Porventura, é
este o filho de Davi? É que predito fora que o maior dos profetas descenderia
da linhagem de Davi.
As palavras que dirigiu aos
escribas e fariseus, bem como as que a seu respeito proferiram os que eram
considerados seus parentes, tinham um alcance tanto espírita, quanto
evangélico, isto é, foram ditas como ensino para aquele momento e como lição a
frutificar na época atual, da nova revelação. As épocas, conforme o sabemos, se
ligam umas às outras e, quanto mais nos adiantarmos, tanto melhor
compreenderemos a ligação que existe entre o aparecimento de Jesus na Terra e a
presente manifestação dos Espíritos.
O aparecimento de Jesus
entre os homens, segundo já explicamos, com o governador do planeta terráqueo e
diretor da Humanidade que o habita, foi uma manifestação espírita. Ele desceu
até nós, para lançar as bases da nova regeneração. Pois bem, atualmente,
assistimos a outra manifestação espírita, produzida pelos Espíritos que, como
enviados do Mestre, vêm continuar e desenvolver-lhe a obra.
Belzebu, Satanás, Príncipe
dos demônios são expressões figuradas de que Jesus usava, para se fizer
compreendido e escutado. Designavam e designam os Espíritos maus que, tendo
falido, perseveram, endurecidos, na senda do mal, a praticarem-no contra os
homens.
Os filhos daqueles que o
acusavam de obrar por Belzebu e aos quais o Mestre se referia, dizendo que
seriam juízes dos seus acusadores, eram os que, entre os Hebreus, seguiam de
coração a lei de Moisés, tendo em vista servir a Deus, os quais, já um tanto
purificados e colocados acima de seus pais, conseguiam, algumas vezes, por meio
da prece e da perseverança, afastar os Espíritos malfazejos que se manifestavam
pela obsessão e pela subjugação.
Os homens de então, como os
de hoje, os Escribas e os Fariseus de agora, como os daquele tempo, negam tudo
o que não compreendem e condenam o que os incomoda, ou lhes fere o orgulho.
Jesus era acusado pelos seus contemporâneos de obrar por influência demoníaca.
É precisamente o que diz o sacerdócio romano, diante dos fatos espíritas. A
resposta, porém, deve ser a mesma que Jesus dava aos seus injuriadores: “Nenhum
reino que se divide contra si mesmo pode subsistir”.
Do mesmo modo que alguns
filhos dos Hebreus, também podemos livrar alguns dos nossos irmãos encarnados
da ação dos que, no plano invisível, se fizeram agentes das trevas, desde que
nos elevemos e purifiquemos, saibamos valer-nos da prece e obremos com
perseverança.
A expressão “espírito de
Deus” considerada em relação a Jesus, significa a influência direta que o Pai
exercia e exerce sobre Ele. Em relação a nós, devemos considerá-la como
exprimindo a dos Espíritos purificados, que o Senhor nos envia como medianeiros
entre a sua vontade e os nossos Espíritos. Deus só se comunica diretamente com
os Espíritos puros, de pureza perfeita, aos quais incumbe de presidir à
formação dos orbes e de lhes dirigir as respectivas humanidades, em seu
progresso moral e científico. Só esses Espíritos podem aproximar-se do foco
universal; só a eles cabe com exatidão o nome de “servos do Senhor”.
Mas, através da escala
espírita, até nós desce o “Espírito de Deus”. Ë para que ele chegue a todos os
homens que, ontem, os apóstolos, discípulos de Jesus, desobstruíram as sendas
que Ele traçara para passarmos, rumo às altas culminâncias da espiritualidade,
e que, hoje, com a nova revelação, recebemos a luz de que necessitamos para,
com os corações inundados dela, podermos avançar por aquelas sendas.
Ao saberem disso, os
parentes de Jesus vieram para prendê-lo, dizendo que perdera o juízo. Os
Hebreus, pelo consórcio dos de uma tribo com os de outra, eram parentes quase
todos, ou como tais se consideravam. Assim que, Jesus, aos olhos dos homens,
estava rodeado de primos mais ou menos próximos.
Ora, esses parentes, segundo
os quais Jesus procedia do mesmo tronco que eles, não podiam admitir que aquele
se elevasse tão alto, que instituísse apóstolos, e saíram a prendê-lo, sob o
fundamento de que perdera a razão e estava louco. Bem dissera o Mestre que ninguém
é profeta na sua terra.
Dá-se hoje o mesmo que com
ele se deu. O clero qualifica de demoníaca a Doutrina Espírita; os modernos
escribas e fariseus chamam loucos e desequilibrados aos espíritas, tendo
chegado mesmo a arranjar uma lei punitiva da prática do Espiritismo! Diante
disso, que devemos fazer? Exemplificar pela prática das boas obras, da
humildade e da paciência, da doçura e da indulgência, da pureza de sentimentos,
e avançar corajosamente pelo caminho que nos está traçado, certos de que o Cristo
vela por nós e nos protege. Temos, como prepostos seus, a nos guiarem pela
estrada que a Ele conduz, os bons Espíritos, os Espíritos de luz e de
misericórdia.
O forte armado. Pecado remido. Blasfêmia
contra o Espírito Santo. Tesouro do coração. Palavra Ímpia
(Mateus,
12:29-37; Lucas, 11:21-23; 12:10)
27.
Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e lhe roubar as alfaias, se antes
o não manietar; só depois disso conseguirá pilhar-lhe a casa. 28. Em verdade
vos digo que aos filhos dos homens serão perdoados todos os pecados que hajam
cometido e todas as blasfêmias que tenham proferido; 29, mas aquele que houver
blasfemado contra o Espírito Santo não terá perdão na eternidade, será réu de
eterno delito. 30. Jesus falava assim, porque diziam: Ele está possesso de um
espírito impuro.
A fim de apreendermos o
pensamento do Mestre através da linguagem de que Ele usava, precisamos despojar
da letra o espírito, para o que mister se faz compreendamos bem o sentido
verdadeiro destas palavras suas ditas especialmente aos que são chamados a
receber a revelação nova: “O espírito é que vivifica; as palavras que vos digo
são espírito e vida”.
Dizendo o que se lê no
capítulo 12, versículo 29 de Mateus e capítulo 3, versículo 27 de Marcos, alude
Jesus ao pecado que, por suas seduções, se apodera do homem e o despoja de
todas as virtudes. Eram, pois, palavras emblemáticas.
Pelas do capítulo 11,
versículo 21 de Lucas, vemos que precisamos estar vigilantes sobre a nossa
consciência, a fim de nos acharmos sempre prontos a combater os maus instintos
e pendores e as paixões más. Se deixamos de conservar-nos cautelosamente em
guarda e ativos na prática do bem, os vícios penetram em nosso coração e nos
tomam uma a uma as armas. Porque, não basta deixar de praticar o mal; é necessário
praticar o bem, que só ele nos resguarda de cairmos no mal. Com efeito, que é,
senão egoísta e orgulhoso, aquele que falta à caridade? Que é, senão ímpio,
aquele que se esquece do seu Deus? O mesmo se dá com todas as virtudes que não
são praticadas. Tomam-lhes o lugar os vícios que elas, se cultivadas, teriam
destruído.
As do capítulo 11, versículo
22 de Lucas completam a figura material que o divino Mestre compusera para a
inteligência dos Hebreus. Sem dúvida, os vícios que substituam as virtudes no
coração daquele que se tornou descuidoso e não tirou proveito delas antes de
serem destruídas, para aproveitarem da sua destruição despojam as ditas
virtudes do asilo que lhes fora preparado e nele se alojam.
Quem
não está comigo está contra mim. (capítulo 12 versículo 30
de Mateus.) Quer isto dizer: quem não segue a lei do Cristo, isto é, a doutrina
moral de que Ele é a personificação, dela se aparta; logo, está contra Ele,
pois que trilha senda oposta à que Ele traçou. Do mesmo modo, quem caminha por essa
senda reúne os tesouros que o Senhor reserva para os justos; quem dela se
desvia dissipa esses tesouros e perde precioso tempo. Eis por que também Ele
disse: “Quem comigo não entesoura dissipa”.
A blasfêmia consiste em
negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro àquele que é todo amor, ciência e
justiça, que é a verdade absoluta. Que crime se pode a este comparar?
Quanto ao pretender-se que,
por haver dito que o que blasfema contra o Espírito Santo não terá perdão na
eternidade, será réu de eterno delito, o divino Mestre haja formulado uma
ameaça de penas eternas, nenhum fundamento há para semelhante dedução. Para os
Hebreus, de acordo com seus preconceitos, tradições e escrituras, os termos
“eternidade”, “eterno”, “eternamente”, apresentavam dois sentidos, podiam ser
tomados em duas acepções diversas: um sentido absoluto, quando se referiam a
Deus; um sentido relativo, quando empregados com referência aos homens, caso em
que indicavam uma duração imensa, mas, por maior que fosse, limitada,
condicionada a ter fim. Veja-se, em confirmação do que dizemos: Êxodo, capítulo
15, versículo 18; Miqueias, capítulo 4, versículo 5; Esdras, capítulo 3,
versículo 3; Josué, capítulo 14, versículo 9; Isaías, capítulo 57, versículo
16. Foi, pois, em sentido relativo, querendo exprimir dilatadíssimo período de
tempo, como o concebemos, que Jesus usou daquelas palavras, falsamente
interpretadas pelos homens, quando lhes deram um sentido absoluto.
Quantas vezes não se
manifestam em nossas sessões Espíritos grandemente sofredores, por se sentirem
imensamente culpados, dizendo que se acham condenados a penas eternas, que seus
sofrimentos não mais terão fim? A existência, neles, dessa crença constitui um
dos meios providenciais de serem levados ao arrependimento. Com efeito, a
agudeza e a longa duração do sofrimento acabam consumindo as energias do
culpado para o mal. Cansado de sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores
sem fim, ele se volta para si mesmo, olha com desespero para o seu passado,
aprecia todos os crimes e faltas que o precipitaram no abismo e, afinal,
exclama: Se eu houvesse de recomeçar! Então, os bons Espíritos, sempre atentos
aos transviados, o impelem a ver como faria, se tivesse de recomeçar e o
induzem, assim, pouco a pouco ao arrependimento, fazendo-lhe nascer no íntimo a
esperança do perdão, esperança a cujo influxo o arrependimento se desenvolve e
se acentua o desejo de expiar, reparar e progredir, mediante provas adequadas a
esse efeito. E Deus lhe perdoa, concedendo-lhe a reencarnação, a fim de que,
pelo caminho da reparação se purifique e eleve.
Disse Jesus: “Meu pai não
quer que nenhum destes pequeninos pereça. Vim salvar o que estava perdido. Sede
perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus”. Essas palavras bem
mostram que não há Espírito culpado e rebelde, que não experimente o influxo
das leis imutáveis do progresso e do aperfeiçoamento, às quais todos os que se
transviaram são levados a obedecer, pelo sofrimento e pela expiação. Nenhum há
que, com o tempo e a reencarnação, deixe, ovelha tresmalhada, de voltar ao
aprisco.
Com o que disse acerca das
árvores boas e más, para frisar que pelo fruto é que se conhece a árvore, o
divino Mestre teve em mira, dirigindo-se a seus discípulos, ensinar-lhes a
conhecer os homens. Indubitavelmente, o homem de maus instintos praticará ações
más. Se, porém, fizer esforços por praticar o bem, podemos dizer que a árvore é
boa e ficar certos de que, se for cultivada melhor se tornará.
Versículos 36 e 37 de
Mateus. De acordo com o texto original, judiciosamente interpretado, não foi
palavra “ociosa” o que disse Jesus, mas: palavra “ímpia”. Usando do primeiro
desses termos, os tradutores naturalmente o fizeram para dar maior amplitude à
sentença do Mestre, que - então passou a abranger as conversações fúteis, e
mais que levianas e todos os excessos de linguagem. Pelo que toca ao dia do
julgamento, em que os homens prestarão contas, ver o texto evangélico relativo
às “cidades impenitentes”, do momento em que o Espírito culpado, após a sua
desencarnação, faz uma introspecção, observa a existência terrena de que acaba
de sair, aprecia seus crimes ou faltas e, tocado de remorso e arrependimento,
sofre a expiação, a que se segue, inevitavelmente, a reencarnação.
O irmão, a irmã e a mãe de Jesus são os
que fazem a vontade de seu pai, ouvindo a palavra de Deus e pondo-a em prática
(Mateus,
12:46-50; Lucas, 8:19-21)
31.
Sua mãe e seus irmãos, tendo vindo e ficado do lado de fora, o mandaram chamar.
32. Ora, como a multidão o cercasse, alguém lhe disse: “Olha que tua mãe e teus
irmãos, te procuram. 33. Ao que perguntou Ele: Quem é minha mãe e quais são os
meus irmãos? 34. E, olhando para os que se achavam sentados ao redor de si,
disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; 35, porquanto, aquele que fizer a
vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Não estando ligado a Maria
por nenhum laço humano, Jesus mostrou aos homens os sentimentos de fraternidade
e de amor que os devem unir. Qual poderia ser, de fato, o desejo do bom pastor,
que vinha à procura das ovelhas tresmalhadas do seu rebanho? Qual poderia ser o
seu objetivo? Reuni-las em torno de si. Todas, fossem quais fossem, eram e são
dele bem-amadas.
Efetivamente, nenhum grau de
parentesco humano havia entre Jesus, Maria e José, porquanto, Ele se achava
apenas revestido de um corpo aparentemente humano, de um corpo fluídico, que,
pelo poder da sua vontade e da sua sabedoria, se tornava visível e tangível,
conforme as necessidades da sua missão. Trazia um corpo “celeste”, na expressão
de Paulo, tendo sido a sua concepção, por Maria, obra do Espírito Santo, como
também já explicamos e deve ser entendido.
Por essa explicação ficou
patente que Maria não concebeu, não deu à luz filho algum, se conservou sempre
virgem, pura e imaculada, sem que, na realidade, o aparecimento do nosso
Salvador na Terra tenha apresentado o que quer que seja de milagroso ou de
sobrenatural. Assim sendo, é claro que também nenhum grau de parentesco humano
havia entre Ele e os que eram considerados seus irmãos, cumprindo ainda se advirta
que, em hebreu, a palavra irmão — tinha várias acepções. Significava, ao mesmo
tempo, o irmão propriamente dito, o primo coirmão, o simples parente.
SAYÃO, Antonio Luiz. Elucidações evangélicas. FEB (e-book).
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