Evangelho segundo Marcos - cap. 3

Cura de uma mão paralítica, em dia de sábado

(Mateus, 12:9-14; Lucas, 6:6-11)

1. Jesus entrou de novo na sinagoga. Como aí se achasse um homem que tinha seca uma das mãos, 2. Eles se puseram de observação para ver se Jesus o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. 3. Disse então Jesus ao homem que tinha a mão seca: Vem aqui para o meio. 4. E perguntou: É permitido em dia de sábado fazer o bem ou o mal, salvar ou tirar uma vida? Eles se calaram. 5. Perpassando então por eles o olhar, tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão; o homem a estendeu e ela ficou sã. 6. Os fariseus se retiraram logo e, com os Herodistas, fizeram um conciliábulo buscando meio de o perderem.

Quanto aos escribas e fariseus, Jesus não os olhou “tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus corações”, conforme se lê nas narrativas evangélicas. O pensamento, que essas palavras humanas mal exprimiram, é que o divino Mestre se doía de vê-los resistir voluntariamente aos esforços que Ele empregava para salvá-los.

A cólera jamais entrou, nem poderia entrar, no coração do Cristo. Os escribas e os fariseus eram Espíritos culpados que, empedernidos, fechavam os olhos para não ver a luz que o Senhor lhes oferecia e o Senhor com isto 219 sofria realmente, se afligia e indignava ante tal obstinação. Não sofrem os nossos anjos de guarda com o nosso endurecimento? Mas, como os fariseus e os escribas, temos o nosso livre-arbítrio, que não pode ser violentado, como não o foi o deles, uma vez que, enviando à Terra o Messias, Deus a todos abriu uma nova via de purificação e redenção.

Seus anjos guardiães faziam por eles o que por nós fazem os nossos. Eles, porém, os repeliam, do mesmo modo que nós muitas vezes repelimos os nossos, no pleno gozo do livre-arbítrio que o Pai nos concedeu. Com efeito, decorridos que são 20 séculos, ainda hoje ocorre mais ou menos o mesmo que se dava naqueles tempos.

De fato, assim como os escribas, os fariseus e o sacerdócio hebreu combatiam a revelação messiânica, que era a confirmação da revelação mosaica, também os fariseus e os escribas de hoje e o sacerdócio romano guerreiam a revelação espírita, que é a confirmação da messiânica. Ontem, as fogueiras; hoje, os insultos e os sarcasmos.

Entretanto, libertos, como já nos achamos, do terror dos anátemas, use cada um da sua inteligência, da sua razão e do seu livre-arbítrio e compare o que ensina a Igreja Romana com o que ensina a Doutrina Espírita, e por si mesmo decida, em face dos Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nomes dos apóstolos. Suas vocações

(Mateus, 10:2-4; Lucas, 6:12-16)

13. Subindo a um monte, chamou Jesus a si os que quis e esses acudiram ao chamado. 14. Designou doze para estarem com ele e para serem enviados a pregar. 15. E a exercer a autoridade de expelir demônios. 16. A saber: Simão, a quem deu o nome de Pedro. 17. Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais chamou Boanerges, que significa filhos do trovão. 18. André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão Cananeu. 19, e Judas Iscariotes, que o traiu.

Quanto à escolha dos apóstolos, presidiu a essa escolha, bem como à distribuição dos nomes que lhes deu o divino Mestre, o caráter de cada um deles e a natureza da missão que a cada um tocaria.

Entre os doze escolhidos estava Judas Iscariotes, que traiu a Jesus. Era um Espírito elevado em inteligência, mas que, pedindo para assistir o Mestre, tomara a si missão superior às suas forças, do que resultou falir.

Na continuação destes estudos, veremos qual foi o seu procedimento ulterior e como se deu a sua reabilitação.

Subjugado. Cego e mudo por efeito da subjugação. Blasfêmias dos fariseus. Reino dividido

20. Entraram em casa e aí se aglomerou tão grande multidão, que nem sequer podiam comer. 21. Ao saberem disso os parentes de Jesus vieram para se apoderarem dele, dizendo que perdera o juízo. 22. Os escribas vindos de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu e expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios. 23. Jesus, porém, tendo-os chamado, lhes dizia por parábolas: Como pode Satanás expulsar a Satanás? 24. Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. 25. Se uma casa está dividida contra si mesma, não pode subsistir. 26. Se, pois, Satanás se rebelar contra si mesmo, estará dividido, não poderá subsistir e terá fim.

Aquele homem, tido como “possesso do demônio”, estava subjugado por um Espírito mau que, combinando com os dele os fluídos do seu perispírito e lançando-lhe, sobre os órgãos da visão e da audição, fluídos apropriados a esse efeito, paralisara aqueles órgãos. Jesus o curou pela ação da sua vontade potentíssima, afastando o obsessor.

A subjugação que ele sofria era, como todas, em geral, uma expiação. Seu Espírito expiava graves abusos da palavra, anteriormente praticados, e o não ter sabido aproveitar-se da luz que lhe fora concedida. A multidão, maravilhada com o fato, inquiria: Porventura, é este o filho de Davi? É que predito fora que o maior dos profetas descenderia da linhagem de Davi.

As palavras que dirigiu aos escribas e fariseus, bem como as que a seu respeito proferiram os que eram considerados seus parentes, tinham um alcance tanto espírita, quanto evangélico, isto é, foram ditas como ensino para aquele momento e como lição a frutificar na época atual, da nova revelação. As épocas, conforme o sabemos, se ligam umas às outras e, quanto mais nos adiantarmos, tanto melhor compreenderemos a ligação que existe entre o aparecimento de Jesus na Terra e a presente manifestação dos Espíritos.

O aparecimento de Jesus entre os homens, segundo já explicamos, com o governador do planeta terráqueo e diretor da Humanidade que o habita, foi uma manifestação espírita. Ele desceu até nós, para lançar as bases da nova regeneração. Pois bem, atualmente, assistimos a outra manifestação espírita, produzida pelos Espíritos que, como enviados do Mestre, vêm continuar e desenvolver-lhe a obra.

Belzebu, Satanás, Príncipe dos demônios são expressões figuradas de que Jesus usava, para se fizer compreendido e escutado. Designavam e designam os Espíritos maus que, tendo falido, perseveram, endurecidos, na senda do mal, a praticarem-no contra os homens.

Os filhos daqueles que o acusavam de obrar por Belzebu e aos quais o Mestre se referia, dizendo que seriam juízes dos seus acusadores, eram os que, entre os Hebreus, seguiam de coração a lei de Moisés, tendo em vista servir a Deus, os quais, já um tanto purificados e colocados acima de seus pais, conseguiam, algumas vezes, por meio da prece e da perseverança, afastar os Espíritos malfazejos que se manifestavam pela obsessão e pela subjugação.

Os homens de então, como os de hoje, os Escribas e os Fariseus de agora, como os daquele tempo, negam tudo o que não compreendem e condenam o que os incomoda, ou lhes fere o orgulho. Jesus era acusado pelos seus contemporâneos de obrar por influência demoníaca. É precisamente o que diz o sacerdócio romano, diante dos fatos espíritas. A resposta, porém, deve ser a mesma que Jesus dava aos seus injuriadores: “Nenhum reino que se divide contra si mesmo pode subsistir”.

Do mesmo modo que alguns filhos dos Hebreus, também podemos livrar alguns dos nossos irmãos encarnados da ação dos que, no plano invisível, se fizeram agentes das trevas, desde que nos elevemos e purifiquemos, saibamos valer-nos da prece e obremos com perseverança.

A expressão “espírito de Deus” considerada em relação a Jesus, significa a influência direta que o Pai exercia e exerce sobre Ele. Em relação a nós, devemos considerá-la como exprimindo a dos Espíritos purificados, que o Senhor nos envia como medianeiros entre a sua vontade e os nossos Espíritos. Deus só se comunica diretamente com os Espíritos puros, de pureza perfeita, aos quais incumbe de presidir à formação dos orbes e de lhes dirigir as respectivas humanidades, em seu progresso moral e científico. Só esses Espíritos podem aproximar-se do foco universal; só a eles cabe com exatidão o nome de “servos do Senhor”.

Mas, através da escala espírita, até nós desce o “Espírito de Deus”. Ë para que ele chegue a todos os homens que, ontem, os apóstolos, discípulos de Jesus, desobstruíram as sendas que Ele traçara para passarmos, rumo às altas culminâncias da espiritualidade, e que, hoje, com a nova revelação, recebemos a luz de que necessitamos para, com os corações inundados dela, podermos avançar por aquelas sendas.

Ao saberem disso, os parentes de Jesus vieram para prendê-lo, dizendo que perdera o juízo. Os Hebreus, pelo consórcio dos de uma tribo com os de outra, eram parentes quase todos, ou como tais se consideravam. Assim que, Jesus, aos olhos dos homens, estava rodeado de primos mais ou menos próximos.

Ora, esses parentes, segundo os quais Jesus procedia do mesmo tronco que eles, não podiam admitir que aquele se elevasse tão alto, que instituísse apóstolos, e saíram a prendê-lo, sob o fundamento de que perdera a razão e estava louco. Bem dissera o Mestre que ninguém é profeta na sua terra.

Dá-se hoje o mesmo que com ele se deu. O clero qualifica de demoníaca a Doutrina Espírita; os modernos escribas e fariseus chamam loucos e desequilibrados aos espíritas, tendo chegado mesmo a arranjar uma lei punitiva da prática do Espiritismo! Diante disso, que devemos fazer? Exemplificar pela prática das boas obras, da humildade e da paciência, da doçura e da indulgência, da pureza de sentimentos, e avançar corajosamente pelo caminho que nos está traçado, certos de que o Cristo vela por nós e nos protege. Temos, como prepostos seus, a nos guiarem pela estrada que a Ele conduz, os bons Espíritos, os Espíritos de luz e de misericórdia.

O forte armado. Pecado remido. Blasfêmia contra o Espírito Santo. Tesouro do coração. Palavra Ímpia

(Mateus, 12:29-37; Lucas, 11:21-23; 12:10)

27. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e lhe roubar as alfaias, se antes o não manietar; só depois disso conseguirá pilhar-lhe a casa. 28. Em verdade vos digo que aos filhos dos homens serão perdoados todos os pecados que hajam cometido e todas as blasfêmias que tenham proferido; 29, mas aquele que houver blasfemado contra o Espírito Santo não terá perdão na eternidade, será réu de eterno delito. 30. Jesus falava assim, porque diziam: Ele está possesso de um espírito impuro.

A fim de apreendermos o pensamento do Mestre através da linguagem de que Ele usava, precisamos despojar da letra o espírito, para o que mister se faz compreendamos bem o sentido verdadeiro destas palavras suas ditas especialmente aos que são chamados a receber a revelação nova: “O espírito é que vivifica; as palavras que vos digo são espírito e vida”.

Dizendo o que se lê no capítulo 12, versículo 29 de Mateus e capítulo 3, versículo 27 de Marcos, alude Jesus ao pecado que, por suas seduções, se apodera do homem e o despoja de todas as virtudes. Eram, pois, palavras emblemáticas.

Pelas do capítulo 11, versículo 21 de Lucas, vemos que precisamos estar vigilantes sobre a nossa consciência, a fim de nos acharmos sempre prontos a combater os maus instintos e pendores e as paixões más. Se deixamos de conservar-nos cautelosamente em guarda e ativos na prática do bem, os vícios penetram em nosso coração e nos tomam uma a uma as armas. Porque, não basta deixar de praticar o mal; é necessário praticar o bem, que só ele nos resguarda de cairmos no mal. Com efeito, que é, senão egoísta e orgulhoso, aquele que falta à caridade? Que é, senão ímpio, aquele que se esquece do seu Deus? O mesmo se dá com todas as virtudes que não são praticadas. Tomam-lhes o lugar os vícios que elas, se cultivadas, teriam destruído.

As do capítulo 11, versículo 22 de Lucas completam a figura material que o divino Mestre compusera para a inteligência dos Hebreus. Sem dúvida, os vícios que substituam as virtudes no coração daquele que se tornou descuidoso e não tirou proveito delas antes de serem destruídas, para aproveitarem da sua destruição despojam as ditas virtudes do asilo que lhes fora preparado e nele se alojam.

Quem não está comigo está contra mim. (capítulo 12 versículo 30 de Mateus.) Quer isto dizer: quem não segue a lei do Cristo, isto é, a doutrina moral de que Ele é a personificação, dela se aparta; logo, está contra Ele, pois que trilha senda oposta à que Ele traçou. Do mesmo modo, quem caminha por essa senda reúne os tesouros que o Senhor reserva para os justos; quem dela se desvia dissipa esses tesouros e perde precioso tempo. Eis por que também Ele disse: “Quem comigo não entesoura dissipa”.

A blasfêmia consiste em negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro àquele que é todo amor, ciência e justiça, que é a verdade absoluta. Que crime se pode a este comparar?

Quanto ao pretender-se que, por haver dito que o que blasfema contra o Espírito Santo não terá perdão na eternidade, será réu de eterno delito, o divino Mestre haja formulado uma ameaça de penas eternas, nenhum fundamento há para semelhante dedução. Para os Hebreus, de acordo com seus preconceitos, tradições e escrituras, os termos “eternidade”, “eterno”, “eternamente”, apresentavam dois sentidos, podiam ser tomados em duas acepções diversas: um sentido absoluto, quando se referiam a Deus; um sentido relativo, quando empregados com referência aos homens, caso em que indicavam uma duração imensa, mas, por maior que fosse, limitada, condicionada a ter fim. Veja-se, em confirmação do que dizemos: Êxodo, capítulo 15, versículo 18; Miqueias, capítulo 4, versículo 5; Esdras, capítulo 3, versículo 3; Josué, capítulo 14, versículo 9; Isaías, capítulo 57, versículo 16. Foi, pois, em sentido relativo, querendo exprimir dilatadíssimo período de tempo, como o concebemos, que Jesus usou daquelas palavras, falsamente interpretadas pelos homens, quando lhes deram um sentido absoluto.

Quantas vezes não se manifestam em nossas sessões Espíritos grandemente sofredores, por se sentirem imensamente culpados, dizendo que se acham condenados a penas eternas, que seus sofrimentos não mais terão fim? A existência, neles, dessa crença constitui um dos meios providenciais de serem levados ao arrependimento. Com efeito, a agudeza e a longa duração do sofrimento acabam consumindo as energias do culpado para o mal. Cansado de sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores sem fim, ele se volta para si mesmo, olha com desespero para o seu passado, aprecia todos os crimes e faltas que o precipitaram no abismo e, afinal, exclama: Se eu houvesse de recomeçar! Então, os bons Espíritos, sempre atentos aos transviados, o impelem a ver como faria, se tivesse de recomeçar e o induzem, assim, pouco a pouco ao arrependimento, fazendo-lhe nascer no íntimo a esperança do perdão, esperança a cujo influxo o arrependimento se desenvolve e se acentua o desejo de expiar, reparar e progredir, mediante provas adequadas a esse efeito. E Deus lhe perdoa, concedendo-lhe a reencarnação, a fim de que, pelo caminho da reparação se purifique e eleve.

Disse Jesus: “Meu pai não quer que nenhum destes pequeninos pereça. Vim salvar o que estava perdido. Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus”. Essas palavras bem mostram que não há Espírito culpado e rebelde, que não experimente o influxo das leis imutáveis do progresso e do aperfeiçoamento, às quais todos os que se transviaram são levados a obedecer, pelo sofrimento e pela expiação. Nenhum há que, com o tempo e a reencarnação, deixe, ovelha tresmalhada, de voltar ao aprisco.

Com o que disse acerca das árvores boas e más, para frisar que pelo fruto é que se conhece a árvore, o divino Mestre teve em mira, dirigindo-se a seus discípulos, ensinar-lhes a conhecer os homens. Indubitavelmente, o homem de maus instintos praticará ações más. Se, porém, fizer esforços por praticar o bem, podemos dizer que a árvore é boa e ficar certos de que, se for cultivada melhor se tornará.

Versículos 36 e 37 de Mateus. De acordo com o texto original, judiciosamente interpretado, não foi palavra “ociosa” o que disse Jesus, mas: palavra “ímpia”. Usando do primeiro desses termos, os tradutores naturalmente o fizeram para dar maior amplitude à sentença do Mestre, que - então passou a abranger as conversações fúteis, e mais que levianas e todos os excessos de linguagem. Pelo que toca ao dia do julgamento, em que os homens prestarão contas, ver o texto evangélico relativo às “cidades impenitentes”, do momento em que o Espírito culpado, após a sua desencarnação, faz uma introspecção, observa a existência terrena de que acaba de sair, aprecia seus crimes ou faltas e, tocado de remorso e arrependimento, sofre a expiação, a que se segue, inevitavelmente, a reencarnação.

O irmão, a irmã e a mãe de Jesus são os que fazem a vontade de seu pai, ouvindo a palavra de Deus e pondo-a em prática

(Mateus, 12:46-50; Lucas, 8:19-21)

31. Sua mãe e seus irmãos, tendo vindo e ficado do lado de fora, o mandaram chamar. 32. Ora, como a multidão o cercasse, alguém lhe disse: “Olha que tua mãe e teus irmãos, te procuram. 33. Ao que perguntou Ele: Quem é minha mãe e quais são os meus irmãos? 34. E, olhando para os que se achavam sentados ao redor de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; 35, porquanto, aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Não estando ligado a Maria por nenhum laço humano, Jesus mostrou aos homens os sentimentos de fraternidade e de amor que os devem unir. Qual poderia ser, de fato, o desejo do bom pastor, que vinha à procura das ovelhas tresmalhadas do seu rebanho? Qual poderia ser o seu objetivo? Reuni-las em torno de si. Todas, fossem quais fossem, eram e são dele bem-amadas.

Efetivamente, nenhum grau de parentesco humano havia entre Jesus, Maria e José, porquanto, Ele se achava apenas revestido de um corpo aparentemente humano, de um corpo fluídico, que, pelo poder da sua vontade e da sua sabedoria, se tornava visível e tangível, conforme as necessidades da sua missão. Trazia um corpo “celeste”, na expressão de Paulo, tendo sido a sua concepção, por Maria, obra do Espírito Santo, como também já explicamos e deve ser entendido.

Por essa explicação ficou patente que Maria não concebeu, não deu à luz filho algum, se conservou sempre virgem, pura e imaculada, sem que, na realidade, o aparecimento do nosso Salvador na Terra tenha apresentado o que quer que seja de milagroso ou de sobrenatural. Assim sendo, é claro que também nenhum grau de parentesco humano havia entre Ele e os que eram considerados seus irmãos, cumprindo ainda se advirta que, em hebreu, a palavra irmão — tinha várias acepções. Significava, ao mesmo tempo, o irmão propriamente dito, o primo coirmão, o simples parente.

SAYÃO, Antonio Luiz. Elucidações evangélicas. FEB (e-book). 

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