O sábado foi feito para o homem e não o
homem para o sábado. Deus, sempre indulgente com as suas criaturas fracas e
falíveis, lhes faculta o arrependimento e a reparação
(Mateus,
12:1-8; Marcos, 2:23-28)
1. Ora, sucedeu que num dia
de sábado chamado o segundo primeiro, passando Jesus por uns trigais, seus
discípulos se puseram a cortar algumas espigas, a debulhá-las com as mãos e a
comê-las. 2. Alguns fariseus então lhes disseram: Por que fazeis o que não é
permitido fazer-se aos sábados? 3. Jesus, tomando a palavra, lhes disse: Não
lestes o que fez Davi quando, com os que o acompanhavam, teve fome? 4. Como
entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, os comeu e distribuiu com
os de seu séquito, muito embora só aos sacerdotes fosse licito comê-los? 5. E
acrescentou: O filho do homem é senhor também do sábado.
Moisés instituiu a guarda do
sábado apenas para que não só os homens, como também os animais tivessem
periodicamente um dia reservado ao descanso. Esse dia, que então se chamava o segundo
primeiro, era o segundo sábado da primeira parte do mês.
Quanto aos pães da
proposição, que só os sacerdotes podiam comer, eram os que se ofereciam ao
altar.
Segundo a lei, os Hebreus,
no dia de sábado, deviam abster-se de todos os atos manuais, de tocar em
qualquer metal.
Ora, lembrando aos fariseus o que fizera Davi com aqueles pães e que, no templo, os sacerdotes, cumprindo os ritos do culto, violavam o sábado, Jesus lhes quis mostrar que assim os pães, como o sábado, estavam submetidos às necessidades humanas e que, portanto, o homem tinha o direito de alimentar-se, em qualquer dia, com o que Deus lhe pusera à disposição, para satisfazer aos reclamos da sua existência.
Recordando-lhes as palavras,
que eles não haviam compreendido: “Quero misericórdia e não sacrifício”,
procurou fazer-lhes sentir que Deus, sempre indulgente com as suas criaturas
fracas e falíveis, lhes dá a faculdade de se arrependerem e repararem suas
faltas, contrariamente ao que faziam aqueles que condenavam os acusados de
sacrilégio e sob o menor pretexto mandavam lapidá-los sem piedade. E dizer-se
que, depois dessas observações claras do Mestre divino, inúmeros horrores e
atrocidades inenarráveis ainda se cometeram em seu nome! E ainda se cometem...
A instituição do sábado,
como tantas outras práticas e usos de culto externo, como tantas e tantas
cerimônias com que o homem ocupa tão larga parte do seu tempo, nenhuma
importância ou valor têm, para aquele que queira compreender em espírito e
verdade o que disse Jesus.
Mas,
virá o tempo e já veio em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e verdade; esses os adoradores que o Pai quer. Deus é espírito e, os
que o adoram, em espírito e verdade é que o devem adorar. (JOÃO, capítulo 4,
versículos 23 e 24.)
Mulher,
crê-me, virá tempo em que não será neste monte, nem em Jerusalém que adorareis
o Pai. (JOÃO, capítulo 4, versículo 21.)
Com efeito, chegados são os
tempos em que os homens deverão unir-se, para formarem, pela fé espírita, ou
cristã, um só rebanho, sob o mando de um único pastor: o Cristo, nosso
Protetor, nosso Governador e nosso Mestre.
Reservemos um dia para o
descanso do corpo, mas consagremo-lo de modo especial a Deus, santificando-o,
ainda mais, se possível, do que os outros dias da nossa existência, pela
prática de obras que atestem o nosso amor aos outros homens e ao Pai celestial
e pelas graças que lhe rendamos, reconhecidos à sua misericórdia.
Santifiquemo-lo também, implorando a Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda com mais
fervor do que nunca, que nos fortaleça a fé, vivifique em nossas almas a
esperança e as encha do sentimento da caridade; que nos envie um raio da sua
luz divina, a fim de bem compreendermos e praticarmos os seus ensinamentos,
demonstrando, por essa forma, que desejamos ser fiéis discípulos seus.
Tenhamos um dia em que os
nossos corpos repousem dos trabalhos que os fatigam; mas, não deixemos que
jamais os nossos corações repousem, esquecidos do bem que lhes cumpre fazer.
Cura de uma mão paralítica, em dia de
sábado
(Mateus,
12:9-14; Marcos, 6:6-11)
6.
Entrando num outro sábado na sinagoga, começou a ensinar. Lá estava um homem
cuja mão direita era seca. 7. Os escribas e os fariseus o observavam para ver
se ele curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. 8. Jesus, conhecendo-lhes
os pensamentos, disse ao homem, que tinha a mão seca: Levanta-te e fica de pé
aqui no meio. O homem se levantou e ficou de pé. 9. Disse então Jesus:
Pergunto-vos: É licito em dia de sábado fazer o bem ou o mal, salvar a vida ou
tirá-la? 10. Depois de olhar para todos, disse ao homem: Estende a tua mão; ele
a estendeu e esta ficou sã. 11. Cheios de furor, os escribas e fariseus
perguntavam uns aos outros o que fariam a Jesus.
Quanto aos escribas e
fariseus, Jesus não os olhou “tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus
corações”, conforme se lê nas narrativas evangélicas. O pensamento, que essas
palavras humanas mal exprimiram, é que o divino Mestre se doía de vê-los
resistir voluntariamente aos esforços que Ele empregava para salvá-los.
A cólera jamais entrou, nem
poderia entrar, no coração do Cristo. Os escribas e os fariseus eram Espíritos
culpados que, empedernidos, fechavam os olhos para não ver a luz que o Senhor
lhes oferecia e o Senhor com isto 219 sofria realmente, se afligia e indignava
ante tal obstinação. Não sofrem os nossos anjos de guarda com o nosso
endurecimento? Mas, como os fariseus e os escribas, temos o nosso
livre-arbítrio, que não pode ser violentado, como não o foi o deles, uma vez
que, enviando à Terra o Messias, Deus a todos abriu uma nova via de purificação
e redenção.
Seus anjos guardiães faziam
por eles o que por nós fazem os nossos. Eles, porém, os repeliam, do mesmo modo
que nós muitas vezes repelimos os nossos, no pleno gozo do livre-arbítrio que o
Pai nos concedeu. Com efeito, decorridos que são 20 séculos, ainda hoje ocorre
mais ou menos o mesmo que se dava naqueles tempos.
De fato, assim como os
escribas, os fariseus e o sacerdócio hebreu combatiam a revelação messiânica,
que era a confirmação da revelação mosaica, também os fariseus e os escribas de
hoje e o sacerdócio romano guerreiam a revelação espírita, que é a confirmação
da messiânica. Ontem, as fogueiras; hoje, os insultos e os sarcasmos.
Entretanto, libertos, como
já nos achamos, do terror dos anátemas, use cada um da sua inteligência, da sua
razão e do seu livre-arbítrio e compare o que ensina a Igreja Romana com o que
ensina a Doutrina Espírita, e por si mesmo decida, em face dos Evangelhos de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
A escolha dos doze apóstolos
(Mateus,
10:2-4; Marcos, 3:13,14; 16-19)
12.
A esse tempo, tendo Jesus subido a um monte para orar, lá passou toda a noite
orando a Deus. 13. Quando amanheceu, chamou os discípulos, escolheu, dentre
eles, doze, a que chamou apóstolos: 14. Simão, a quem cognominou de Pedro, e
André seu irmão, Tiago e João, Filipe e Bartolomeu; 15, Mateus e Tomé, Tiago,
filho de Alfeu, e Simão chamado o Zeloso. 16. Judas, irmão de Tiago, e Judas
Iscariotes, que foi o traidor.
Quanto à escolha dos
apóstolos, presidiu a essa escolha, bem como à distribuição dos nomes que lhes
deu o divino Mestre, o caráter de cada um deles e a natureza da missão que a
cada um tocaria.
Entre os doze escolhidos
estava Judas Iscariotes, que traiu a Jesus. Era um Espírito elevado em
inteligência, mas que, pedindo para assistir o Mestre, tomara a si missão
superior às suas forças, do que resultou falir.
Na continuação destes
estudos, veremos qual foi o seu procedimento ulterior e como se deu a sua
reabilitação.
Descida do monte. Curas
17.
Jesus em seguida desceu com eles do monte e se deteve numa planície, cercado
dos discípulos e de grande multidão de gente de toda a Judeia, de Jerusalém e
das regiões marítimas de Tiro e de Sidônía. 18, gente que viera para ouvi-lo e
para ser curada de suas enfermidades. Eram também curados os que se achavam possessos
de Espíritos imundos. 19. Todos procuravam tocá-lo, porque dele saia uma
virtude que a todos curava. Relativamente à cura, de que
aqui se trata, das enfermidades e ao afastamento dos Espíritos obsessores, nada
temos que acrescentar ao que deixamos dito com referência a outras obras da
mesma natureza, praticadas por Jesus.
Também da virtude que dele
saía já falamos suficientemente. Constituíam essa virtude os fluídos que, por
ato da sua vontade e por efeito do seu poder magnético, Ele dirigia sobre os
enfermos, especialmente sobre os que se lhe aproximavam.
Sermão do monte
(Mateus,
5:1-12)
20.
Jesus, dirigindo o olhar para seus discípulos, dizia: “Bem-aventurados vós, que
sois pobres, porque vosso é o reino de Deus. 21. Bem-aventurados vós, que agora
tendes fome, porque sereis saciados; bem-aventurados vós, que agora chorais,
porque rireis. 22. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando
vos separarem, quando vos carregarem de injúrias, quando rejeitarem como mau o
vosso nome por causa do filho do homem. 23. Rejubilai nesse dia e exultai, pois
que grande recompensa vos está reservada no céu, porquanto assim é que os pais
deles trataram os profetas. 24. Ai, porém, de vós, que sois ricos, pois que
tendes a vossa consolação no mundo. 25. Ai de vós, que estais saciados, pois
que vireis a ter fome! Ai de vós os que rides agora, pois que gemereis e
chorareis! 26. Ai de vós quando vos louvarem os homens, porquanto é o que os
pais deles faziam aos falsos profetas.
Ia o Senhor percorrendo toda
a Galileia, a ensinar nas Sinagogas, a pregar o Evangelho e a curar os
enfermos, com a virtude que dele saía, isto é, com os fluídos que, por ato da
sua vontade e do seu poder magnético, dirigia sobre os doentes e sobre os que
se lhe aproximavam. De todos os lugares grande multidão acorria: da Galileia,
de Decápolis, de Jerusalém, de toda a costa do mar, da Iduméia, de Tiro, de
Sídon e da parte de além Jordão. Toda essa gente seguia os passos do Redentor,
para ouvi-lo, para vê-lo expelir os Espíritos impuros e curar as enfermidades.
Um dia, em que o ajuntamento
era enorme, Jesus atravessou a turba, e, afastando-se dela, subiu a um monte,
onde passou a noite em oração. Ao amanhecer, como viesse descendo, encontrou à
sua espera grande parte do povo que o acompanhara ali. Parou então à meia
encosta do monte e, dirigindo-se a seus discípulos, fez a prédica das
bem-aventuranças, em a qual sintetizou a maneira de alcançarmos o “reino dos
céus”, ou a suprema perfeição moral, isto é, pela prática do trabalho, do amor
e da caridade, assim no que seja de ordem física e material, como no que
pertença à ordem moral e intelectual. Algumas de suas palavras, porém, nessa
prédica, não têm sido bem compreendidas.
Disse o Mestre:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Quais
são os “pobres de espírito?“ São os que os homens assim chamam, porque,
despidos de orgulho e de vaidade, reconhecendo que tudo devem ao seu Criador,
que nada possuem, de si e por si mesmos, nenhum apego têm aos bens do mundo, cuja
privação nenhum sofrimento lhes causa. Caminham livre e despreocupadamente, por
não temerem os assaltos dos ladrões de qualquer espécie, sempre confiantes na
bondade e na proteção do Pai celestial. São, em suma, os simples e humildes.
Disse também: sereis
felizes, quando vos injuriarem e perseguirem. Exultai, que copioso será o vosso
galardão no céu, pois que assim perseguiram os profetas.
Os espíritas podem
considerar-se imunes contra todos os insultos que lhes forem lançados. Estes
recairão sobre os que os lançarem, desde que eles exemplifiquem, pelo seu
procedimento público e privado, a crença que professam, sobretudo mostrando-se
bons e caridosos para com todos os seus irmãos. Muitos até lucrarão, se se
virem excluídos do convívio e do contacto dos que formam as culminâncias
sociais, os quais somente pelo orgulho se distinguem.
Entretanto, precisam
compreender bem os graves deveres que correm a todo aquele que se diz espírita,
a fim de não caírem nos abusos, que muitos praticam sob a capa do Espiritismo e
que, em parte, legitimam as alegações e imputações dos inimigos de tão santa
doutrina.
A apóstrofe que o justo e
meigo Pastor proferiu se aplica aos que, tudo sacrificando à posse dos bens
terrenais, vivem no luxo e na ostentação, indiferentes aos sofrimentos dos
desgraçados e olham com desprezo as verdades santas. Esses infelizes, regra
geral, são os que ocupam os lugares mais salientes, nos centros ditos de maior
e mais apurada civilização. Infelizes, de fato, porque ignoram e não querem
saber que muitos dos que hoje arrastam os andrajos da miséria, em outras
encarnações insultaram a Humanidade, com a mesma ostentação e o mesmo orgulho.
Quão difícil, entretanto, há
de ser, por muito tempo ainda, a divulgação destes ensinamentos salvadores,
únicos capazes de restituir à religião o grande papel que lhe cumpre
desempenhar na realização dos destinos do gênero humano, desde que o
Catolicismo proíbe aos seus fiéis o conhecimento deles, ao mesmo tempo em que
se nega a ensinar a verdade, se furta às discussões e cada vez maiores mostras
dá de intolerância e de simonia, ao ponto de deixar sem contestação alguma a
afirmativa, feita em publicações bastante espalhadas, de que papas houve que
estabeleceram tarifas de absolvições para os mais hediondos crimes! Todos são
testemunhas de como procede o sacerdócio romano na prática do Evangelho, de
cuja propagação ele se diz exclusivamente incumbido pelo divino Mestre.
Fora inútil repetir o que
todos sabem, até por observação ocular, relativamente ao proceder desses falsos
profetas, que o são, realmente, porquanto, conhecendo a verdade, a ocultam,
para terem a seus pés, submisso, o povo; porque, compreendendo a verdade,
fogem, por orgulho, de a ela se submeterem e exalçam o erro.
Ai deles, disse o justo e
meigo Pastor, referindo-se aos daquela época e o diz hoje, novamente, quando
não menor é o número dos falsos profetas.
Amar os inimigos. Amor e caridade para
com todos. Via da perfeição
(Mateus,
5:43-48)
27.
Mas, digo eu a todos vós que me escutais: amai os vossos inimigos; fazei bem
aos que vos odeiam; 28, abençoai os que vos amaldiçoam; orai pelos que vos
caluniam. 32. Se não amardes senão os que vos amam, que mérito tereis, uma vez
que os pecadores também amam os que os amam? 33. Se só fizerdes o bem aos que
bem vos fazem, que mérito tereis, uma vez que os pecadores procedem do mesmo
modo? 34. Se só emprestardes aqueles de quem esperais receber, que mérito
tereis, uma vez que os pecadores também emprestam a pecadores, contando receber
outro tanto? 35. Amai, portanto, os vossos inimigos; fazei bem a todos e
emprestai sem esperar pagamento. Vossa recompensa então será muito grande e
sereis filhos do Altíssimo, que é benevolente para com os ingratos e os maus. 36.
Sede, pois, misericordiosos como vosso Pai é misericordioso.
Obedeçamos à lei do amor, em
tudo e para com todos, conhecidos e desconhecidos, amigos e inimigos: tal o
ensino de Jesus, constante nesses trechos evangélicos, que assim se conjugam
com aqueles outros que referem haver o mesmo Jesus dito Sede perfeitos, como o
vosso Pai celestial é perfeito, isto é, cultivai e praticai com sinceridade
todas as virtudes que vos são ensinadas e exemplificadas, a fim de que vos
aproximeis daquele que é a perfeição absoluta.
Para o conseguirmos, temos
hoje o Espiritismo, a revelação nova, a revelação da revelação, novo
transbordamento da bondade de Deus para com os homens, como luz brilhante que
nos guiará os passos, rumo ao seio infinito do Pai, dando-nos a compreensão
nítida das palavras evangélicas e facultando-nos, em consequência, atingir a
meta que nos é proposta. A jornada é longa e áspera e semeado de perigos e
dificuldades o caminho, mas o porto de chegada é prodigioso de venturas e
esplendores. Avante, pois!
Justiça. Amor e caridade
(Mateus,
7:12)
31. Fazei
aos homens o que quereis que eles vos façam.
Ama o teu próximo como a ti
mesmo. O teu próximo, qualquer que ele seja, conhecido ou desconhecido, amigo
ou inimigo, é teu irmão, pois que é filho do mesmo Pai, que está nos céus.
Procede com ele, como quererias que procedesse contigo, em tudo e por tudo.
Presta-lhe todo auxilio que estiver dentro das tuas possibilidades, dos meios
de que disponhas e das faculdades que possuas: pela palavra, pelos atos e pelos
pensamentos. Ajuda-o de todas as formas: com o coração, com a bolsa, com os
braços, com a inteligência.
É isto o que significam as
palavras que acima se leem, ditas por Nosso Senhor Jesus Cristo.
O argueiro e a trave
(Mateus,
7:1-7)
37.
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados; 38, dai e se vos dará e no vosso regaço será
derramada uma boa medida, cheia, atestada, a extravasar; porquanto para vos
medir servirá a mesma medida com que houverdes medido os outros. 41. Como é que
vês o argueiro que está no olho do teu irmão e não percebes a trave que está no
teu olho? 42. Ou, como é que podes dizer a teu irmão: Meu irmão, deixa-me tirar
o argueiro que está no teu olho, tu que não vês a trave que está no teu?
Hipócrita, tira primeiramente a trave que está no teu olho e então verás como
tirar o argueiro que está no olho do teu irmão.
Na oração dominical, pedimos
a Deus que nos perdoe, “como nós perdoamos aos nossos irmãos”. Segue-se que,
com a indulgência, a tolerância, a brandura com que tratarmos os outros, é que
seremos tratados.
Comecemos, pois, por lavar a
nossa alma dos vícios e paixões que a maculam, por purificar os nossos
corações; depois, então, quando de todo limpos nos acharmos, poderemos censurar
as faltas alheias. Desde que, porém, estejamos nessas circunstâncias, limpos de
toda culpa, não o faremos, porque teremos sempre presentes as palavras daquele
que disse: O que estiver sem pecado atire a primeira pedra, e que, dirigindo-se
à pecadora, acrescentou: Vai e não peques mais. (João, capítulo 8, versículos 1
ao 11).
Frutos da mesma natureza que a árvore
43.
A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não
é má; 44, pois cada árvore se conhece pelo fruto; não se colhem figos nos
espinheiros nem uvas nas sarças. 45. O homem bom tira o bem do bom tesouro do
seu coração; e o homem mau tira o mal do mau tesouro do seu coração; porquanto
a boca fala do que está cheio o coração.
Não basta pregar por
palavras; é essencial fazê-lo pelo exemplo. Esta a súmula da lição que se contém
nos versículos acima transcritos.
Pela obra é que se conhece o
operário. Assim, de modo geral, falsos profetas são todos aqueles que pregam e
aconselham a boa moral que não praticam. É árvore má todo aquele que não
apresenta frutos da doutrina que propaga. “Se sois árvores boas, dai frutos”.
Pautemos os nossos atos pela
moral do Cristo, conformemo-los com os seus ensinamentos e bons serão os frutos
que dermos. Se formos árvores más, estaremos destinados a ser cortados e
lançados ao fogo da expiação, pela reencarnação.
Deus julga pelas obras
(Mateus,
7:21-29)
46.
Mas por que me chamais; Senhor! Senhor! E não fazeis o que vos digo? 47. Vou
mostrar-vos a quem se assemelha aquele que vem a mim que escuta as minhas
palavras e as pratica. 48. Assemelha-se a um homem que edifica uma casa e que,
cavando fundo, lhe constrói na rocha os alicerces. Um rio, transbordadas suas
águas, se arremessou sobre a casa e não conseguiu abalá-la, por estar edificada
sobre a rocha. 49. Aquele que escuta as minhas palavras, e não as pratica, se
assemelha a um homem que edificou sua casa sobre a terra, sem lhe cavar
alicerces, O rio se arremessou sobre ela, a casa caiu logo e grande foi a sua
ruína.
O julgamento de cada
criatura se baseia no de suas obras. Ë este um princípio intuitivo, uma verdade
axiomática, a que só não se curvam os que ensinam e apregoam ser a Humanidade
inteira responsável pela falta do primeiro homem, ao qual chamam Adão.
Nem todos os que dizem:
Senhor! Senhor! Serão ouvidos. Quer dizer: não entrarão no reino de Deus
aqueles cujas palavras não corresponderem aos seus atos. As palavras desses se
perderão no espaço, sem chegarem ao Senhor.
Sempre e sempre devemos
praticar o que ensinamos, apreciamos e encomiamos. Porque, não basta nos
extasiemos ante a lei de Jesus e digamos: é perfeita! Se nos não esforçarmos
pelo nosso aperfeiçoamento, obedecendo-lhe, vã se tornará a nossa admiração.
Inútil será que nos
proclamemos cristãos, desde que procedamos em oposição ao que nos ensinou e
prescreveu o Cristo; que nos declaremos espíritas, se continuarmos quais éramos
antes de conhecermos o Espiritismo; que nos afirmemos médiuns e usemos das
faculdades mediúnicas que possuamos, se não pusermos em prática os ensinamentos
que temos recebido, se não nos utilizarmos dessas faculdades com a consciência
do nosso dever cristão, com o propósito de servir à causa da Verdade, que é a
causa de Deus, e de concorrer para a melhora de nossos irmãos, dando-lhes
testemunho dos sérios e constantes esforços que empregamos por progredir.
Compromete-se, praticando um
abuso, o médium que não pratica a humildade e o desinteresse, que não usa das
suas faculdades mediúnicas com o fim exclusivo de fazer, mediante o exercício
contínuo da caridade, uma propaganda séria, útil e eficaz da lei de Jesus,
corroborada pela sublime Doutrina dos Espíritos, seus mensageiros.
Para os espíritas, a prática
da doutrina que professam é tudo, porquanto muito lhes será pedido, visto que
muito lhes é dado. Cumpre, pois, nos preparemos, todos os que nos dizemos tais,
para prestar contas exatas do que se nos confiou.
Pouco depois de haver
escrito o que acabamos de resumir, a Sra. Collignon, médium pelo qual foram
transmitidas ao Sr. J. B. Roustaing as revelações que se encontram na obra que
ele publicou sob o título de “Revelação da Revelação”, passou a escrever,
debaixo de nova influência mediúnica e com letra diferente, o seguinte:
“Não basta se diga que certa
moral é sublime; cumpre pô-la em prática”. Não basta ser-se cristão e mesmo
cristão-espírita, se se não pratica a moral por mim ensinada. Assim, pois, que
os que queiram entrar no reino de meu Pai sejam seus filhos pelo coração e não
de lábios somente, obedeçam com submissão, zelo e confiança às instruções que
receberam e recebem hoje dos Espíritos, enviados de acordo com as minhas
promessas, para ensinar progressivamente aos homens todas as coisas, para conduzi-los
à verdade e lembrar-lhes o que eu lhes disse.
“Digam: Senhor, Senhor! mas
digam-no do fundo de seus corações, correspondam seus atos às suas palavras e o
reino dos céus lhes pertencerá".
Por aquele cuja mão
protetora sustenta os humildes e os fracos e humilha os orgulhosos e os
poderosos. ISABEL.
Em seguida, também de modo
espontâneo, o médium escreveu, sob a influência anterior e com letra igual à
com que fora traçado o ensino que acabava de ser recebido, esta última
comunicação:
“Bendizei do Senhor a graça
que vos fez e pedi-lhe de coração o apoio daquele que se vos manifestou hoje,
por intermédio do seu enviado. Perseverai no caminho que trilhais, tende
confiança e fé, mas séria, e o Senhor estenderá suas mãos sobre vós, para
afastar os obstáculos que vos possam deter”.
SAYÃO, Antonio Luiz. Elucidações evangélicas.
FEB (e-book).
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