Parábola da viúva e do mau juiz
1. Disse-lhes também esta
parábola, a fim de mostrar que é preciso orar sempre e não se cansar de fazê-lo;
2. Havia, em certa cidade, um juiz que não temia a Deus, nem se importava com
os homens. 3. Havia também, na mesma cidade, uma viúva que frequentemente o
procurava, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. 4. Ele por muito
tempo não a quis atender; mas, por fim, disse de si para si: Se bem que eu não
temo a Deus e não considero os homens, 5, todavia, pois que esta viúva me
importuna, far-lhe-ei justiça, para que afinal não me venha a fazer qualquer
afronta. 6. Ouvi, acrescentou o Senhor, o que disse esse mau juiz. 7. Como
deixará Deus de fazer justiça a seus eleitos, que para ele apelam dia e noite,
como suportará que Indefinidamente os oprimam? 8. Em verdade vos digo que cedo
lhes fará justiça. Supondes, porém, que, quando o filho do homem vier, achará
na Terra fé?
Apresenta-se-nos aqui, como
exemplo, um homem sem princípios, sem fé, e que cede unicamente à importunação
de uma viúva, para lhe fazer justiça. Com mais forte razão devemos esperar que
o Senhor atenda às nossas súplicas perseverantes e fervorosas, uma vez que
justas sejam.
O Espírito não está sujeito
às limitações do tempo. Não nos deve preocupar, portanto, a demora com que
sejam deferidos os nossos rogos. Nem uma só das nossas palavras se perde.
Lá, onde o tempo não tem limites, se nos depararão os efeitos delas.
Versículo 7. Cada um obterá
conforme as suas obras, quando for chegado o tempo - Desde que a cada um é dado
de acordo com as suas obras, a cada um justiça é feita: ao justo, a recompensa;
ao culpado, o castigo. Graças à Revelação Espírita e a muitas das passagens
evangélicas que temos estudado, já conhecemos o sentido e o alcance destas
palavras: recompensa e castigo.
Versículo 8. A justiça do
Senhor se executa ininterruptamente.
Se lhe quisermos sentir os
suavíssimos efeitos, coloquemo-nos entre os escolhidos, que são os que seguem
as pegadas do Mestre.
O filho do homem foi e é,
para nós, a personificação da doutrina que pregou e exemplificou. Há, na
interrogação constante no versículo 8, uma alusão de Jesus à nova era, já então
predita, do Espiritismo, do advento do Espírito, era que se nos abre,
preparando a segunda vinda do Cristo, era em que, pela Revelação Espírita, será
restabelecida a lei tal como dele emanou.
Com efeito, essa revelação
que, trazida pelos Espíritos do Senhor, vem restabelecer na sua pureza a lei
enunciada pelo filho do homem, encontra na Terra uma fé geral? Ele vem, pela
dita revelação, para implantar entre os homens o seu reino. Encontra, na Terra,
a fé?
Todos nós podemos responder.
Ora, em não havendo a fé, na Terra, haverá o castigo. Uma coisa é consequência
da outra.
Fariseu e publicano
9.
Propôs também a seguinte parábola a alguns que confiavam em si mesmos,
considerando-se justos, e desprezavam os outros: 10. Dois homens subiram ao
templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. 11. O fariseu, de pé,
orava, dizendo intimamente: Meu Deus, graças te dou por não ser como os outros
homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como este publicano. 12.
Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de tudo o que possuo. 13. O
publicano, que ficara de longe, não ousava sequer elevar os olhos para o céu,
mas, batendo nos peitos, dizia: Meu Deus, tem piedade de mim, pecador. 14.
Digo-vos que este voltou justificado para sua casa e não o outro; porque, todo
aquele que se exalta será humilhado e todo aquele que se humilha será exaltado.
No orgulho tem o homem o seu
mais encarniçado inimigo, por ser o que mais se lhe infiltra no coração e o que
mais obstinadamente se lhe agarra.
Que merecimento podemos ter,
perante o Senhor, ainda que sejamos rigorosos no cumprimento da lei, se nos
julgamos superiores ao nosso irmão? Observando a lei, não fazemos mais do que
cumprir o nosso estrito dever. Julgando-nos superiores ao nosso irmão, pecamos
contra a caridade, pois que, sejam quais forem as aparências, por muito
miserável, culpado até, que pareça, pode ele ter puro o coração, pode, quando
menos, possuir a humildade, que lhe permita uma justa apreciação de si mesmo e
o coloque em condições de reprimir em si o mal. Sejamos severos conosco,
brandos e indulgentes com os outros.
“O publicano voltou para sua
casa justificado”, porque fizera justiça a si próprio, reconhecendo a sua
inferioridade. Estava, portanto, no caminho do bem. Um mal reconhecido deixa de
existir, a partir do momento em que se lhe aplica o remédio.
O fariseu não foi
justificado, porque fizera ato de orgulho e faltara à caridade para com um de
seus irmãos, em vez de fazer ato de humildade perante o Senhor, por motivo de
suas faltas, ainda que mínimas fossem.
Aquele que se exalta será
humilhado e o que se humilha será exaltado. Constituindo o orgulho uma falta
grave, o que se exalta será punido. Sendo a humildade sincera o melhor agente
da reforma individual, o progresso será a sua consequência. Por isso é que é
ela a virtude que mais brilha nos enviados celestes e a que eles mais nos
recomendam, como fundamental para a nossa salvação.
A humildade, fonte de todas as virtudes,
de todos os progressos, caminho único que leva à perfeição
(Mateus,
19:13-15; Marcos, 10:13-16)
15.
Alguns também lhe traziam crianças para que as tocasse. Vendo isso, os
discípulos os repeliam com rudeza. 16. Jesus, porém, as chamou para junto de si
e disse: Deixai vir a mim as crianças, não o impeçais, porquanto o reino de
Deus é dos que forem como as crianças. 17. Em verdade vos digo que aquele que
não receber, como uma criança, o reino de Deus, nele não entrará.
Já tivemos ocasião de
receber explicações suficientes a este respeito, quando estudamos os versículos
de 1 a 5, do capítulo 18, de MATEUS; e os versículos de 32 a 40, do capítulo 9,
de MARCOS; e os versículos de 46 a 50, do capítulo 9, de LUCAS.
Jesus repetia essas
palavras, a fim de que se gravassem na memória dos discípulos. O pensamento era
sempre o mesmo, expresso em termos diferentes, em ocasiões e lugares diversos.
Á simplicidade do coração e a humildade do espírito são, ao mesmo tempo, a
base, a fonte, o meio e o caminho para se alcançarem as virtudes, a depuração,
o progresso, que levam à pureza, à perfeição.
Parábola do mancebo rico
(Mateus,
19:16-26; Marcos, 10:17-27)
18.
Um homem de destaque o interrogou por esta forma: Bom Mestre, que hei de fazer
para ganhar a vida eterna? 19. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom?
Ninguém é bom senão somente Deus. 20. Conheces os mandamentos: não matarás, não
cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai
e a tua mãe. 21. Replicou o homem: Todos esses mandamentos tenho-os guardado
desde a minha mocidade. 22. Ouvindo isso, disse-lhe Jesus: Ainda uma coisa te
falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu;
depois, vem e segue-me. 23. O homem, porém, tendo escutado essas palavras, se
entristeceu, pois que era muito rico. 24. Vendo Jesus que ele ficara triste,
disse: Quão difícil é que os que possuem riquezas entrem no reino de Deus! 25.
Mais fácil é um camelo passar por um fundo de agulha do que um rico entrar no
reino de Deus. 26. Os que o ouviam lhe disseram: Quem pode então ser salvo? 27.
Respondeu-lhes Jesus: O que é impossível para os homens é possível a Deus.
O mancebo que, impelido por
uma influência espírita, foi ao encontro de Jesus, tinha que servir de exemplo
e de lição aos que o cercavam. Naquela circunstância, como sempre que era
oportuno e conveniente, o divino Mestre recorreu a imagens e locuções
materiais, para tocar e impressionar fortemente as inteligências da época,
extirpar o egoísmo e o apego aos bens terrenos e preparar o advento do
Espírito, para quando o reinado da letra houvesse produzido todos os seus
frutos.
Protestando contra o
qualificativo de bom, que lhe fora dado, Ele, que era bom por excelência, o fez
intencionalmente, para de antemão proscrever a sua divinização e sustentar o
monoteísmo, mostrando que, em face do Deus de Israel, ninguém o poderia tratar
como Deus, senão no sentido das palavras do Profeta (Salmo 81, versículo de 1 a
6): Deus assiste sempre ao conselho dos deuses e, colocado no meio deles, julga
os deuses; sem deixar, entretanto, de ser, como todos os Espíritos criados,
filho do Altíssimo, do Deus dos deuses. Sois deuses e todos sois filhos do
Altíssimo (Salmo citado).
Disse o Mestre: Meu pai e eu somos um. Mas, também disse,
referindo-se a seus discípulos: Rogo por eles e pelos que hão de crer em mim,
pela palavra deles, a fim de que todos sejam um, como tu, meu Pai, és em mim e
eu em ti, a fim de que também sejam um em nós. Estou neles e tu estás em mim,
para que sejam consumados na unidade. (JOÃO, capítulo 17, versículo 21 ao
23.)
Quer isto dizer que,
purificando-nos, adquirindo a perfeição moral, é que nos aproximaremos de
Jesus, chegaremos a estar em relação direta com Ele, porque teremos chegado à
condição de puros Espíritos e alcançaremos a vida eterna, que consiste em
conhecê-lo e conhecer o Pai.
Respondendo ao mancebo,
Jesus lhe recordou o Decálogo, que contém os mandamentos a que os homens devem
obedecer e que se resumem no seguinte: não fazermos aos outros o que não
quisermos que nos façam: fazer aos outros tudo o que quiséramos nos fizessem,
amando-os como a nós mesmos, praticando para com eles a justiça e a caridade,
material e moral, com devotamento e renúncia.
Entretanto, precisamos entender
bem, segundo o espírito, as palavras do Mestre, a fim de não deduzirmos delas
que, para servir a Deus, devamos despojar-nos de tudo o que possuirmos.
Daquelas palavras o que decorre é que nenhum fruto produz a prática das
virtudes e dos mandamentos, se não é escoimada de egoísmo e santificada pela
caridade. A caridade e o esquecimento de si mesmo faltavam ao mancebo. Foi por
isso que Jesus lhe disse: Ainda te falta uma coisa, velando com a letra da
imposição de um sacrifício absoluto dos bens humanos, para melhor tocar a
inteligência dos homens materiais a quem falava, o espírito do ensinamento
moral que lhes ministrava e que era o de que, onde está o tesouro, aí costuma
estar sempre o coração da criatura humana, do que ali mesmo deu prova o mancebo,
com a tristeza que lhe causou a resposta obtida. Por pressentir, lendo-lhe o
pensamento, essa tristeza, foi que Jesus disse, no momento em que ele se
afastava, quando, pois, ainda podia ouvi-lo: “Quão difícil é que os que possuem
riquezas entrem no reino de Deus, no reino dos céus”. Proclamou assim o
princípio Fora da caridade não há salvação, e preparou as gerações futuras a
compreenderem que uma das provas mais temíveis, um dos maiores obstáculos a
todo progresso moral é a riqueza, quando não se torna instrumento e meio de
praticarem-se a caridade e o amor do próximo.
Porém, a caridade não
consiste em dar do supérfluo. A verdadeira caridade sai do coração e o
devotamento a acompanha sempre. Mas, ninguém pode ser devotado a seus irmãos,
sem a renúncia de si mesmo, porquanto grandes sacrifícios impõe o devotamento
que tenha por móvel a caridade. Assim, caridade, devotamento e abnegação formam
uma trilogia inseparável.
A caridade, para o ser, de
fato, exige o desinteresse absoluto, não só quanto a qualquer remuneração
material como também quanto às recompensas celestes, porque, do contrário,
ainda será egoísmo. Ela tem que ser praticada, colimando o bem que possa
produzir, por amor do próximo exclusivamente.
Aos discípulos que, ante o
que Ele dissera ao mancebo, lhe perguntaram: Quem pode então salvar-se? Respondeu
apenas: O que é impossível para os homens é possível para Deus.
Mas, se só Deus nos pode
salvar, para que servem as obras e a fé? É esta uma objeção que formulada tem
sido muitas vezes e para a qual somente nós, os espíritas, encontraremos
resposta, desde que meditemos os ensinos da Terceira Revelação.
Os que a formulam se colocam
no mesmo ponto de vista dos discípulos, que se mostram espantados com o que
Jesus dissera ao mancebo e induzidos a interpelá-lo como o fizeram, porque,
atentando unicamente na letra, só perceberam as dificuldades da conquista do
reino dos céus. Não perceberam os meios que ao Espírito são concedidos, para
vencer essas dificuldades. Pode, por acaso; o homem, na sua curta existência
terrena, depurar-se bastante para se considerar salvo? Poderão seus atos ser
tão bons e sua fé tão viva que lhe assegurem a salvação?
Ora, se só a perfeição nos
levará aos pés do Senhor, à salvação, quem senão Ele, por terno e indulgente,
nos salva com o conceder-nos tempo, para que todos nos purifiquemos, com o
relevar-nos as dívidas, a nós, maus servos, até que as possamos pagar?
Concedendo às suas criaturas todo o tempo de que elas hajam mister,
faculta-lhes Deus um agente poderoso, com cujo auxilio chegam elas sempre a
alcançar a meta, por mais afastadas que desta se achem e por mais escabrosa que
seja a estrada que lhes cumpre percorrer.
Assim sendo, quem, de fato,
nos salva, senão Deus, que só Ele é bom, só Ele tem indulgência e longanimidade,
só Ele tem em suas mãos a duração do tempo?
O homem carece de capacidade
para julgar por si mesmo do grau de pureza que lhe é necessário a elevar-se.
Somente Deus pode julgar. À Revelação Espírita estava reservado esclarecer, aos
olhos de todos, na época predita pelos Espíritos do Senhor, órgãos do Espírito
da Verdade, o sentido das palavras de Jesus, velado pela letra, e indicar os
meios que Deus faculta a seus filhos, para vencerem todas as dificuldades e
atingirem o fim. Esses meios são o renascimento, a reencarnação, a princípio
expiatória e precedida, no espaço, da expiação proporcionada e apropriada às
faltas cometidas; depois, e por fim, gloriosa, visto que dá ao Espírito entrada
no reino de Deus, no reino dos céus, isto é, lhe permite alcançar a perfeição
moral.
Eis por que e como é Deus e
só Deus quem nos salva.
Humildade e perseverança na senda do
progresso
(Mateus,
19:27-30; Marcos, 10:28-31)
28.
Disse então Pedro: Aqui estamos nós que tudo deixamos e te seguimos. 29.
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade vos digo não haver ninguém que deixe, pelo
reino de Deus, casa, ou pais, ou Irmãos, ou mulher ou filhos, 30, que, ainda
nos tempos presentes, não receba muito mais e, no século futuro, a vida eterna.
Tendo, como encarnados ao
tempo de Jesus, colaborado na obra de regeneração da Humanidade, os apóstolos
continuaram e continuarão ao serviço do Mestre, até ao momento em que os homens
hajam compreendido a marcha e a finalidade de suas existências.
MATEUS, capítulo 19,
versículo 29; MARCOS, capítulo 10, versículos 29 e 30; LUCAS, capítulo 18,
versículos 29 e 30. Também são figuradas as palavras de Jesus constantes nestes
versículos. Entendidas segundo o espírito, o que se verificará é que Ele
apontou, como exemplo, aqueles sacrifícios, por serem os maiores que o homem
possa fazer.
O amor, que traz em si a
humildade e a caridade, para ser verdadeiro, eficaz, frutuoso, reclama
atividade e perseverança na senda do progresso, objetivando, em cada criatura,
o seu próprio aperfeiçoamento e o de seus irmãos. Ora, muitos dos que se
houverem posto a caminho antes dos outros chegarão últimos ao fim, por não
terem avançado com perseverança naquela senda. Esses são os que contam consigo
mesmos e julgam caminhar com mais segurança e passar adiante dos demais. A consequência
será verem seus passos obstados pelo orgulho e retardada, portanto, a sua
marcha. Assim é que, tendo sido dos primeiros a se porem a caminho, serão os
últimos a chegar.
Predição do sacrifício do Gólgota
(Mateus,
20:17-19; Marcos, 10:32-43)
31.
Em seguida, Jesus, tomando de parte os doze apóstolos, lhes disse: Eis que
vamos para Jerusalém e tudo que os profetas escreveram acerca do filho do homem
se cumprirá; 32, pois que será entregue aos Gentios, será escarnecido, açoitado
e cuspido. 33. E depois que o tiverem flagelado, lhe darão a morte e ele
ressuscitará ao terceiro dia. 34. Eles, porém, nada compreenderam; aquelas
palavras lhes eram um segredo; não entendiam o que lhes era dito.
Jesus, neste passo, repetiu
a predição que já fizera da sua “morte” e da sua “ressurreição”, acrescentando
e precisando novas particularidades. (Veja-se: MATEUS, capítulo 16 versículo
21; capítulo 17, versículos 21 e 22. MARCOS, capítulo 8, versículo 31; e
capítulo 9, versículo 30. LUCAS, capítulo 9, versículos 22, 44 e 45.)
Não há o que comentar nessas
palavras, que são positivas. Jesus, predizendo-os, fundamentava os
acontecimentos que iam ocorrer e desse modo dava maior peso às suas
afirmativas. As narrações dos Evangelistas se completam, como sempre, uma pelas
outras.
Os discípulos não
compreenderam, dessa vez, melhor do que das precedentes, o sentido exato das
palavras do Mestre. Não atinavam, sobretudo, com o que poderia ser a
“ressurreição” de Jesus. Tinham o entendimento obscurecido, quanto a esse
ponto, a fim de que os fatos pudessem suceder sem obstáculos.
Os apóstolos, diz um dos
Evangelistas, muito admirados e receosos, seguiam o Mestre, quando a caminho de
Jerusalém. É que temiam os sacerdotes e os principais Judeus, sentindo que
seria difícil escapar-lhes.
Cura dos cegos de Jericó
(Mateus,
20:29-34; Marcos, 10:46-52)
35.
Sucedeu que, ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do
caminho, pedindo esmola 36. Ouvindo o tropel da multidão que passava, perguntou
o que era aquilo. 37. Disseram-lhe que era Jesus de Nazaré que em por ali
passava. 38. Logo clamou ele: Jesus, filho de Davi, compadece-te de mim! 39. Os
que iam à frente o repreendiam, para que se calasse; ele, porém, clamava cada
vez mais forte: Filho de Davi, tem compaixão de mim! 40. Jesus parou e mandou
que lhe trouxessem o cego. Ao aproximar-se este, perguntou-lhe: 41. Que queres
que te faça? Respondeu ele: Senhor’, faze que eu veja! 42. Jesus lhe disse: Vá;
tua fé te salvou. 43. Imediatamente, o que era cego viu e foi seguindo a Jesus,
glorificando a Deus. E todo o povo, tendo visto aquilo, louvava a Deus.
Jesus não permaneceu todo o
tempo na cidade de Jericó, desde que nela entrou e pediu hospedagem a Zaqueu.
Ao contrário, saiu muitas vezes, para instruir o povo. Assim foi que operou a
dupla cura, em ocasiões diversas. Isso, entretanto, nenhuma importância tem.
São minúcias pueris, com que não nos devemos preocupar.
Quanto às curas, Ele as
operou, como as outras de que já tratamos, por ato exclusivo da sua vontade e
pela ação do seu poder magnético. Se tocou os olhos dos cegos, coisa de que não
tinha necessidade, foi para mostrar aos discípulos o que lhes cumpria fazer.
Operando a de Bartimeu,
filho de Timeu, só com o pronunciar estas palavras: Vai, tua fé te sarou, quis impressionar fortemente as massas,
mostrando aos homens o poder de que dispunha.
Cegos que somos do coração e
da inteligência, digamos com fé: Senhor, que os nossos olhos se abram, e
recobraremos a vista moral e espiritual. Digamos com fé: Mestre, faze que eu
veja, e veremos, porquanto a luz espírita clareará as trevas que nos envolvem,
projetando o fulgor de seus raios na estrada reta e segura que temos de
percorrer.
SAYÃO, Antonio Luiz. Elucidações evangélicas. FEB (e-book).
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