O Evangelho segundo João

A tradição da igreja primitiva identificou o autor deste Evangelho como sendo o Apóstolo João, não restando sobre isso qualquer dúvida.

João escreveu o Evangelho que lhe é atribuído em idade bem avançada, entre os anos 90 e 100 d.C.

João, tendo conhecimento dos demais Evangelhos já escritos, compôs, segundo Clemente de Alexandria (150 – 215 d.C., aproximadamente) um “Evangelho espiritual”.

O nome de João não aparece neste Evangelho que leva o seu nome: o autor prefere identificar-se como sendo “o discípulo que Jesus amava”

Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus (João, 13:23)

Quando Jesus viu sua mãe ali, e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: "Aí está o seu filho". (João, 19:26)

Então correu ao encontro de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o colocaram!" (João, 20:2)

O discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: "É o Senhor!" Simão Pedro, ouvindo-o dizer isso, vestiu a capa, pois a havia tirado, e lançou-se ao mar. (João, 21:7)

Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os seguia. (Este era o que estivera ao lado de Jesus durante a ceia e perguntara: "Senhor, quem te irá trair?") (João, 21:20)

O Evangelho de João difere de modo muito marcante, quanto à forma e substância, dos outros Evangelhos (sinóticos).

João e Tiago, seu irmão mais velho (Atos, 12:2), eram conhecidos como “filhos de Zebedeu” (Mateus 10:2-4), e Jesus lhes deu o nome de “filhos do trovão” (Marcos 3:17). João foi Apóstolo (Lucas 6:12-16) e um dos três discípulos mais próximos de Jesus. Os outros eram Pedro e Tiago.

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os levou, em particular, a um alto monte. (Mateus, 17:1)

Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. (Mateus, 26:37)

João foi testemunha ocular do Ministério do Cristo:

1. O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam - isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. 2. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada. 3. Proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. 4. Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa. (1 João 1:1-4) 

e além deste Evangelho, escreveu também as Epístolas 1, 2 e 3 e o livro do Apocalipse. Após o retorno do Mestre às esferas sublimes do Mundo Espiritual, João tornou-se uma das “colunas” da igreja primitiva.

O Evangelho de João nos fornece um significativo material não registrado nos demais Evangelhos e que contribui para uma melhor compreensão destes.

João escreveu o seu Evangelho com o propósito de convencer seus leitores da verdadeira identidade de Jesus: Espírito Puro, o Governador Espiritual do Planeta Terra. Seu Evangelho está organizado em torno de oito sinais que demonstram a verdadeira identidade de Jesus: a transformação da água em vinho; a cura do filho de um oficial; a cura de um paralítico; a alimentação de uma multidão; Jesus andando sobre as águas; a cura de um cego de nascença; a ressurreição de Lázaro; e, a pesca milagrosa.

A mensagem geral do seu Evangelho encontra-se em 20:31: “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”.

Para João o caráter da divindade assim se expressa:

Deus é acessível

E então acrescentou: "Digo a verdade: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem". (João, 1:51)

Então Jesus afirmou de novo: "Digo a verdade: Eu sou a porta das ovelhas. Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem. (João 10:7,9)

Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. (João, 14:6)

Deus é glorioso

Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. (João, 1:14)

Deus é invisível

Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido. (João, 1:18)

E o Pai que me enviou, ele mesmo testemunhou a meu respeito. Vocês nunca ouviram a sua voz, nem viram a sua forma. (João, 5:37)

Deus é amoroso

Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (João, 3:16)

Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor.Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço. (João, 15:9,10)

Pois o próprio Pai os ama, porquanto vocês me amaram e creram que eu vim de Deus. (João 16:27)

Deus é justo

Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. (João,17:25)

Deus é Espírito

Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. (João, 4:24)

Deus é verdadeiro

Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. (João, 17:3,17)

Deus é único

Eu e o Pai somos um. (João, 10:30)

9. Jesus respondeu: "Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: 'Mostra-nos o Pai'? 10. Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. 11. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras. (João, 14:9-11)

Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. (João, 17:3).

No Evangelho de João encontramos as significativas declarações de Jesus “Eu sou” (vinte e três vezes!). As sete grandes metáforas que denotam a superioridade espiritual do Cristo são:

Eu sou o pão da vida

Então Jesus declarou: Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede. Com isso os judeus começaram a criticar Jesus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. Eu sou o pão da vida. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. (João, 6:35,41,48,51)

Eu sou a luz do mundo

Falando novamente ao povo, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida". (João, 8:12); “

Eu sou a porta das ovelhas

Então Jesus afirmou de novo: "Digo a verdade: Eu sou a porta das ovelhas.” Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem. (João, 10:7,9)

Eu sou o bom pastor

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. (João, 10:11,14)

Eu sou a ressurreição e a vida

Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.” (João, 11:25)

Eu sou o caminho, a verdade e a vida

Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” (João, 14:6)

Eu sou a videira verdadeira

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. (João, 15:1,5).

O Evangelho de João possui vinte e um capítulos e 878 versículos e pode ser dividido em sete grandes partes, a saber: a encarnação do Filho de Deus (1:1-18); a apresentação do Filho de Deus (1:19 – 4:54); a oposição ao Filho de Deus (5:1 – 12:50); a preparação dos discípulos pelo Filho de Deus (13:1 – 17:26); a execução do Filho de Deus (18:1 – 19:37); a ressurreição do Filho de Deus (19:38 – 21:23); e, a conclusão (21:24-25).

Fonte: Entendendo a estrutura do Novo Testamento: o Evangelho segundo João, por José Márcio de Almeida.

Jornal Correio Fraterno nº 78, Maio/2017, p. 6.


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