Diálogo de Jesus com uma samaritana
1. O Senhor soube que os
fariseus tinham ouvido dizer que ele recrutava e batizava mais discípulos que
João
Os
fariseus começaram a ficar incomodados com o número de pessoas que passaram a
aceitar as lições de Jesus, suplantando a quantidade de adeptos do Batista,
este último que os incomodava também. Agora já eram dois a falar a verdade, que
não interessava aos homens e mulheres adeptos das trevas morais.
2. (se bem que não era Jesus
quem batizava, mas os seus discípulos).
O
evangelista esclarece que eram os discípulos de Jesus que batizavam, e não Ele
próprio. De qualquer forma, devemos atentar para o crescente prestígio das
ideias de Jesus junto às massas, sobretudo as pessoas desprezadas pela
sociedade dura e fria daquele tempo de incipientes conquistas morais.
3. Deixou a Judeia e voltou
para a Galileia.
Novamente
Jesus, em companhia dos seus discípulos, foi divulgar a Boa Nova em outra
região. Não relata o evangelista nenhum acontecimento ocorrido lá, mas pode-se
ter certeza de que muitas lições foram dadas a quem tinha condições de
assimilá-las.
4. Ora, devia passar por
Samaria.
5. Chegou, pois, a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José.
Samaria
era um país estrangeiro, mas Jesus foi até lá difundindo sua mensagem, como se
faz questão de ressaltar neste estudo, muito mais pelos exemplos do que pela
palavra, inclusive devendo-se destacar que Jesus, como Espírito Puro, não
utilizava a linguagem comum dos encarnados, mas a sua potência mental para
gravar no psiquismo das pessoas o que elas tivessem capacidade de assimilar.
É
importante observarmos que Jesus não se circunscreveu à divulgação da Boa Nova
aos habitantes do seu país, porque, aliás, sua pátria era e é o Universo.
Pregou, então, na Samaria, principalmente deixando-se observar pelas pessoas
para convencê-las pela exemplificação, portanto, definitiva e
irresistivelmente.
6. Ali havia o poço de Jacó.
E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do
meio-dia.
Sentou-se
à beira do poço de Jacó, quando se daria um importante acontecimento, que o
evangelista registrou.
7. Veio uma mulher da
Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber.
Jesus
passou a dialogar com uma samaritana, com as finalidades de ensinar que não
deveria continuar o preconceito que existia contra as mulheres; a animosidade
contra os estrangeiros e quis mostrar como se deve orar a Deus.
8. Pois os discípulos tinham
ido à cidade comprar mantimentos.
Os
discípulos estavam ocupados com tarefas terrenas, mas Jesus não tinha tempo a
perder: cada segundo era precioso para o cumprimento da sua missão.
9. Aquela samaritana lhe
disse: Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana!... (Pois
os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
A
indagação da samaritana sobre os dois preconceitos serviu de motivo para duas
importantes lições do Divino Governador da Terra, que veio gravar a fogo no
coração e na mente das criaturas as Leis Divinas, resumíveis no amor.
Aquela
mulher (1) era uma samaritana, fazia parte de um povo mestiço odiado; (2) era
conhecida por estar vivendo em pecado; e (3) estava em um lugar público. Nenhum
judeu respeitável conversaria com uma mulher sob tais circunstâncias. Mas Jesus
o fez.
10. Respondeu-lhe Jesus: Se
conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe
pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva.
Jesus
lhe afirma ser o Messias, que poderia ensinar-lhe as coisas de Deus, mas ela
não entende, de início.
11. A mulher lhe replicou:
Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo... donde tens, pois, essa
água viva?
Ela
não conseguiu entender a profundidade da afirmação de Jesus.
12. És, porventura, maior do
que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também
os seus filhos e os seus rebanhos?
Indagou
dele sobre quem Ele era, afinal.
13. Respondeu-lhe Jesus:
Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede,
Jesus
retrucou-lhe dizendo que as coisas materiais não saciam a sede do Espírito, que
somente se resolve em contato com a ciência de Deus.
14. mas o que beber da água
que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele
fonte de água, que jorrará até a vida eterna.
“Quem
procura, em primeiro lugar, Deus e sua justiça tudo o mais lhe será dado por
acréscimo.”: disse Jesus a ela, de outra forma.
15. A mulher suplicou:
Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!
Ela
ainda não tinha entendido, pois sua mente e seu coração estavam fixados nas
realidades materiais.
16. Disse-lhe Jesus: Vai,
chama teu marido e volta cá.
Jesus
convidou-a sutilmente a reflexionar sobre a ética.
17. A mulher respondeu: Não
tenho marido. Disse Jesus: Tens razão em dizer que não tens marido.
Ela
afirmou não levar uma vida eticamente apresentável.
18. Tiveste cinco maridos, e
o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade.
Jesus
sabia que aquele era um Espírito já amadurecido para receber uma revelação mais
avançada e transformar-se em propagadora da verdade entre os samaritanos, sendo
que, por isso, procurou dialogar com ela.
A verdadeira adoração
19. Senhor, disse-lhe a
mulher, vejo que és profeta.
Demonstrando
saber sobre detalhes da sua vida particular, Jesus captou seu respeito e ela se
dispôs a aprender o que Ele viesse a ensinar-lhe. Assim Ele fazia: conquistava
primeiro a confiança do futuro discípulo para, somente depois, ensinar-lhe a verdade.
Assim também deveriam fazer os pais e mães terrenos e os professores e
pedagogos, pois só o amor convence.
20. Nossos pais adoraram
neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar.
Ela
queria aprender a religião, pois às mulheres pouco se ensinava além dos
afazeres domésticos.
21. Jesus respondeu: Mulher,
acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em
Jerusalém.
Jesus
descortinou para ela a noção de universalismo, sob a bandeira do amor, que
unirá todos os seres do planeta, sem fronteiras, preconceitos e divisionismos.
22.
Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a
salvação vem dos judeus.
Deus
é o Pai de todas as criaturas e não de algumas, preterindo as demais.
23. Mas vem a hora, e já
chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e
verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja.
Deus
quer que seus filhos evoluam intelecto-moralmente e o reconheçam como Espírito
e não como um homem melhorado.
24. Deus é espírito, e os
seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade.
Deus
é a perfeição absoluta e devemos enxergá-lo dessa forma, dentro das limitações
que temos, decorrentes da nossa condição evolutiva, mas devemos aperfeiçoar
nossa maneira de pensar nele e nos dirigirmos a Ele. Tem razão irmã Tereza ao
afirmar: “Curvem-se diante do poder de Deus!”.
25. Respondeu a mulher: Sei
que deve vir o Messias (que se chama Cristo), quando, pois, vier, ele nos fará
conhecer todas as coisas.
Aquele
era um Espírito evoluído, que aguardava a vinda do Messias.
26. Disse-lhe Jesus: Sou eu,
quem fala contigo.
Jesus
então foi claro, dizendo-lhe: “Sou eu, quem fala contigo.”
27. Nisso seus discípulos
chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher. Ninguém,
todavia, perguntou: Que perguntas? Ou que falas com ela?
Os
discípulos chegaram e se escandalizaram de Ele estar dialogando com uma mulher,
mas Ele queria ser visto falando com uma mulher, para ensinar-lhes a igualdade
entre mulheres e homens: eis aí mais uma lição pela linguagem universal do
exemplo, que iria marcar o psiquismo de todos os que o viram tomar atitudes até
então inabituais entre as criaturas horizontais.
28. A mulher deixou o seu
cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
A
samaritana, Espírito valoroso, passou a difundir a certeza entre os samaritanos
de que Jesus era o Messias.
29. Vinde e vede um homem
que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?
As
mulheres foram importantes divulgadoras da Boa Nova, o que nunca antes tinha
acontecido por iniciativa dos antigos profetas e missionários, que
consideravam-nas inferiores. Jesus foi o primeiro a valorizar nossas irmãs em
humanidade e muito ganhou a Boa Nova com essas adesões, além dos próprios
homens passarem a reconhecer que não deve haver diferenças entre as pessoas em
virtude das características morfológicas, porque o Espírito encarna
indiferentemente como homem e como mulher, de acordo com a programação
espiritual que traz para cada encarnação.
30. Eles saíram da cidade e
vieram ter com Jesus.
Os
samaritanos que ouviram o convite da mulher foram ter com Jesus para conhecê-lo
e dialogar com Ele.
A ceifa e os ceifeiros
31. Entretanto, os discípulos
lhe pediam: Mestre, come!
Os
discípulos, até então com os olhos espirituais fechados pelos preconceitos,
queriam dissuadi-lo de dialogar com os estrangeiros.
32. Mas ele lhes disse:
Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.
Jesus
foi firme na Sua decisão de dialogar com aqueles homens sedentos de aprendizado
das coisas de Deus.
33. Os discípulos
perguntavam uns aos outros: Alguém lhe teria trazido de comer?
Os
discípulos estavam ainda sem condições de compreender o universalismo que Jesus
veio ensinar.
34. Disse-lhes Jesus: Meu
alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra.
Jesus
afirmou que sua meta era cumprir a missão de difundir as Leis Divinas acima de
tudo.
35. Não dizeis vós que ainda
há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e
vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa.
Jesus
ratificou para eles que o tempo do despertamento da humanidade havia chegado,
pois Ele estava encarnado justamente para isso.
36. O que ceifa recebe o
salário e ajunta fruto para a vida eterna, assim o semeador e o ceifador
juntamente se regozijarão.
Jesus
convidou seus discípulos para seguirem seus exemplos, ensinando a verdade a
todos.
37. Porque eis que se pode
dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa.
Jesus
estava semeando, enquanto que os discípulos iriam continuar o trabalho,
ceifando.
38. Enviei-vos a ceifar onde
não tendes trabalhado, outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos.
Os
discípulos foram convidados a abrir o coração e a mente ao amor universal.
Muitos samaritanos creem em Jesus
39. Muitos foram os
samaritanos daquela cidade que creram nele por causa da palavra da mulher, que
lhes declarara: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
A
Boa Nova, a partir daquele momento, passou a se difundir naquele país
estrangeiro, multiplicando-se o número de autorreformados moralmente. Alguns
creram nele pelo poder espiritual demonstrando.
40. Assim, quando os
samaritanos foram ter com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali
dois dias.
Jesus
ficou dois dias naquela cidade estrangeira, semeando naqueles Espíritos a verdade,
que eles se encarregariam de propagar, pela palavra, que tem alcance limitado,
e pelo exemplo, que convence os mais renitentes e enraizados no mal.
41. Ainda muitos outros
creram nele por causa das suas palavras.
Outros
creram pela profundidade dos seus ensinamentos, resumíveis no amor, demonstrado
pela sua exemplificação. A crença desses últimos seria muito mais consistente,
porque não se baseava no mero deslumbramento, mas criou raízes na intimidade
espiritual. Os fenômenos mediúnicos deslumbram, mas somente o investimento na
autorreforma moral transforma o “homem velho” no “homem novo”. Esses últimos se
tornaram “homens novos” e “mulheres novas”, portanto, discípulos de Jesus.
42. E diziam à mulher: Já
não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos
ser este verdadeiramente o Salvador do mundo.
Esses
se tornaram discípulos, como dito acima.
Jesus volta à Galileia
43. Passados os dois dias,
Jesus partiu para a Galileia.
Dali
Jesus retornou à Galileia.
44. (Ele mesmo havia
declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.)
A
convivência mais estreita mostra nossos defeitos e a admiração inicial costuma
ceder lugar ao desencanto. Por isso, Chico Xavier procurava desfazer, de
imediato, qualquer deslumbramento acerca de sua pessoa. A uma senhora que o
estava elogiando ele disse: - Sou uma
pessoa comum, comparável a um sapo que traz nas costas uma vela acesa; se lhe
tirarem a vela, que é a mediunidade, pulará na lagoa como qualquer outro sapo.
Jesus alertou seus discípulos para não deixarem ninguém os cercarem com a
bajulação.
André
Luiz afirmou: “O elogio costuma ser lodo verbal.” Jesus não foi compreendido
por todos os seus conterrâneos, pois o tinham visto menino e não acreditavam
que aquele moço pobre pudesse ser o Messias esperado tão ansiosamente pelos
judeus, que pretendiam ter nele um líder guerreiro, que levasse aquele povo à
supremacia sobre o mundo inteiro.
Decepcionaram-se
muitos ao verificar que o Messias pregava a humildade, o desapego e a
simplicidade, virtudes que desagradavam a muita gente e, até hoje, não
interessam a grande número até de quem se diz religioso.
(Mateus,
13:57, Marcos, 6:4; Lucas, 4:24)
45. Chegando à Galileia,
acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa
em Jerusalém, pois também eles tinham ido à festa.
O
deslumbramento diante dos fenômenos mediúnicos costuma ceder lugar ao
desencanto, se não se fizer acompanhar da autorreforma moral. Muitos
presenciaram fenômenos de poder mental por parte de Jesus, admiraram esses
fenômenos, mas continuaram como “homens velhos” ou “mulheres velhas”, de acordo
com o caso.
A cura do filho de um oficial do rei
46. Ele voltou, pois, a Caná
da Galileia, onde transformara água em vinho. Havia então em Cafarnaum um
oficial do rei, cujo filho estava doente.
Quando
a justiça Divina passa a utilizar o remédio amargo dos sofrimentos, então o
Espírito desinteressado das coisas de Deus vai pedir socorro aos que vivem para
o bem. Aquele oficial foi procurar Jesus em busca da cura do filho.
Aqui
também cabe o alerta da irmã Tereza: - “Curvem-se diante do poder de Deus!”
47. Ao ouvir que Jesus vinha
da Judeia para a Galileia, foi a ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu
filho, que estava prestes a morrer.
O
pai aflito, mesmo sem crer em Jesus e nas coisas de Deus, queria ver o filho
curado a qualquer preço. Assim procedem muitos, sem merecimento, todavia, para
receberem auxílio espiritual.
O
oficial do rei era provavelmente um oficial a serviço de Herodes. Ele deve ter
andado aproximadamente 32 km para ver o Messias; tratou Jesus como “Senhor”,
colocando-se sob sua autoridade, mesmo tendo autoridade legal sobre Ele.
48. Disse-lhe Jesus: Se não
virdes milagres e prodígios, não credes.
Jesus
lhe afirmou que a maioria somente acredita a peso de prodígios.
49. Pediu-lhe o oficial:
Senhor, desce antes que meu filho morra!
O
oficial insistiu no pedido de auxílio de Jesus.
50. Vai, disse-lhe Jesus, o
teu filho está passando bem! O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu.
Jesus
garantiu que curaria o filho.
Esse
oficial do rei não apenas creu que Jesus poderia curar; também obedeceu ao Messias,
retornando para casa e demonstrando sua fé. Não é suficiente dizer que cremos
que Jesus pode curar dos nossos problemas. Precisamos agir, a fim de demonstrar
que Ele realmente pode.
51. Enquanto ia descendo, os
criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram: Teu filho está passando bem.
No
caminho de retorno, o pai ficou sabendo da cura do filho.
52. Indagou então deles a
hora em que se sentira melhor. Responderam-lhe: Ontem à sétima hora a febre o
deixou.
O
pai confirmou a hora da cura do filho exatamente quando Jesus lhe disse que o
curaria.
53. Reconheceu o pai ser a
mesma hora em que Jesus dissera: Teu filho está passando bem. E creu tanto ele
como toda a sua casa.
Observe
como a fé do oficial cresceu. Primeiro, ele creu o suficiente para pedir que
Jesus ajudasse seu filho; depois creu na afirmação de Jesus de que seu filho viveria
e agiu de acordo com essa fé. Então, ele e toda sua casa creram em Jesus. A fé
é um dom que cresce à medida que o utilizamos.
54. Esse foi o segundo
milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judeia para a Galileia.
O
Poder Espiritual de Jesus Lhe possibilitava realizar prodígios, que assombravam
as pessoas.
Fonte:
O Evangelho de João na visão espírita (e-book)
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2004
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