Fermento dos fariseus. A hipocrisia;
nada oculto a Deus. Cego conduzindo outro cego
(Mateus,
10:23-27)
Capítulo
12, 1. Tendo-se reunido grande multidão em torno de Jesus, de tal sorte que
todos uns aos outros se apertavam, entrou ele a dizer aos discípulos:
Preservai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia; 2, porquanto, nada
há Oculto que não Venha a ser conhecido. 3. Assim, o que dissestes nas trevas
será dito às claras; e o que houverdes dito no ouvido, dentro dos aposentos,
será pregado de sobre os telhados. Capítulo 6, 39. Propunha-lhes também esta
comparação. Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no fosso? 40.
O discípulo não está acima do seu mestre; mas todo discípulo será perfeito, se
for como seu mestre.
O
discípulo não está acima do mestre. Aos olhos do Senhor,
Eterno, iguais são todas as condições sociais; logo, o amo não é mais do que o
servo. Maior valor só tem o que pratica, com humildade, a lei de amor.
Mister se faz aprendamos,
compreendamos bem e não esqueçamos nunca o princípio fundamental, o objetivo e
os efeitos da lei divina e, portanto, natural, da reencarnação e,
conseguintemente, que, pela pluralidade das existências e conformemente ao grau
de culpabilidade, as expiações e as provações, tendo por fim a purificação e o
progresso do Espírito, são apropriadas às faltas cometidas nas encarnações
precedentes. Assim, por exemplo, o senhor de ontem, duro e arrogante, que, como
tal, delinquiu, falindo em suas provas, será o escravo, ou o servo de amanhã. O
sábio de ontem que, materialista e orgulhoso, abusou da sua inteligência, da
sua ciência, pervertendo as massas populares, será o cego, o idiota, ou o louco
de amanhã. O orador de ontem ou de hoje, que se utilizou da sua eloquência para
arrastar homens e povos a erros graves, será o surdo-mudo do dia seguinte.
Aquele que ontem teve saúde, força e beleza física e de tudo isso abusou, será amanhã sofredor, doente, raquítico, deserdado da natureza, enfermo; porquanto, se é certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que eles se formam apropriados às provações e expiações por que o Espírito haja de passar e que a encarnação será no meio e nas condições adequadas a umas e outras.
É o que explica por que e
como, na mesma família, dois filhos, nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se
apresentam em condições físicas, morais e intelectuais tão diversas, mesmo tão
opostas.
Saiba o homem e jamais o esqueça
de que o parente de ontem, o mais caro amigo da véspera pode vir a ser e muitas
vezes é o estranho, o desconhecido do dia seguinte, que ele poderá a todo
instante encontrar, acolher, ou repelir.
Todos, pois, nos devemos
considerar irmãos e ajudar-nos mutuamente.
Cego, guia de cego, é aquele
que não pratica o que prega, circunstância que o torna mais culpado do que o
que se deixa por ele guiar. Mais terá que expiar e, portanto, que sofrer.
Nada
há oculto. Por maiores que sejam os esforços dos inimigos da
verdade, para deter os passos à Revelação Nova, que vem, pelo Espírito da
Verdade, continuar a obra de Jesus, e grandes são esses esforços, como foram os
despendidos outrora contra a Doutrina que Ele trouxe ao mundo, ela se vai
espalhando cada vez mais, de mais em mais alargando o espaço e o futuro aos
Espíritos progressistas. É que o homem chegou a um ponto em que o seu saber tem
que aumentar com rapidez.
Preservai-vos
do fermento dos fariseus, isto é: da sua hipocrisia. Nada é
oculto a Deus, nada permanecerá oculto aos homens. Se Jesus falava por
parábolas, era porque preciso se fazia preparar as inteligências, sem as
sobrecarregar demasiadamente. Se pregasse em termos claros e precisos a sua
moral sublime, teria prejudicado os homens, em vez de esclarecê-los.
Hoje, o mesmo já não
acontece porque outro é o grau de desenvolvimento das inteligências. As
verdades, que os enviados do Senhor revelam ao mundo, devem ser espalhadas,
explicadas, desenvolvidas com toda a clareza, extraindo-se da letra o espírito,
para que de uma vez caia a venda que oculta a tantas inteligências a luz, o que
tudo se obterá, mediante a assistência dos Espíritos superiores, com paciência,
perseverança e sinceridade, sem eiva da hipocrisia com que costuma proceder o
farisaísmo de todos os tempos.
Só temer a Deus, sem cuja vontade nada
sucede
(Mateus,
10:28-31)
4. E
eu vos digo, meus amigos: Não temais os que matam o corpo e que, depois disso,
nada mais tem que fazer. 5. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: Temei aquele
que, depois de haver tirado a vida, tem o poder de lançar na geena; a esse sim,
eu vos digo, temei. 6. Não se vendem cinco pássaros apenas por dois asses?
Entretanto, não há um só deles que Deus tenha esquecido. 7. Até os cabelos das
vossas cabeças estão contados. Não temais, pois; bem mais valeis do que muitos
pássaros.
Apropriando sempre sua
linguagem à época e ao estado das inteligências, de modo a impressionar
fortemente aqueles a quem falava, Jesus dirigia essas palavras a seus
discípulos, para lhes infundir a confiança de que necessitavam, para, livres
dos temores que os assaltavam ante as provas e perigos das missões que lhes
eram confiadas, as desempenharem com desassombro, afrontando todos os percalços
e perigos. Disse-as, igualmente, para inspirar aos homens a confiança sem
limites que devem depositar em Deus, que olha com vistas paternais para todas
as suas criaturas, sem exceção.
Não temais os que podem
matar o corpo, mas que não podem matar a alma.
Jesus, com estas palavras,
chama a atenção do homem para a inteligência de que é possuidor e que, filha de
Deus, a Deus tem que voltar, na individualidade e na imortalidade.
Quanto à geena, alguns a
tomaram por um lugar de suplício, por um inferno, à maneira do Tártaro do
paganismo, das crenças gregas e romanas, onde os culpados eram punidos, ou à
maneira da cloaca dos Judeus, caverna que o rei Josias mandara construir em
Jerusalém, para despejo das imundícies da cidade, bem como dos cadáveres a que
negavam sepultura, e onde era mantido um fogo contínuo, para consumir os
detritos ali atirados.
Assim o entenderam os que se
ativeram à letra. Manifesta, entretanto, é a erronia de semelhante
interpretação, pois não se compreende que o Espírito, o princípio inteligente,
dotado de individualidade e personalidade, cuja natureza íntima ainda
desconhecemos, possa estar sujeito a permanecer indefinidamente num lugar
material circunscrito e a ser queimado pelo fogo. Vê-se, portanto, que se trata
de uma expressão alegórica, de significação complexa.
A geena, o inferno, é a
imensidade onde, quando errante, o Espírito culpado passa pelos sofrimentos ou
torturas morais apropriados e proporcionados às faltas que haja cometido.
Aquele termo abrange também, na sua significação, as terras primitivas e todos
os mundos inferiores, de prova e expiação, onde, pela encarnação ou
reencarnação, se veem lançados os Espíritos culpados, e onde o corpo que os
reveste por si só também é para eles uma geena, como o são, na erraticidade,
aqueles sofrimentos ou torturas morais.
Ora, atendendo a que o
corpo, como envoltório do Espírito, não é mais do que o instrumento das provas
necessárias à sua purificação e progresso, é claro que a criatura nada deve
temer dos que, quando muito, podem apenas destruir esse instrumento, ao passo
que deve sempre temer que a parte verdadeiramente importante do seu ser mereça
condenada à geena de que acabamos de falar. Assim sendo, evidente se torna que
o homem deve preferir a perda do seu corpo, sempre que se encontre em risco de,
para o salvar, perder o seu Espírito, isto é, incorrer em falta de que lhe
resulte a condenação à geena.
Até os
cabelos das vossas cabeças estão contados. Não devem estas
palavras ser tomadas ao pé da letra, pois que, em tal caso, envolveriam a
negação do livre-arbítrio do homem e justificariam o entregar-se ele ao
fatalismo. Quer dizer que, admitidas no sentido literal, elas sustentariam um
erro, porquanto, para ser responsável, como de fato é, preciso se faz que o
homem goze de liberdade no seu proceder. Com efeito, ele é livre de praticar um
ato qualquer, mas esse ato tem seu princípio de origem e seus corolários
regulados pelas leis naturais, imutáveis e eternas, cuja execução e aplicação o
aludido ato provoca, tornando o homem sujeito a experimentar as consequências
do seu procedimento.
O que as palavras que
estamos apreciando querem dizer é que nada sucede que não tenha sido previsto
pela infinita sabedoria do Senhor, a qual, entretanto, deixa que os
acontecimentos da vida humana sigam seu curso, conformemente ao uso que o homem
faz do seu arbítrio.
É igualmente certo, porém,
que a bondade infinita de Deus vela incessantemente pelas suas criaturas e faz
sentir sobre estas a sua influência, por intermédio dos Espíritos bons,
auxiliando-as em se forrarem aos efeitos funestos do mau uso do livre-arbítrio
de que Ele as dotou.
Assim, pois, nem um só ato
nosso, nem um só dos nossos mais secretos pensamentos escapam ao Senhor, que
nunca abandona a qualquer de seus filhos, não esquece nenhuma de suas ações
boas e não deixa impune nenhuma ação má de modo que, chegada que seja a hora da
prestação de contas, cada um encontrará, no livro da vida, a sua página
escriturada com exatidão.
Jesus veio trazer fogo à Terra. Não veio
trazer a paz e sim o gládio, a divisão, a fim de que chegue a ser conhecido e
até que o seja
(Mateus,
10:32-36)
Versículo
8. Ora, eu vos digo que aquele que der testemunho de mim diante dos homens,
dele o filho do homem dará testemunho diante dos anjos de Deus. 9. Mas aquele
que me negar diante dos homens será também negado diante dos anjos de Deus.
Versículo 49. Vim trazer o fogo à Terra; e que é o que quero senão que ele se
acenda? 50. Tenho que receber um batismo e quão ansioso estou para que ele se
cumpra. 51. Pensais que vim trazer a paz à Terra? Não, eu vo-lo digo, vim
trazer a separação; 52, porquanto, doravante, se numa casa se encontrarem cinco
pessoas, estarão todas divididas, três contra duas e duas contra três; 53,
estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a
filha, a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.
Jesus é a personificação da
moral sublime que Ele trouxe ao mundo, para a nossa salvação. Praticar essa
moral é estar no carreiro por Ele traçado, é confessá-lo. Aquele que, ao
contrário, se embrenha pelos caminhos tortuosos, que são os do orgulho, do
egoísmo, da hipocrisia, dos vícios e das paixões que degradam a Humanidade,
esse se afasta da senda da verdade, renega o bom Pastor, repudiando-lhe a lei.
Ora, a esse o bom Pastor não o pode receber na categoria dos Espíritos bons,
nem apresentá-lo ao Rei dos reis, enquanto não dê testemunho dele, praticando a
sua moral.
Jesus veio pôr fogo à Terra,
com o trazer ao mundo uma doutrina que saparia os abusos, os preconceitos e as
tradições sustentados pelos escribas, fariseus e sacerdotes orgulhosos e
cúpidos. E esse fogo Ele o queria bem aceso, para que ao seu derredor se
grupassem os homens, a fim de aprenderem, praticarem e espalharem pelo exemplo
os ensinamentos cuja difusão constituía o objeto da sua missão, que seria
sancionada com o sacrifício do Gólgota, destinado a fazê-la frutificar e
preparar o advento da nova revelação.
Com efeito, trazendo aos
homens, Espíritos atrasados, esse progresso, Ele veio dar causa a lutas, no
seio mesmo das famílias, lutas a que ainda hoje presenciamos, entre os que
desejariam enveredar pela nova estrada e os preguiçosos ou obstinados, que
quereriam permanecer estacionários. Todavia, seu objetivo era santo, pois que
consistia em substituir a fé cega e falsa, pela observância da lei de amor,
pela prática da caridade e da fraternidade, que serão os alicerces da paz
universal, ainda muito distante, é certo, mas que se há de realizar, porque
essa é a vontade do nosso Pai celestial.
O Espiritismo é Jesus
presente de novo entre nós, é Ele ainda a influir sobre nós, impelindo-nos para
o progresso e a dar lugar a novas lutas, que somente cessarão quando Ele
próprio vier completar a sua obra pela separação do joio e do bom grão, isto é,
pela elevação dos bons à posse do reino que lhes está preparado e pela repulsão
dos rebeldes e cegos voluntários para as terras em que possam decidir-se a
encetar a obra da sua purificação. Só então a sua missão se tornará de paz.
Depois de ter sido até aí rei da justiça, Ele será o rei da paz.
Trabalhai, pois, espíritas,
com ardor, diz-nos o Senhor pela boca de seus emissários, por arrancar os
parasitas que abafam a sua vinda; esclarecei as inteligências obscuras,
sustentai os fracos, ajudai os vossos irmãos a chegarem ao ponto em que vos
achais, a fim de que todos, vendo a luz, ela a todos igualmente ilumine.
Assistência e concurso do Espírito Santo
(Mateus,
10:16-22)
11.
Quando vos conduzirem às sinagogas e à presença dos magistrados e poderosos não
vos cause inquietação o modo por que respondereis, nem o que direis; 12, pois o
Espírito Santo vos ensinará, na ocasião, o que for preciso que digais.
Não vos cause inquietação
como haveis de falar, nem o que direis. O que houverdes de dizer vos será dado
na ocasião, porquanto não sois vós quem fala, é o Espírito de vosso Pai quem
fala em vós. Era preciso que os apóstolos 186 e discípulos, homens saídos do
povo, sem educação, sem desembaraço perante as autoridades, confiassem na
inspiração que lhes viria do Alto, a fim de poderem avançar no desempenho da
missão que lhes cabia. Médiuns que eram, inspirados seriam pelos Espíritos
puros, pelos Espíritos superiores e pelos bons Espíritos, a cuja assistência
aludia Jesus, ao lhes declarar: “é o Espírito de vosso Pai quem fala em vós”,
porquanto a. locução Espírito de Vosso Pai exprime o mesmo que estoutra Espírito
Santo, de cuja significação já tratamos, mostrando que indica o conjunto dos
Espíritos puros, superiores e bons.
É exatamente o que se dá nos
tempos de hoje, em que os bons médiuns veem, sentem, ouvem e falam, traduzindo
o que lhes transmitem do plano invisível os enviados do Senhor.
Fato é este que confirmamos
com o testemunho do que sabemos, do que temos presenciado e mesmo recebido.
Imitemos, pois, os
discípulos do divino Mestre: sejamos prudentes e humildes, dóceis aos seus
ensinamentos e conquistaremos lugar entre os bons servos do Senhor, segundo o
grau de pureza e elevação moral que adquiramos.
A avareza. Rico exclusivamente
preocupado com as coisas da Terra. Rico em Deus
13.
Disse-lhe então um homem do meio da multidão: Mestre, dize a meu irmão que
divida comigo a herança. 14. Jesus, porém, respondeu: Homem, quem me constituiu
vosso juiz ou partidor? 15. Depois, acrescentou: Cuidado, preservai-vos de toda
a avareza; porque a vida de cada um não está na abundância dos bens que possua.
16. Em seguida, disse-lhes esta parábola: Havia um homem riquíssimo cujas
terras produziram. Abundantes frutos; 17, e que pensava consigo mesmo: que hei
de fazer, não tendo onde guardar o que colhi? 18. Disse afinal: farei isto:
demolirei os meus celeiros, construirei outros maiores e aí amontoarei toda a
minha colheita e os meus bens; 19, e direi à minha alma: tens de reserva para
longos anos muitos bens; repousa, come, bebe, regala-te. 20. Mas Deus disse a
esse homem: Insensato, esta noite mesmo virão demandar tua alma e as coisas que
entesouraste de quem serão? 21. Assim acontece àquele que entesoura para si e
que não é rico em Deus.
Avareza é a paixão que se
apodera do infeliz cuja única preocupação consiste em acumular riquezas. São
ainda inúmeros os que só cuidam das coisas da Terra e para os quais a crença em
Deus, na imortalidade da alma, na vida futura não passa de desvario de
fanáticos e de quem não tem com que se ocupar. Aliás, não é isso de causar estranheza,
quando se sabe como, em geral, procedem os que tomaram a si a missão de ensinar
e demonstrar aos homens os fundamentos reais daquela crença e as consequências
que daí dimanam.
O certo, porém, é que, as
mais das vezes, quando menos espera, o homem se vê arrebatado pela morte,
deixando tudo quanto levou a acumular durante a vida, para ser esbanjado por
outros, que nada fizeram pela aquisição de tanta riqueza. Se as criaturas
humanas se compenetrassem bem desta ideia, ela bastaria para combater a avareza
e para lhes dar a ver quão melhor e necessário é que ponhamos, em reunir um
tesouro para a vida eterna, os cuidados e esforços que malbaratamos em ajuntar
riquezas para uma vida efêmera, qual a terrena que apenas alguns anos dura.
Daí decorre, lógica e
naturalmente, que aqueles para quem os Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo
são o código das verdades eternas, da moral divina, o que acima de tudo devem
procurar é tornar-se ricos em Deus, pela prática ininterrupta do amor e da
caridade, pelo esforço constante por se libertarem das influências materiais,
como: a sensualidade, o orgulho, o egoísmo, a cupidez, a inveja, etc.
Jesus não baixou ao mundo
para reinar sobre as coisas perecíveis como os reis da Terra, nem para dar aos
homens leis materiais. Sua missão, ao contrário, consistia, sobretudo, em
desprender, da matéria, homens profundamente materializados, ou materiais, em
lhes destruir o ídolo de carne, a fim de dar-lhes ao Espírito a visão e o gosto
das coisas espirituais.
Falava-lhes com dureza,
porque duros tinham eles os corações, tanto que, mesmo assim, pouco as suas
palavras os impressionavam.
Servir a Deus e não a Mamon. Nada de
preocupação exclusiva com as coisas materiais
(Mateus,
6:24-34)
22.
E disse a seus discípulos: Portanto, eu vos digo: não vos inquieteis pela vossa
vida, cuidando do que comereis, nem pelo vosso corpo, procurando com o que o
cubrais. 23. A vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa. 24.
Considerai os corvos: não semeiam, nem ceifam, não têm despensa nem celeiro e
Deus os sustenta. Não valeis mais do que eles? 25. Mas, qual de vós o que, pelo
seu engenho, possa aumentar um côvado à sua estatura? 26. Se as menores coisas
estão acima do vosso poder, por que vos haveis de inquietar pelas outras? 27.
Vede como crescem os lírios; não trabalham, nem fiam, e, entretanto, eu vos
digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, jamais vestiu como qualquer
deles. 28. Ora, se Deus veste dessa maneira o feno que hoje está no campo e
amanhã será lançado no forno, quanto mais a vós, homens de pouquíssima fé! 29.
Não vos atribuleis, pois, pelo que haveis de comer ou de beber; não fique em
suspenso o vosso Espírito. 30. As gentes do mundo são que procuram todas
essas coisas; vosso Pai sabe que delas tendes necessidade. 31. Procurai,
portanto, primeiramente, o reino de Deus e a sua justiça e todas aquelas coisas
vos serão dadas de acréscimo. Capítulo 16:13. Nenhum servo pode servir a dois
senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se dedicará a um e
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon. 14. Os fariseus, que
eram avarentos, ouvindo-lhe todas estas coisas, zombavam dele. 15. Jesus lhes
disse: Pondes grande cuidado em parecer justos aos homens; mas Deus conhece os
vossos corações; pois, o que é elevado aos olhos dos homens é abominação aos
olhos de Deus.
A missão de Jesus, como
ainda há pouco dizíamos, tinha por principal escopo libertar os homens do jugo,
da escravidão da matéria e convencê-los de que o objetivo que devem colimar, o
fim que acima de todas as coisas devem propor aos seus esforços é a conquista
da vida eterna, isto é, a vida de puro Espírito, do Espírito que, havendo
completado o ciclo das provas que se lhe tornaram necessárias ao progresso
moral, chega ao supremo grau de pureza, o que lhe faculta a compreensão de Deus
e o gozo eterno da vida espiritual livre, que o leva a aproximar-se cada vez
mais do centro da onipotência, sem, todavia, igualar-se jamais à Divindade.
Predicando a homens
grosseiros, de naturezas rebeldes, de almas endurecidas, tinha Ele, como também
já dissemos, que lhes dirigir fortes e enérgicas reprimendas, para conseguir
tocá-los um pouco, impressionando-lhes a imaginação.
Tendo-se em conta essas
circunstâncias e considerando-se que as suas palavras devem ser interpretadas
sempre segundo o espírito e não segundo a letra, facilmente se percebe que, ao
proferir as que constam nos versículos acima, não pretendeu o divino Mestre
aconselhar ao homem que, para satisfação de todas as necessidades da sua
existência, se entregue exclusivamente aos cuidados do seu Criador; que deixe
de cumprir a sua tarefa; que se despreocupe de toda previdência, negligenciando
em precatar-se para os dias da senectude e da invalidez. Jamais poderia Ele
pensar em dar semelhante conselho, quando é certo que do conjunto de seus
ensinos decorre para a criatura humana o dever de ajuntar no seu celeiro,
enquanto se ache no vigor da idade, os grãos que lhe assegurem o pão da
velhice. Apenas, o que é mister é que faça isso lealmente, com integridade
diante do Senhor, sem desperdiçar qualquer parcela, porque lhe cabe ajudar seus
irmãos desvalidos ou inválidos, que não puderam colher mais do que algumas
espigas para seu sustento diário.
Portanto, trabalhar segundo
as nossas forças e meios, pensando sempre nos que não o podem fazer, ou já não
podem mais, e cuidando de auxiliá-los quanto nos seja possível, eis como cumpre
procedamos, certos de que Deus abençoa os corações puros e as boas intenções.
Ninguém pode servir a Deus e
a Mamon. Mamon era uma divindade que os antigos sírios adoravam, um ídolo de
prata ou de ouro, que mais ou menos correspondia ao Júpiter dos latinos e
representava as paixões humanas, com seu cortejo de vícios, o que explica o
pensamento de Jesus, quando disse: Ninguém pode ao mesmo tempo servir a dois
senhores.
De fato, não podemos viver a
vida que Deus quer que vivamos, cedendo simultaneamente aos desvarios da vida
mundana. O mundo, em regra, considera coisas elevadas e dignas do maior apreço,
únicas cobiçáveis, a riqueza e a glória, por serem as que satisfazem ao cego
orgulho do homem, enquanto que o Senhor ama os de espírito humilde, aos simples
e mansos de coração.
A criatura deve aguardar que
pela vontade do seu Criador se lhe desenvolvam os predicados com que haja de
brilhar aos olhos de seus irmãos, mas deve esperar em atividade, no trabalho,
que Deus sempre abençoa, e não na inércia, na ociosidade, na despreocupação com
que a açucena dos campos espera, no seio da Terra, que de suas brilhantes
vestes Ele a cubra. Proceder de modo contrário é pretender que Jesus tenha
encomiado a preguiça, a negligência, é fazer de suas palavras um pretexto para
a incúria, para o fatalismo.
Não vos inquieteis pelo dia
de amanhã. Quer isto dizer que, vivendo segundo os desígnios de Deus e trabalhando,
como lhe cumpre, para a sua subsistência, deve o homem estar sempre confiante
de que a tudo mais, como for de justiça e conforme às suas necessidades
espirituais, o Pai proverá. Quer dizer também que, embora sem ser menos
previdente do que certos animais, não deve ele mostrar-se ambicioso, nem
concentrar na acumulação de riquezas todos os seus pensamentos e desejos. Quer,
ainda, dizer que, se apesar da sua aplicação ao trabalho, vier o homem a
achar-se na penúria, deve confiar-se ao Senhor, que, sabendo o que convém a
cada uma de suas criaturas, se permite que em tal situação ele se encontre, é
porque ela representa a prova necessária a lhe depurar o Espírito e a torná-lo
digno do seu Criador.
Cônscios, que devemos estar,
de que, por nós mesmos, nem as mínimas coisas somos capazes de fazer, como
poderemos alimentar a pretensão de mudar a face dos acontecimentos, que todos
decorrem da onisciente ação divina? Em todas as circunstâncias, pois, o que nos
cabe é conformar-nos, certos de que tudo obedece à vontade de Deus, que só ao
nosso bem visa.
Não nos preocupemos com os
cuidados e aflições que hajam de vir. Entreguemo-nos confiantes à misericórdia
do Senhor, que não deixará de chamar os obreiros diligentes para, no devido
tempo, gozarem do fruto de seus labores. Coragem, portanto, coragem, que esse
tempo chegará. Quando houvermos transposto a barreira que nos detém os passos,
volveremos à nossa verdadeira pátria e de lá apreciaremos os progressos da
Humanidade, e cumprida integralmente estará a revelação do Cristo.
Desprendimento das coisas terrenas.
Coração puro, único e verdadeiro tesouro
(Mateus,
6:19-23)
32.
Pequenino rebanho, não tomais, porquanto aprouve ao Pai dar-vos o seu reino. 33.
Vendei o que possuís e distribui-o em esmolas. Provei-vos de bolsas que o tempo
não estrague; amontoai, no céu, um tesouro que não se esgota nunca, do qual o
ladrão não se aproxima e que as traças não roem. 34. Pois que, onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
Como várias vezes temos
dito, Jesus, por isso que falava a homens materiais, costumava empregar, para
tocá-los, imagens materiais. Se lhes procurarmos, porém, o espírito,
encontraremos o verdadeiro sentido e o alcance de suas palavras.
Assim procedendo,
relativamente às que constam nestes versículos, veremos ser o seguinte o ensino
que delas decorre: não procureis realizar na Terra a vossa felicidade, quando
isso esteja em oposição à felicidade eterna do vosso Espírito, na imensidade.
Aproximar-nos cada vez mais
de Deus deve ser o pensamento que presida a todos os nossos atos. Para
avançarmos no sentido dessa aproximação é que, principalmente, nos achamos
neste mundo, visto que nisso está toda a nossa felicidade, o fim para que fomos
criados. Tendo-nos transviado da senda que devêramos trilhar sempre, tudo para
nós está em a retomarmos de novo, a fim de ganharmos a nossa verdadeira pátria,
ascendendo ao seio do nosso Mestre, que no-la veio mostrar, ao mesmo tempo em
que nos veio habilitar, mediante seus ensinos, para entrarmos na posse do
patrimônio de luz e bem-aventurança, que o Pai nos reserva.
Não nos deixemos fascinar
pelos bens perecíveis, qualquer que seja o brilho que aparentem, porque são uma
fonte de trevas para o nosso Espírito. A luz que parecem ter se apaga, desde
que deles nos prive a morte. Ver-nos-emos então numa existência, onde não cabem
as vaidades, e sem coisa alguma com que possamos apresentar-nos perante Deus.
O nosso único e verdadeiro
tesouro está junto do Eterno, que é o possuidor de todas as graças. Desde que nos
compenetremos desta verdade, Ele será sempre o alvo de todas as nossas ações,
de todos os nossos pensamentos, para Ele se voltará de contínuo o nosso
coração, que assim estará sempre junto de Deus, origem e concretização de todos
os bens reais, porque junto dele estará o nosso tesouro.
Pequenino rebanho, não
temais, etc. Estas palavras Jesus as dirigia aos primeiros discípulos, muito
poucos, em número, comparativamente à grandeza da tarefa que lhes cabia
desempenhar, mas devotados e atentos em caminhar sem desvios pela senda do
Senhor. Dirigem-se também aos primeiros espíritas que, em número igualmente
reduzido para a missão que lhes cumpre desempenhar, precisam ser, como aqueles,
cheios de devotamento e firmes nos seus passos sob as vistas do Senhor, em
cujas promessas devem, como os primeiros discípulos, confiar plenamente.
Vendei o que possuía e
distribui-o em esmolas. Não quer isto dizer que devamos desfazer-nos de todos
os nossos haveres, de modo a ficarmos na condição de termos que, por nossa vez,
esmolar. Fora absurdo e contrário a todos os ensinamentos do Mestre. Significa
que a posse e a aplicação dos bens que nos pertençam devem ser isentas de
egoísmo e santificadas pela caridade; que as boas obras, de ordem material,
como de ordem intelectual, constituem as únicas riquezas indestrutíveis,
porque, como bens espirituais que são, representam o principal fator de todo
progresso moral, que nos conduz à perfeição, fazendo-nos aproximar de Deus.
Vigiar. Estar pronto a receber a Jesus
pôr ocasião da sua segunda vinda
35.
Cingidas estejam as vossas cinturas e acesas tende nas mãos as vossas candeias.
36. E assemelhai-vos aos que esperam que seu Senhor volte das bodas, para,
quando chegar e bater à porta, logo lha abrirem. 37. Bem-aventurados os servos
que o Senhor, ao chegar, encontre vigilantes, em verdade vos digo que ele se
cingirá, fará se ponham à mesa e virá servi-los. 38. Quer chegue na segunda
vigília, quer na terceira, se assim os achar, bem-aventurados são esses servos.
Estejamos sempre vigilantes,
sempre preparados a comparecer diante do nosso Senhor e a recebê-lo, quando lhe
apraza vir, ou mandar-nos emissários seus.
O Mestre veio e os apóstolos
estavam prontos para recebê-lo. Grande foi a sua satisfação.
Mas, Ele voltará. Vai
adiantada a noite, a segunda vigília começa pela era nova a que Jesus, em
mente, aludia. Ele nos manda emissários, órgãos do Espírito da Verdade, a
preparar a sua vinda. Estejamos, pois, atentos para a terceira vigília, que Ele
nos quer encontrar velando por nós mesmos e prontos a recebê-lo, purificados e
luminosos pelo mérito das nossas obras, que nos tornarão as almas resplendentes
de luz pura e fulgurante em presença do Senhor.
Far-nos-á sentar à mesa e
nos servirá. Quer dizer que nos mostrará a verdade sem véu e nos levará à
perfeição.
Nos tempos antigos, a noite
era dividida em quatro partes, quatro vigílias. A primeira ia das seis da tarde
às nove horas; a segunda até à meia-noite; a terceira até três da madrugada; a
quarta, chamada a do cantar do galo, se prolongava até ao amanhecer. (MATEUS,
capítulo 25, versículo 13 MARCOS, capítulo 13, versículo 35). O dia
propriamente dito, que começava às seis da manhã e findava às seis da tarde,
dividia-se em 12 horas. Assim, hora terceira (Atos, capítulo 2, versículo 15),
correspondia às nove horas de hoje; hora sexta ao meio-dia; hora nona às três
da tarde.
O homem deve estar sempre alerta
(Mateus,
24:40-44)
39.
Ora, sabei que, se o pai de família soubera a que hora viria o ladrão,
certamente vigiaria e não deixaria que lhe arrombassem a casa. 40. Estai, pois,
vós outros vigilantes, pois o Filho do homem virá à hora que não pensais.
Já foram explicadas estas
palavras que Jesus proferiu diversas vezes em ocasiões e lugares diferentes e
devem estar compreendidas. Uns hão de aproveitar da regeneração, outros, porém,
serão mandados para planetas inferiores. Uma parte avançará, enquanto que a
outra se conservará indigna de participar das novas encarnações no planeta
depurado.
Jesus INSISTE e FRISA a
incerteza do dia e da hora dos acontecimentos, quer de ordem física, quer de
ordem moral, que predissera, a fim de que estejamos cada vez mais alertas e
vigilantes. Quão poucos são ainda os que veem os sinais dos tempos, da era nova
do Cristianismo do Cristo, da era espírita, da aurora da regeneração da
Humanidade.
A obra do progresso segue a
sua marcha; mas, não sabemos até onde ela tem que ir, nem quando quererá o
Senhor dar a última demão na da regeneração humana. Estejamos, portanto, em
guarda, prontos, pois bem pode acontecer que sejamos surpreendidos
improvisamente. E o Senhor rejeitará os servidores indolentes que não tiverem
sabido esperá-lo.
Mesmo antes dessa escolha
final, a desencarnação não nos surpreende muitas vezes de improviso, no curso
das nossas existências? Pois bem: se, pela vigilância constante, não nos
mantivermos preparados para recebê-la a qualquer momento, não nos forraremos às
torturas do remorso na erraticidade, nem a muitas das expiações, reparações e
provas que se lhes seguirão e que evitaremos, se estivermos sempre vigilantes
sobre nós mesmos, como repetidamente o recomendou o divino Mestre.
Parábola do servo fiel e prudente e do
mau servo
41.
Pedro então lhe perguntou: Senhor, esta parábola tu a dizes para nós outros
somente ou também para todos? 42. Respondeu o Senhor: Quem julgas que seja o
ecônomo fiel e prudente, que o Senhor estabeleceu sobre seus outros servos,
para que, no devido tempo, distribua por estes a ração de trigo? 43. Feliz
desse servo se o Senhor, quando vier, o achar assim fazendo. 44. Em verdade vos
digo que lhe confiará a gestão de todos os seus bens. 45. Mas, se esse servo
disser no seu íntimo: “Meu Senhor tardará em vir» e começar a espancar os
outros servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46, virá o senhor
desse servo num dia em que ele o não espera, a uma hora em que não cuida, o
separará dos outros e fará partilhar da sorte dos infiéis.
Estas palavras do Mestre,
apropriadas, como todas as que Ele pronunciou, aos tempos e às inteligências,
se aplicam aos que tomaram o encargo de dirigir seus irmãos, de conduzi-los
pelo caminho do progresso, de espargir sobre eles a luz. Felizes dos que,
servos fiéis e prudentes, distribuírem a tempo e a hora o alimento, dando a
cada um a luz e a verdade de que necessitar e que puder receber. Grande
recompensa terão, vendo abrir-se cada vez mais, diante de seus passos, a
estrada que, levando à perfeição, dá acesso ao trono do Senhor onipotente, que
então os fará partícipes de sua inteligência, do seu poder e do seu amor, na
vida e na harmonia universal.
Os que, porém, abusam da sua
autoridade, da confiança de que são indignos, para transviar os que deviam ser
por eles guiados; para mais apertar a venda nos olhos dos que deviam ser por
eles esclarecidos e se entregam às voluptuosidades humanas, lançando mão de
bens em que não deveriam tocar, sequer, esses serão severamente punidos.
Responderão pelas suas faltas e pelas que tenham induzido outros a cometer.
Maus servos, eles irão,
exilados, para mundos inferiores, para o meio dos “infiéis”, servir de guias a
“cegos” e de instrutores a “surdos”. Lamentarão aí amargamente não haverem
desempenhado a missão de que se incumbiram, quando se achavam entre seres
inteligentes, capazes de compreendê-los. Sofrerão horrivelmente e tanto mais,
quanto mais adiantados tenham sido no planeta terreno.
É esta uma lição que se
aplica a todos os que pediram e obtiveram a missão de dirigir seus irmãos pela
senda do progresso físico, moral e 403 intelectual. As palavras do Mestre, de
onde essa lição decorre, embora se refiram a coisas de ordem espiritual, também
se nos aplicam, no tocante às coisas de ordem temporal, do ponto de vista assim
da recompensa, como das consequências dolorosas.
A culpabilidade e a responsabilidade do
Espírito são proporcionais aos meios postos a seu alcance para se instruir e à
luz que recebeu
47. Esse servo, que conheceu
a vontade do seu Senhor e que, entretanto, não se preparou, nem fez o que seu
Senhor queria será duramente açoitado. 48. Aquele, porém, que, sem conhecer a
vontade do seu Senhor, fez coisas merecedoras de castigo, receberá menos
açoites. Muito será pedido àquele a quem muito foi dado e aquele a quem muito
tenha sido confiado maior conta terá que prestar.
Jesus, na sua linguagem
sempre apropriada às inteligências dos homens materiais que lhe ouviam as
prédicas, apresentava-lhes sempre a imagem de um castigo material.
O grau e a extensão da
responsabilidade guardam relação com o conhecimento que a criatura tem do mal
que pratica. Necessariamente, maiores são as responsabilidades daquela que
incorre em falta, depois de haver recebido advertências, conselhos e
ensinamentos, visto que muito será pedido a quem muito se haja dado.
À vontade, os desígnios do
Senhor, com relação aos seus servos, são que, progredindo constantemente,
alcancem a perfeição. Daí o corresponderem sempre à natureza e à gravidade das
faltas, com absoluta justiça e grande misericórdia, as expiações e provas que
elas acarretam.
Pelos sofrimentos é que o
Espírito se depura e ganha uma elevação que o habilita a descortinar horizontes
de cuja visão o seu atraso moral o privava. Devido a esse atraso é que a
Ciência ainda não preenche na Terra a sua missão.
Aproximam-se, no entanto, os
tempos em que nesta frondejará a árvore da verdadeira ciência, bem diversa da
que ela até hoje tem possuído e que, baseada apenas em conjeturas ou hipóteses
mais ou menos procedentes, ainda não pôde assenhorear-se da razão de ser das
coisas.
Palavra injuriosa. Reconciliação
54.
E ele dizia ao povo: Assim vedes formar-se uma nuvem do lado do poente, dizeis:
vem chuva e com efeito chove. 55. Quando sopra vento do Sul, dizeis que vai
fazer calor e assim acontece. 56. Hipócritas! Sabendo reconhecer o que
pressagiam os aspectos do céu e da terra, como é que não reconheceis os tempos
que correm? 57. E por que, por vós mesmos, não reconheceis o que é justo? 58.
Quando houveres de comparecer com o teu adversário perante o magistrado, trata
de te livrares dele durante a viagem, para evitares que te leve ao juiz, que o
juiz te entregue ao esbirro e que este te meta na prisão. 59. Dai não sairás,
eu te digo, enquanto não tiveres pago até o último ceitil.
De acordo com a maioria dos
registros históricos de que dispomos, a principal ocupação que existia era a
agricultura. O lavrador dependia diretamente do clima e das estações para
garantir o seu sustento. Precisava do equilíbrio entre o período de chuva e o
de estiagem para que houvesse uma boa colheita. Assim, muitos se aperfeiçoavam
em interpretar os sinais da natureza. Jesus anunciou um acontecimento tão
assombroso quanto um terremoto, porém muito mais importante do que as
colheitas: a vinda do Reino de Deus. Da mesma maneira que as nuvens escuras
predizem uma tempestade, havia sinais de que o Reino logo chegaria.
Mas os ouvintes de Jesus,
embora fossem peritos em interpretar os sinais do clima e das estações do ano,
ignoravam intencionalmente os sinais relativos àquele tempo.
A reconciliação com o irmão
a quem tenhamos ofendido e a reparação do dano que lhe houvermos causado são,
aos olhos do Senhor, ações mais meritórias do que toda e qualquer oferenda
levada ao altar, ou, o que vem a ser o mesmo, do que todo e qualquer ato de
culto exterior, ainda que não puramente material.
Devemos cuidar de
harmonizar-nos com os nossos adversários, enquanto estamos neste mundo, pois
que, quando menos esperarmos, poderemos ser arrebatados pela morte e iremos
sofrer as consequências das faltas que houvermos cometido contra os nossos
irmãos, no inferno do remorso e do pesar de não termos sabido escutar e praticar
os ensinos do Evangelho, que só à felicidade eterna nos encaminham.
O homem precisa compreender
que, se repelir o seu irmão, será repelido da bem-aventurança que a todos está
destinada, até que se haja submetido ao mandamento supremo do duplo amor conjugado,
a Deus e ao próximo. Tal o efeito inevitável da lei de justiça e de amor na
obra da eterna e perfeita harmonia.
SAYÃO, Antonio Luiz. Elucidações evangélicas. FEB (e-book).
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