Evangelho segundo Lucas - cap. 11

Prece. O Pai Nosso

(Mateus, 6:5-15)

1. E sucedeu que, tendo estado a orar em certo lugar, quando acabou, um de seus discípulos lhe disse: Senhor, ensina-nos a orar, assim como João ensinou a seus discípulos. 2. Disse-lhes Ele então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome, que o teu reino venha; 3, dá-nos hoje o pão de cada dia; 4, perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos devem e não nos deixes entregues à tentação.

A prece! Antes que a luz do Espiritismo nos banhasse a alma, não sabíamos o que é verdadeiramente prece, nem qual o seu poder e a sua eficácia. Ela não passava, para nós, de uma prática costumeira, a que nos habituara nossa mãe e a que recorríamos, sempre que nos sentíamos aflito. Rogávamos então a Nosso Senhor Jesus Cristo um remédio para o nosso sofrimento. Apesar, porém, de lhe ignorarmos o valor e a eficácia, mesmo fazendo-a por simples hábito, ela nos enchia de doces esperanças o coração e nos proporcionava conforto. Faltava-nos, entretanto, a convicção de que aqueles por quem pedíamos beneficiavam dos nossos rogos.

Essa, aliás, a situação em que se encontra, com relação à prece, a generalidade das criaturas, devido à ignorância em que se mantêm da verdade, por efeito da incompreensão das coisas santas, donde a indiferença geral, cuja responsabilidade pesa toda sobre os que, monopolizando a interpretação das letras sagradas, fazem dos Evangelhos hieróglifos semelhantes aos do antigo Egito.

Considere-se, porém, que, se entre os egípcios o sacerdócio proibia aos leigos a leitura e a explicação dos livros sagrados, era porque, para os ler e explicar, mister se fazia uma iniciação longa, que se praticava através de estudo profundo e continuado e de provas que capacitavam o indivíduo para um estado de desprendimento que lhe permitia penetrar no mundo da verdade. Assim, esta, naquela época, como ao tempo de Jesus, só era ministrada ao povo de modo muito restrito, em proporções compatíveis com o desenvolvimento comum das inteligências. Aos fracos, precisava ser transmitida veladamente, para os não tornar insanos; aos maus, para lhes não aumentar as responsabilidades, ou lhes facultar meios de praticarem o mal. Os sacerdotes egípcios, no entanto, os iniciados, esses já conheciam o magnetismo, o sonambulismo e praticavam a sugestão, chamada então magia, segundo refere Estrabão, o célebre geógrafo grego.

Vê-se assim que, no Egito, iniciados eram aqueles para quem a luz da verdade brilhava com grande fulgor. Eles não ficavam, como os que se dizem representantes de Jesus na Terra e únicos possuidores do conhecimento da sua doutrina, envoltos na obscuridade dos mistérios, dos milagres e dos dogmas, em contrário ao que quer o manso Rabi de Nazaré, que veio à Terra precisamente para iluminar com seus ensinos e exemplos o caminho da salvação a todas as criaturas de Deus. E são do estudo e da prática sincera e simples desses ensinos que ressaltam o poder extraordinário, o valor inigualável e a prodigiosa eficácia da prece.

Um exemplo: certa vez, durante algumas noites seguidas, à hora de nos deitarmos, oramos em favor de um irmão do espaço que, por um médium, nos fizera a narração de seus sofrimentos. Decorridos algumas semanas, por ocasião de outro trabalho, disse-nos o médium, ao ouvido: F. agradece os benefícios que colheu das tuas preces. Despertada a nossa reminiscência, pelo irmão agradecido, sentimo-nos surpreso, mas, ao mesmo tempo, cheio de grande contentamento.

Doutra feita, havendo acompanhado o bom irmão Bittencourt Sampaio, nosso mestre e companheiro de saudosa memória, em visita que fez a uma infeliz irmã que tinha o rosto já todo devorado por um cancro e à qual ia ele levar algum alívio, na primeira sessão que realizamos depois desse fato, o anjo de guarda da pobrezinha se manifestou, para-nos- agradecer, dizendo: “O Pai celestial ouviu as vossas preces e Francisca deixa de sofrer neste momento”. Desencarnara. Desde então se nos firmou definitivamente a convicção de que a prece opera prodígios de misericórdia, é um recurso de valor inapreciável, que a bondade infinita de Deus nos concede para obtermos o de que necessitam os nossos Espíritos, uma vez que o empreguemos com humildade, submissão e fé.

A ciência espírita ensina como se produzem esses efeitos, fazendo-nos compreender que a prece, considerada do ponto de vista espiritual, é uma emanação dos mais puros fluídos, por meio da qual amparo e força recebem, mesmo a seu mau grado, aqueles a cujo favor é ela feita; que é uma magnetização moral, operando-se a distância; que, assim sendo, orar é emitir fluídos sutis que, propelidos pela força da vontade, do amor, vão envolver aquele por quem se ora, fortalecer-lhe o Espírito e esclarecê-lo. Pela prece, exercemos, de um ponto de vista mais alto, ação idêntica à que desenvolve o magnetizador sobre um paciente.

Recomendando, para a prece, o segredo, o silêncio, o recolhimento, e aconselhando seja ela feita em poucas palavras, Jesus, ipso facto, condenou, assim com relação àquela época, como em relação ao futuro, as pompas cultuais e as cerimônias ritualísticas, a multiplicidade das rezas que os lábios pronunciam, conservando-se-lhes alheio o coração.

Jesus orou ao Pai por nós, do mesmo modo que o fez Moisés que, dando um ensinamento aos hebreus, levantou para os céus as mãos, sempre que precisou vencer a Israel. (Êxodo, capítulo 17, versículo 11).

Jesus Cristo vive sempre para interceder por nós. (Paulo, “Epístola aos Hebreus”, capítulo 7, versículo 25; “Epístola aos Romanos”, capítulo 8, versículo 34; 1ª. a Timóteo, capítulo 2, versículo 5; João, 1ª Epístola”, capítulo 2, versículo 1). Pai, perdoa-lhes. (Lucas, capítulo 23, versículo 34). Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste. (João capítulo 17, versículo 11). Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco. (João, capítulo 14, versículo 16).

Intercedendo, pois, pelas ovelhas de seu rebanho, Jesus nos deu um exemplo que devemos seguir constantemente, orando, sempre com o pensamento nele, que ora por nós, que por nós vive e reina.

Foi num desses dias, em que o viram absorvido na oração, que seus discípulos, pela boca de um deles, lhe pediram, terminada a sua prece: “Senhor, ensina-nos a orar.” E o divino Mestre, satisfazendo de pronto a esse pedido, lhes ensinou a oração, que ficou sendo chamada dominical, porque dirigida a Deus, o Senhor, em latim — dominus.

Santificado seja o teu nome: que cada uma das tuas criaturas te bendiga o nome, pelos seus pensamentos e atos, como pelas suas palavras; que seus corações nada abriguem capaz de lhes macular os lábios com uma blasfêmia, tornando-os impuros para proferir o nome daquele que é a pureza absoluta.

Que o teu reino venha: pois que o teu reino é da justiça, da paz e do amor; que a paz, o amor e a justiça reinem entre os homens.

Dá-nos hoje o pão de cada dia: concede-nos, Senhor, o alimento necessário à sustentação do corpo material que nos deste, como instrumento para a obra da nossa purificação espiritual; mas, dá-nos, sobretudo, o pão da vida eterna, o viático indispensável a todos os Espíritos que faliram, como os nossos, para que tenham a força de subir até ao sólio da tua eternidade.

Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos nos devem: Perdoa-nos as ofensas que te temos feito, os pecados em que a todo instante caímos, as faltas em que ainda a todo o momento incorremos, transgredindo os preconceitos da tua santa lei. Mas, como o amor e o perdão formam a essência dessa lei, a que se acha submetida a nossa existência, que a tua justiça caia sobre nós, pois que disseste, pelo teu Filho bem-amado, o nosso Mestre divino: “Amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; abençoai os que vos amaldiçoam.” Usa, porém, de misericórdia para conosco, se misericordiosos formos para com os nossos irmãos, perdoando-nos tanto quanto houvermos perdoado as faltas dos nossos semelhantes.

Não nos deixes entregues à tentação: bem conhecendo a extensão da nossa fraqueza, forra-nos, Senhor, às provas demasiado fortes para a nossa virtude e dá-nos forças para resistirmos aos nossos maus pendores; fortalece-nos a coragem, revigora-nos as energias, a fim de que possamos vencer, sem tibiezas, nem desfalecimentos, na luta que precisamos travar com as paixões grosseiras e os sentimentos inferiores, que nos tentam de contínuo, para a nossa perdição.

Livra-nos de todo mal: permite, Senhor, que cercados pelos bons Espíritos, dóceis aos seus conselhos e inspirações, possamos sempre resistir às nossas paixões e vícios, às nossas inclinações más, e repelir assim os maus Espíritos que, atraídos por essas inclinações, paixões e vícios, tentam constantemente apoderar-se de nós e arrastar-nos ao caminho do mal.

Por concluir, repitamos o conselho com que os evangelistas e os apóstolos puseram fecho a essa explicação da oração dominical: “Meditai, amados irmãos, este ensinamento que, em nome e da parte do Cristo, Espírito da Verdade, acabamos de dar-vos, acerca da oração dominical. Estudai com o coração tudo quanto esta sublime prece inspira ao homem, para se manter no bom caminho, desenvolvendo e fortificando em si os sentimentos do dever para com Deus, para com seus irmãos e para consigo mesmo. Estudai com o coração tudo o que ela encerra de amor, de reconhecimento e de submissão Àquele que, desde toda a eternidade, foi, é e será Deus de bondade, de perfeições absolutas e infinitas. Que esse Deus, o Deus de amor vos abençoe.”

A prece. Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e se vos abrirá

(Mateus, 7:7-11)

5. Disse-lhes ainda: Se alguém que tiver um amigo o for procurar alta noite, dizendo: Meu amigo, empresta-me três pães, 6, pois um de meus amigos, que está viajando, acaba de chegar a minha casa e nada tenho para lhe dar; 7, e o amigo lhe responder, de dentro de casa: Não me importunes; minha porta já está fechada e meus servos deitados assim como eu: não posso levantar-me para te dar o que pedes; 8, se, apesar disso, o primeiro insistir em bater, digo-vos que, quando o segundo não se levante para dar o que lhe é pedido por ser seu amigo o pedinte, se levantará pelo menos por causa da importunação e dará ao outro tudo o que lhe seja necessário. 9. E eu vos digo: Pedi e se vos dará, procurai e achareis, batei e se vos abrirá; 10, porquanto quem pede recebe, quem procura acha e àquele que bate se abre. 11. Se algum de vós pedir pão a seu pai, este lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 12. Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13. Ora, se maus como sois, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, com mais forte razão vosso Pai, que está nos céus, dará o bom Espírito aos que lho peçam.

Com estas palavras, Jesus animava a seus discípulos, a fim de que não caíssem no abatimento e no desânimo, que o mau êxito costuma acarretar.

A perseverança fortalece, melhora e garante o bom êxito às nossas resoluções, às nossas obras e à nossa fé, tornando-nos dignos da atenção do Mestre que, pelos nossos esforços reiterados, nos concede o que antes não concedera, quando ainda não estávamos seguros de nós mesmos.

Coisa alguma deve o homem fazer ou empreender, sem primeiro invocar e implorar a assistência do Senhor que, cheio sempre de bondade, sabe o que convém a seus filhos e lhes dá, segundo esse critério, o de que necessitem, muito embora sejam eles as mais das vezes tão cegos e ingratos, que lhe não percebem os providenciais desígnios.

Nós quase sempre pedimos, sem sabermos se nos convém ou não aquilo que desejamos, se está de acordo com a natureza das provas que devamos sofrer. Ele, porém, que é nosso Pai e tudo sabe acerca de cada um de nós, nos alimenta de conformidade com a nossa constituição.

Peçamos-lhe o pão de vida e Ele nos facultará abundantes meios de o adquirirmos. Conceder-nos-á luz, para compreendermos por que sofremos, e as forças da fé e da humildade, para sofrermos com paciência, resignação e amor as mais rigorosas provas.

Se nem sempre nos concede a graça que lhe solicitamos, é porque vê, que, em vez de ser ela para nós um bem, grande mal poderia trazer-nos. Mas, ao filho que se lhe dirige com sinceridade, abre-lhe Ele o entendimento que dá o bom Espírito, isto é, a capacidade de amá-lo e a inteligência das coisas sob a influência espírita, permitindo que seus mensageiros o esclareçam. Aquinhoado com essa graça, compreende o homem os ensinos do Mestre; esforça-se pelos praticar, e jamais desespera do seu amor e da sua justiça.

Possesso mudo. Blasfêmia dos fariseus

(Mateus 9:32-34)

14. Jesus expulsou o demônio de um homem que estava mudo e, logo que expulsou o demônio, o mudo falou e todo o povo se encheu de admiração. 15. Mas, entre os populares, alguns diziam: É por Belzebu, príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios. 16. Outros, para o tentarem, lhe pediam um sinal do céu. 17. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo será desolado e casa sobre casa cairá. 18. Se, pois, Satã está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Sim, porquanto dizeis que é por Belzebu que expulso os demônios. 19. Ora, se é por Belzebu que expulso os demônios, por quem os expulsam vossos filhos? Eis porque serão eles mesmos os vossos juízes. 20. Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, é que o reino de Deus veio até vós.

Era exercendo uma ação fluídica sobre os órgãos da voz, da palavra, que o mau Espírito, obsessor daquele homem, a quem chamavam possesso do demônio, o tornava mudo. Jesus o afastou, cessou a ação fluídica, o mudo falou.

Quanto à acusação dos Fariseus e dos Padres da época, que atribuíam o fato à influência de Belzebu, era análoga à que fazem aos espíritas os Sacerdotes de hoje, dignos sucessores dos sacerdotes hebreus. Assim sendo, bem é de ver-se que nenhuma atenção nos pode ela merecer.

Com efeito, aqueles diziam de Jesus que ele era assistido por Belzebu; dizem seus sucessores que a Doutrina Espírita é demoníaca. Ë natural e não podia ser de outra maneira, uma vez que esta ensina e prega exatamente o mesmo que ensinava e pregava o Divino Mestre: o amor de Deus e do próximo, a renúncia às coisas da Terra, a prática ilimitada da caridade, o perdão sem restrições, a humildade, a benevolência, a observância, em suma, de todos os preceitos e mandamentos divinos, exemplificados pelo manso Cordeiro de Deus.

E não só propaga ensinamentos idênticos aos deste, como explica, em espírito e verdade, o que nos Evangelhos, que encerram toda a verdadeira Doutrina Cristã, se acha encoberto pelo véu da letra, pelo simbolismo da parábola, pela capa do mistério, escoimando-a de todos os mandamentos humanos que, oriundos de interpretações falsas ou tendenciosas e de tradições caducas, adulteraram completamente as palavras e lições do Enviado do Senhor.

Se estamos em erro, se não é esta a verdade, que no-la mostrem, que nos convençam do nosso erro e abaixaremos a cabeça, porque a mais ardente aspiração de nossa alma é sermos humildes e fiéis servos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O forte armado. Pecado remido. Blasfêmia contra o Espírito Santo. Tesouro do coração. Quem não está com Jesus está contra ele.

(Mateus, 12:29-37; Marcos, 3:27-30)

21. Quando um homem forte guarda armado a entrada de sua casa, em segurança está tudo o que ele possua. 22. Porém, se outro mais forte vem e o vence, levará consigo todas as armas em que ele confiava e se apossará dos seus haveres. 23. Aquele que não está comigo está contra mim e aquele que comigo não entesoura dissipa. Capítulo 12, versículo 10. Se alguém falar contra o filho do homem, isso lhe será perdoado; mas não terá perdão aquele que blasfemar contra o Espírito Santo.

A fim de apreendermos o pensamento do Mestre através da linguagem de que Ele usava, precisamos despojar da letra o espírito, para o que mister se faz compreendamos bem o sentido verdadeiro destas palavras suas ditas especialmente aos que são chamados a receber a revelação nova: “O espírito é que vivifica; as palavras que vos digo são espírito e vida”.

Dizendo o que se lê no capítulo 12, versículo 29 de Mateus e capítulo 3, versículo 27 de Marcos, alude Jesus ao pecado que, por suas seduções, se apodera do homem e o despoja de todas as virtudes. Eram, pois, palavras emblemáticas.

Pelas do capítulo 11, versículo 21 de Lucas, vemos que precisamos estar vigilantes sobre a nossa consciência, a fim de nos acharmos sempre prontos a combater os maus instintos e pendores e as paixões más. Se deixamos de conservar-nos cautelosamente em guarda e ativos na prática do bem, os vícios penetram em nosso coração e nos tomam uma a uma as armas. Porque, não basta deixar de praticar o mal; é necessário praticar o bem, que só ele nos resguarda de cairmos no mal. Com efeito, que é, senão egoísta e orgulhoso, aquele que falta à caridade? Que é, senão ímpio, aquele que se esquece do seu Deus? O mesmo se dá com todas as virtudes que não são praticadas. Tomam-lhes o lugar os vícios que elas, se cultivadas, teriam destruído.

No versículo 22 de Lucas completam a figura material que o divino Mestre compusera para a inteligência dos Hebreus. Sem dúvida, os vícios que substituam as virtudes no coração daquele que se tornou descuidoso e não tirou proveito delas antes de serem destruídas, para aproveitarem da sua destruição despojam as ditas virtudes do asilo que lhes fora preparado e nele se alojam.

Aquele que não está comigo está contra mim. Quer isto dizer: quem não segue a lei do Cristo, isto é, a doutrina moral de que Ele é a personificação, dela se aparta; logo, está contra Ele, pois que trilha senda oposta à que Ele traçou. Do mesmo modo, quem caminha por essa senda reúne os tesouros que o Senhor reserva para os justos; quem dela se desvia dissipa esses tesouros e perde precioso tempo. Eis por que também Ele disse: “Quem comigo não entesoura dissipa”.

A blasfêmia consiste em negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro àquele que é todo amor, ciência e justiça, que é a verdade absoluta. Que crime se pode a este comparar?

Quanto ao pretender-se que, por haver dito que o que blasfema contra o Espírito Santo não terá perdão na eternidade, será réu de eterno delito, o divino Mestre haja formulado uma ameaça de penas eternas, nenhum fundamento há para semelhante dedução. Para os Hebreus, de acordo com seus preconceitos, tradições e escrituras, os termos “eternidade”, “eterno”, “eternamente”, apresentavam dois sentidos, podiam ser tomados em duas acepções diversas: um sentido absoluto, quando se referiam a Deus; um sentido relativo, quando empregados com referência aos homens, caso em que indicavam uma duração imensa, mas, por maior que fosse, limitada, condicionada a ter fim. Veja-se, em confirmação do que dizemos: Êxodo, capítulo 15, versículo 18; Miqueias, capítulo 4, versículo 5; Esdras, capítulo 3, versículo 3; Josué, capítulo 14, versículo 9; Isaías, capítulo 57, versículo 16. Foi, pois, em sentido relativo, querendo exprimir dilatadíssimo período de tempo, como o concebemos, que Jesus usou daquelas palavras, falsamente interpretadas pelos homens, quando lhes deram um sentido absoluto.

Quantas vezes não se manifestam em nossas sessões Espíritos grandemente sofredores, por se sentirem imensamente culpados, dizendo que se acham condenados a penas eternas, que seus sofrimentos não mais terão fim? A existência, neles, dessa crença constitui um dos meios providenciais de serem levados ao arrependimento. Com efeito, a agudeza e a longa duração do sofrimento acabam consumindo as energias do culpado para o mal. Cansado de sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores sem fim, ele se volta para si mesmo, olha com desespero para o seu passado, aprecia todos os crimes e faltas que o precipitaram no abismo e, afinal, exclama: Se eu houvesse de recomeçar! Então, os bons Espíritos, sempre atentos aos transviados, o impelem a ver como faria, se tivesse de recomeçar e o induzem, assim, pouco a pouco ao arrependimento, fazendo-lhe nascer no íntimo a esperança do perdão, esperança a cujo influxo o arrependimento se desenvolve e se acentua o desejo de expiar, reparar e progredir, mediante provas adequadas a esse efeito. E Deus lhe perdoa, concedendo-lhe a reencarnação, a fim de que, pelo caminho da reparação se purifique e eleve.

Disse Jesus: “Meu pai não quer que nenhum destes pequeninos pereça. Vim salvar o que estava perdido. Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus”. Essas palavras bem mostram que não há Espírito culpado e rebelde, que não experimente o influxo das leis imutáveis do progresso e do aperfeiçoamento, às quais todos os que se transviaram são levados a obedecer, pelo sofrimento e pela expiação. Nenhum há que, com o tempo e a reencarnação, deixe, ovelha tresmalhada, de voltar ao aprisco.

Dever, que tem o homem, de resistir aos maus instintos, às más paixões. Resposta de Jesus ao que, do meio do povo, lhe disse uma mulher

(Mateus, 12:43-45)

24. Quando o Espírito impuro tem saído de um homem, anda por lugares áridos em busca de repouso. Não o encontrando, diz: Voltarei para a casa donde saí. 25. E voltando, a encontra varrida e ornada. 26. Vai-se, então, de novo, reúne outros sete Espíritos mais malvados do que ele e, entrando todos na casa, lá se instalam. E o último estado do homem fica sendo pior do que antes. 27. Ora, sucedeu que, quando ele dizia estas coisas, uma mulher, elevando a voz do meio do povo, lhe disse: Felizes o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram! 28. Jesus, porém, disse: Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam.

Os Espíritos imundos que influenciam para o mal o homem são atraídos pelos seus maus sentimentos. Ora, se o homem limpar sua alma de todas as impurezas e a adornar das virtudes opostas a tais sentimentos ocupá-la-á o seu anjo de guarda, tornando impossível àqueles Espíritos fazerem nela morada, como antes. Ornemos, pois, de virtudes as nossas almas, a fim de que o Senhor as possa considerar habitações dignas dos seus mensageiros, os Espíritos bons, de cuja inspiração e assistência gozaremos, então, constantemente.

Nenhuma relação tem o que acabamos de dizer com o chamado “sacrifício da eucaristia”, pelo qual entendeu a Igreja romana de fazer do corpo humano morada da divindade. Semelhante absurdo, como todos os outros erros dessa igreja, provém das interpretações literais por ela dadas às Escrituras, interpretações que, se outrora puderam legitimar-se com o grande atraso intelectual da Humanidade, hoje constituem uma das causas principais do desprestígio em que a vemos e da generalização da descrença.

A comunhão do Cristo, simbolizada pela Ceia, foi um último e solene apelo por ele feito aos homens, para o cultivo da fraternidade. A comunhão dos discípulos era um repasto comemorativo, uma lembrança simbólica daquela outra comunhão.

Dizendo respeito unicamente ao Espírito toda a Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo lado unicamente espiritual é que deveram ter encarado e ensinado os preceitos evangélicos aqueles que se intitulam seus representantes na Terra, com abstenção completa dos cultos e cerimônias puramente materiais, que nada valem e para nada servem.

A mulher que elevou a voz do meio da multidão, para louvar a Maria, como mãe de Jesus, conforme a consideravam os homens, falou como médium, sob a inspiração momentânea de um guia que, desse modo, abriu ensejo à resposta de Jesus, que foi um ensinamento: “Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam”. Sim, bem-aventurados os que estudam e ensinam a moral pregada por Jesus e põem-na em prática, não fazendo da profissão de fé um meio de vida, de satisfazerem às suas ambições de mando e predomínio, como infelizmente ainda vemos.

Prodígio pedido pelos fariseus. Resposta de Jesus. Prodígio de Jonas

(Mateus, 12:38-42)

29. Disse então à turba que o cercava: Esta geração é uma geração perversa; pede um prodígio; não lhe será dado outro diverso do profeta Jonas. 30. Assim como Jonas foi um prodígio para os de Nínive, também o filho do homem será um prodígio para esta geração. 31. A rainha do meio-dia se levantará, no dia do Juízo, contra os homens desta geração e os condenará, pois que ela veio dos confins da terra para escutar a sabedoria de Salomão; e, aqui, há mais do que Salomão. 32. Os Ninivitas se levantarão no dia do juízo contra esta geração e a condenarão, pois que eles fizeram penitência atendendo a pregação de Jonas; e há, aqui, mais do que Jonas.

Passados que estão os tempos dos milagres, o homem, hoje, não pode suportar as imposições dos que se opõem à difusão da luz à marcha do progresso, a menos que faça o que, em geral, se observa em tudo o que diz respeito à religião pregada e exemplificada pelo clero romano.

Para admitirmos que Deus, onipotente e, por conseguinte, onisciente, nosso Pai celestial, que nos criou perfectíveis, tanto que sujeitos à lei imprescritível e fatal do progresso, operasse milagres, teríamos de admitir como possível que Ele derrogue suas leis, ou abra nelas exceções, porquanto o milagre não seria senão a derrogação parcial de uma ou algumas leis, ou exceção ao que elas prescrevem. Mas, a possibilidade de tais derrogações ou exceções implicaria não serem as leis divinas absolutamente sábias e perfeitas, o que vale dizer - eternas e imutáveis, uma vez que só pode ser mutável o que seja perfectível. Ora, não sendo perfeita uma lei, desde que admite exceções, forçoso fora reconhecêssemos, para podermos admitir o milagre, que as leis divinas não refletem a perfeição absoluta do supremo legislador. Porém, neste caso, a consequência a que chegaríamos é que também o legislador não seria perfeito e sim perfectível também. Absurdo dos absurdos, em se tratando de Deus, como o deve conceber o cristão.

Nem se diga que, por ser onipotente, pode Ele derrogar por arbítrio, como o entenda, suas leis. Por esse lado, igualmente, chegaremos ao absurdo, visto que nenhuma ação arbitrária se pode consorciar com a onisciência de um ser infinito em todos os seus atributos, para quem portanto não há passado, nem presente, nem futuro, fora que se acha de toda ideia de tempo, sem a qual o arbítrio carece de significação, dado que este só se pode exercer ocasionalmente, advérbio que subentende sucessão de fatos, ou de efeitos, só existente para seres limitados como nós em todas as suas faculdades, capacidades e percepções, condição que faz imprescindível o princípio convencional de tempo.

O “milagre”, portanto, não passa, presentemente, de um esteio em que, valendo-se do precário conhecimento que da verdade possuem as massas humanas, procuram apoio às igrejas terrenas, no empenho de manterem o predomínio que alcançaram, explorando as superstições populares e sustentarem crenças tradicionais, mas que perderam sua razão de ser, em face do desenvolvimento da razão humana, e que, portanto, não podem subsistir.

Agraciados pela misericórdia divina com a luz viva da Nova Revelação, nós outros, os espíritas, temos o dever de perquirir, até onde a mesma misericórdia no-lo permita, as causas, a fim de compreendermos os efeitos e aproveitarmos das lições que eles nos oferecem, porque não mais nos é lícito crer, senão no que seja fruto de convicções adquiridas em consequência do estudo, da meditação e da iluminação interior, que se consegue pela prece fervorosa, sentida e humildemente formulada.

Aquela geração a que Jesus se referia, que lhe repelia os esforços para reconduzi-la ao caminho da verdade, qualificando-o de possesso do demônio, era má pela sua obstinação no erro; era adúltera, porque desprezava a fé no seu Deus, para se entregar a práticas materiais.

Essa geração é a mesma que hoje chama demoníaca à ciência espírita, que vem dar cumprimento à lei e aos profetas; que se baseia nos Evangelhos de N. Senhor Jesus Cristo, em espírito e verdade, como Ele próprio mandou que os entendêssemos, fugindo à letra que mata, tudo porque isso é contrário e prejudicial aos interesses materiais da clerezia romana que, para conservar a sua dominação, precisa manter na ignorância os fiéis da sua Igreja, que repudia a Deus para adorar o Papa.

Jonas constituíra para os Ninivitas um prodígio, um milagre, porque acreditaram, sem sombra de dúvida, que ele fora engolido por um peixe, em cujas entranhas permanecera três dias, submerso no fundo do mar. Do mesmo modo Jesus, que, até para os discípulos, era um homem igual aos outros, pela sua ressurreição e ascensão viria a constituir, para a geração da sua época, um prodígio, um milagre, visto que, para essa geração, tais fatos não podiam ser mais compreensíveis nem menos miraculosos, do que, para os Ninivitas, o reaparecimento de Jonas, após três dias de permanência no ventre de um peixe.

Dar-se-á, porém, que aqueles fatos, que ontem não podiam ser explicados, nem compreendidos, que tiveram, portanto, de ser impostos como milagrosos, devam hoje ser aceitos, com o mesmo caráter, para glória de Deus, quando a Nova Revelação, que veio substituir a fé cega pela fé raciocinada, no-los explica plena e satisfatoriamente? Certo que não.

Com efeito, na ressurreição e na ascensão do Cristo, nós espíritas podemos e devemos crer, sem de nenhum modo aceitarmos, no que quer que seja, o milagre, desde que aquela Revelação nos mostra e prova, com os textos evangélicos, compreendidos em seu espírito, que Jesus só aparentemente era homem, que Ele desempenhou a sua missão como Espírito, Espírito livre, de pureza perfeita e imaculada, portanto, isento da lei da encarnação, apenas revestido de um corpo fluídico, de um perispírito tornado visível e tangível, com o qual possível e fácil lhe foi sair do sepulcro, conservando-se este fechado e selado.

Igualmente, com relação a Jonas, ela nos faz saber que ele apenas esteve durante três dias preso a ferros a bordo de um navio, em que viajava, donde um marinheiro devotado, condoído da sua sorte, o transportara às escondidas num bote até à praia, aí o deixando. A tendência que tem o homem para dar a tudo o cunho do maravilhoso e a atração que este sobre ele exerce criou a lenda de Jonas engolido e vomitado por um peixe. Semelhante maravilha logo se impôs à imaginação humana como um “milagre” e como “milagre” foi tido e crido.

Os Ninivitas que, aproveitando da pregação de Jonas, entraram e permaneceram nas vias do Senhor e a rainha do Meio-dia que reconheceu a grandeza de Deus e a sabedoria daquele a quem Deus fizera rei, para reinar com equidade e distribuir justiça, era a condenação dos Judeus, que resistiam a todos os esforços de Jesus para reconduzi-los ao bom caminho. Foi o que o divino Mestre acentuou, dizendo: “E há, aqui, mais do que Jonas; e há, aqui, mais do que Salomão”.

Jonas e Salomão eram Espíritos em missão, porém de ordem inferior. Citando-os, de modo algum pensou Jesus em se lhes equiparar, sendo, como era, o Cristo de Deus e, como representante do Pai, o Mestre, o Rei do nosso planeta e da Humanidade terrena. Ao contrário, o que fez, lembrando os exemplos de Jonas e Salomão, foi chamar a atenção dos homens para a superioridade da sua missão, superioridade que a Nova Revelação patenteia aos nossos olhos, e chamar-lhes também a atenção para a culpabilidade dos que se rebelavam contra seus ensinos.

Daí o dizer: “Assim como Jonas foi um sinal para os de Nínive, assim também o filho do homem será um prodígio para esta nação”.

Doutores hipócritas que têm o coração viciado e enganam os homens pelos atos exteriores, que os afastam da luz e da verdade

(Mateus, 23:23-39)

Capítulo 11, 37. E estando a falar, um fariseu o convidou para jantar. Ele lhe entrou em casa e tomou lugar à mesa. 38. Começou então o fariseu a dizer de si para si: Por que não se lavou ele antes de comer? 39. Disse-lhe então o Senhor: Vós, os fariseus limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso íntimo está cheio de rapina e iniquidade. 40. Insensatos! Aquele que fez o que está por fora não fez também o que está por dentro? 41. Entretanto, dai de esmola o que tendes e eis que todas as coisas se vos tornarão limpas. 42. Mas, ai de vós fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda, de todas as ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus! Estas coisas, porém, é que devíeis primeiro praticar, sem omitirdes as outras. 43. Ai de vós, fariseus! Que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e de que vos saúdem nas praças públicas. 44. Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem e por 384 sobre os quais andam os homens sem o saberem. 45. Observou-lhe então um dos doutores da lei: Mestre, falando assim, também a nós outros nos afrontas! 46. Respondeu Jesus: Ai, também de vós, doutores da lei, que carregais os homens de fardos que eles não podem suportar e nos quais não tocais sequer com a ponta do dedo. 47. Ai de vós que erigis túmulos aos profetas, quando foram vossos pais que os mataram. 48. Certo, dais assim testemunho de que concordais com as obras de vossos pais, pois que estes os mataram e vós lhes construís os túmulos. 49. Por isso mesmo disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos e a uns eles matarão e a outros perseguirão, 50, para que a esta geração se peça conta do sangue de todos os profetas, derramado desde o principio do mundo, 51, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo. Sim, eu vos declaro que a esta, geração contas serão pedidas. 52. Ai de vós, doutores da lei que vos apoderastes da chave da Ciência e que não entrastes e impedistes a entrada aos que queriam entrar. 53. Como desta maneira lhes falasse, começaram os fariseus e os doutores da lei a insistir fortemente com ele, importunando-o com perguntas sobre muitos assuntos, 54, armando-lhe assim ciladas com o fim de nalguma de suas palavras acharem motivo para o acusar, capítulo 13, 31. Naquele mesmo dia alguns fariseus lhe vieram dizer: Retira-te, vai-te daqui, porque Herodes te quer matar. 32. Respondeu-lhe Jesus: Ide dizer a essa raposa que hoje e amanhã ainda tenho que expulsar os demônios e curar os enfermos e que no terceiro dia serei consumado. 33. Todavia, cumpre que eu caminhe ainda hoje; amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. 34, Jerusalém! Que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis reunir teus filhos como a galinha reúne debaixo das asas os seus pintos e não quiseste! 35. Eis que deserta vos será deixada a vossa casa. E eu vos digo em verdade que não mais me vereis até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!

“Ai de vós, fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda, de todas as ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus! Estas coisas, porém, é que devíeis primeiro praticar, sem omitirdes as outras”.

Nestas palavras de Jesus devem atentar muito a fim de bem as compreenderem, pois que é a eles que se aplicam, os que vendem as orações e os que as compram, os que fazem doações às igrejas e aos conventos, pensando que assim resgatam suas faltas e pagam a Deus a sua justiça; os que procedem como os escribas e os fariseus hipócritas, que se limitavam à prática de atos exteriores, a prosternar-se diante dos altares, curvando as frontes com aparente humildade, mas conservando os corações cheios de rancor, de orgulho, de inveja.

Pelo que consta nos versículos 47 a 51, o divino Mestre aludia à morte e às perseguições que os profetas tinham sofrido, ao sacrifício que breve se consumaria no Gólgota, às perseguições, aos martírios e à morte que os apóstolos, os discípulos e os primeiros cristãos viriam a sofrer, aos esforços que Ele fizera para reunir as ovelhas em torno do cajado do bom pastor, à destruição de Jerusalém, à dispersão dos Judeus e, finalmente, à época alegórica do fim do mundo, isto é, a época em que, operada pela depuração e transformação do nosso planeta e da Humanidade terrena a regeneração desta, vindo o nosso protetor, governador e mestre em toda a sua glória, os homens (Judeus e Gentios), regenerados, clamarão, num brado uníssono de amor, como outrora a multidão que o acompanhava à sua entrada na cidade santa: Bendito o que vem em nome do Senhor!

Versículos 50 e 51. As palavras constantes nestes versículos, no seu sentido oculto, se referem à reencarnação. Deus é infinitamente justo para não punir nos descendentes as faltas dos ascendentes, se aqueles não foram cúmplices destes. Jesus falava assim porque os que haviam matado os profetas ali estavam em sua presença, dispostos a derramar o seu próprio sangue, considerando-o um homem como os demais. Teriam, portanto, que prestar contas de todo o sangue que anteriormente haviam derramado e de todo o que ainda derramariam.

O sangue que os hebreus derramaram corria sempre, vindo a cair sobre a cabeça de seus descendentes segundo a carne, mas, efetivamente, por meio da reencarnação, sobre a cabeça dos mesmos que o tinham vertido em suas existências anteriores, até que ficassem purificados pelo fogo, isto é, pelo fogo moral dos remorsos e da expiação, que leva o Espírito culpado ao arrependimento e ao desejo de reparar suas faltas, à purificação pela reparação e pelo progresso.

 SAYÃO, Antonio Luiz. Elucidações evangélicas. FEB (e-book).

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