Chico, diálogos e recordações – Progresso e transformação

Este episódio nos oferecerá a oportunidade de aprofundarmos na ciência da reencarnação, a partir dos diálogos e recordações de Arnaldo Rocha. Como repórter, confessamos descobrir, a cada capítulo, o tesouro guardado na inesquecível cidade de Pedro Leopoldo, deixado pela vivência cristã de Chico Xavier e pela luta daqueles que o cercavam. Sendo assim, temos rogado ao Mais Alto sua inspiração para conseguirmos ser o mais fiel possível na transposição dos relatos deste Amigo para Sempre de Chico.

Estávamos envolvidos nessas reflexões quando chegou Arnaldo Rocha na União Espírita Mineira trazendo sua tradicional sacola cheia de livros.

– Querido amigo, inicia o diálogo, tenho pensado muito em você. Por isso resolvi trazer um livro para conversarmos sobre um grande companheiro, Clóvis Tavares.

Nesse instante ele retira da algibeira um livro e repassa às nossas mãos. Fiquei admirado com o material, editado em 1877, tendo o título “Heróis Católicos” – Cenas históricas do século V. Autor Henri Consciene. Versão por Cunha Vianna.

Enquanto apreciávamos a relíquia, ele inicia o diálogo amistosamente.

– Ganhei este presente de Clovis Tavares, em julho de 1952. Clovis foi um dos melhores e mais generosos amigos que a Providência Divina colocou em meu caminho. Conhecemo-nos através do amigo Chico, em 1946. Desde então, fizemos uma bela parceria nos diálogos com Chico e com os Benfeitores Espirituais: enquanto eu “apertava” nosso amigo médium com perguntas que nos esclarecessem acerca dos acontecimentos decorridos durante os trabalhos doutrinários, Clovis se encarregava de anotar as respostas.

Clóvis era uma pessoa de vasta cultura acadêmica e doutrinária, além de ser um gentleman. Era um educador de primeira linha, excelente pai de família.

(...)

– Arnaldo, Chico relatou para alguns amigos que Clóvis Tavares esteve vinculado ao Cristianismo por mais de mil anos. Você gostaria de ilustrar um pouco mais nossa narrativa com alguma história de Clóvis?

– Não lembro de muita coisa sobre Clóvis agora, respondeu taciturno. Entretanto, recordo-me que a resposta se inicia no romance 50 Anos Depois, no personagem Rufio Propércio. Este amigo retorna no século V, em solo francês, reencontrando-se com muitos amigos, dentre eles com Aureliano (Oscar Santos), e que teve uma passagem muito importante para a arregimentação da fé do companheiro Clovis. Neste século V, Aureliano reencontra o ilustre amigo Clovis Tavares como sendo o grande conquistador Clodovil, também conhecido como Clodoveu, cuja liderança definiu novos rumos para a história do Ocidente. Clodovil ficou conhecido, em latim, após sua conversão ao catolicismo, como Clóvis, aquele que uniu os franco-pagãos e os gauleses-cristãos, promovendo a libertação do Sacro Império Romano-Germânico, após uma sangrenta | inesquecível batalha. Aureliano era o braço direito di Clóvis e teve uma significativa importância na aproximação entre ele e aquela que se tornaria a rainha Clotilde, Espírito este que, muitos séculos mais tarde, seria beatificado pela Igreja Católica, tornando se conhecida como Santa Clotilde de França.

– Arnaldo, certamente vocês obtiveram informações sobre essa rainha através da mediunidade de Chico, não é mesmo?

– Sim, meu jovem. Clotilde foi na última existência Nina Arueira, ex-noiva de Clóvis Tavares. Quando de sua desencarnação, esse espírito nos trouxe belas páginas através do mecanismo da psicografia. Como rainha, sua atuação junto ao coração indiferente do rei Clóvis fez com que ele aceitasse a fé cristã, após dolorosos testemunhos à frente de um povo insensível e pagão. A ação mais importante deste rei – o primeiro rei da França – foi a oficialização da fé cristã no ocidente, fato acontecido após uma carnificina contra o povo germânico, na qual muitos fenômenos mediúnicos aconteceram, auxiliando no encaminhamento e planejamento espiritual do planeta. Esse foi o episódio no qual nosso querido amigo iniciou oficialmente sua trajetória no catolicismo.

(...)

– Arnaldo, convém lembrar que nós, seres humanos, fomos os responsáveis pela deturpação da mensagem cristã, deixada por Jesus; sendo assim, podemos perceber que os fatos ocorridos ao longo dos tempos possuem, apesar de tudo, algo de positivo que nos levam ao crescimento.

– Sim, “os escândalos são necessários, mas ai de quem os pratique”, ensina o Evangelho. Por um lado, o homem vem se perdendo em numerosas encarnações por causa do orgulho e do egoísmo, por outro, sabemos que o progresso é lei soberana na arregimentação dos valores que são imprescindíveis para nosso aperfeiçoamento.

Sendo assim, sabemos que Deus envia os mensageiros celestiais para emularem o progresso moral, e os servidores para promoverem, com a ajuda dos Benfeitores Espirituais, o progresso intelectual e social da humanidade. Tenho repetido, ao longo de nossas conversas, que são inúmeras as oportunidades recebidas do Mais Alto mas, na maioria das vezes, nós nos perdemos por causa do culto que, ainda hoje, dispensamos aos nossos próprios bezerros de ouro.

Temos notícias de que abalizados espíritos vêm trabalhando pelo progresso do orbe terreno. Pensemos, por exemplo, na significativa contribuição de Joana d’Arc, no século XV. Escutando a voz dos Espíritos, dentre os quais estava São Luiz, guiava os homens em meio à carnificina da guerra dos cem anos, entre França e Inglaterra. Promovia debates com os inimigos com vistas a minimizar os massacres, guiava os soldados com bravura empunhando o estandarte do Senhor. Auxiliava, ainda, os feridos franceses e ingleses na defesa dos tratos humanistas das batalhas. Recordo-me do filósofo Léon Denis aludir à vida dessa inesquecível virgem, que salvou a França de terríveis assaltos quando a conhecida guerra já era dada por perdida. Como foi majestosa sua missão!

Em um de nossos diálogos, Chico confidenciou que Joana d’Arc, retomando ao solo europeu no século XV, legou testemunhos em prol da evolução da civilização, além de ter resgatado débitos contraídos ainda no episódio da crucificação de Jesus de Nazaré.

Para entendermos melhor essa trajetória de Joana d’ Arc, traremos para o deleite do leitor, uma resposta de Chico Xavier a uma indagação feita sobre a missão da Virgem de Orléans.

“– Por que Joana d’Arc fez a guerra e foi considerada santa? – Naquela época, os Espíritos encarregados da evolução do Planeta estavam selecionando os gens que viriam a servir na formação do corpo da plêiade de entidades nobres que reencarnariam para ampliar o desenvolvimento geral da Terra, através do chamado Iluminismo Francês. Era preciso cuidado para que os corpos pudessem suportar a dinâmica das inteligências que surgiriam. Se a França fosse invadida, perder-se-ia o trabalho de muitos séculos. Então Joana d’Arc foi convocada para que impedisse a invasão, a fim de que se preservassem as sementes genitais, para a formação de instrumentalidade destinada aos gênios da cultura e do progresso que renasceriam na França do século XIX, que preparou, no mundo, a organização da era tecnológica que estamos vivendo no século XX.”

– Esta resposta de Chico, concluiu Arnaldo, mostra-nos a beleza do planejamento dos destinos do mundo. Nossa Alma Querida contou-nos que Joana d’Arc é o mesmo espírito de Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus. A caminhada da virgem francesa expressa a beleza do resgate espiritual dessa alma, perante o seu Divino Mestre.

Fonte:

COSTA, Carlos Alberto Braga. Chico, diálogos e recordações. BH. União Espírita Mineira, 2006.

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