O
progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de
amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro. Tirai-lhe essa
certeza e lhe tirareis a pedra fundamental. Dessa lei derivam todas as outras,
porque ela encerra todas as condições da felicidade do homem. Só ela pode curar
as chagas da sociedade. Comparando as idades e os povos, pode ele avaliar
quanto a sua condição melhora, à medida que essa lei vai sendo mais bem
compreendida e praticada. Ora, se, aplicando-a parcial e incompletamente,
aufere o homem tanto bem, que não conseguirá quando fizer dela a base de todas
as suas instituições sociais! Será isso possível? Certo, porquanto, desde que
ele já deu dez passos, possível lhe é dar vinte e assim por diante. Do futuro
se pode, pois, julgar pelo passado. Já vemos que pouco a pouco se extinguem as
antipatias de povo para povo. Diante da civilização, diminuem as barreiras que
os separavam. De um extremo a outro do mundo, eles se estendem as mãos. Maior
justiça preside à elaboração das leis internacionais. As guerras se tornam cada
vez mais raras e não excluem os sentimentos de humanidade. Nas relações, a
uniformidade se vai estabelecendo.
Apagam-se as distinções de raças e de castas e os que professam crenças diversas impõem silêncio aos prejuízos de seita, para se confundirem na adoração de um único Deus. Falamos dos povos que marcham à testa da civilização. (789-793) A todos estes respeitos, no entanto, longe ainda estamos da perfeição e muitas ruínas antigas, ainda se têm que abater, até que não restem mais vestígios da barbaria. Poderão acaso essas ruínas sustentar-se contra a força irresistível do progresso, contra essa força viva que é, em si mesma, uma lei da Natureza? Sendo a geração atual mais adiantada do que a anterior, por que não o será mais do que a presente a que lhe há de suceder? Sê-lo-á, pela força das coisas. Primeiro, porque, com as gerações, todos os dias se extinguem alguns campeões dos velhos abusos, o que permite à sociedade formar-se de elementos novos, livres dos velhos preconceitos. Em segundo lugar, porque, desejando o progresso, o homem estuda os obstáculos e se aplica a removê-los.Desde que é incontestável o movimento progressivo, não há que duvidar do progresso vindouro. O homem quer ser feliz e é natural esse desejo. Ora, buscando progredir, o que ele procura é aumentar a soma da sua felicidade, sem o que o progresso careceria de objeto. Em que consistiria para ele o progresso,se lhe não devesse melhorar a posição?
Quando,
porém, conseguir a soma de gozos que o progresso intelectual lhe pode proporcionar,
verificará que não está completa a sua felicidade. Reconhecerá ser esta
impossível, sem a segurança nas relações sociais, segurança que somente no
progresso moral lhe será dado achar. Logo, pela força mesma das coisas, ele
próprio dirigirá o progresso para essa senda e o Espiritismo lhe oferecerá a
mais poderosa alavanca para alcançar tal objetivo.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
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