O livro dos espíritos. Q. 974

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Natureza das penas e gozos futuros

974. Donde procede a doutrina do fogo eterno?

“Imagem, semelhante a tantas outras, tomada como realidade.”

a) - Mas, o temor desse fogo não produzirá bom resultado?

“Vede se serve de freio, mesmo entre os que o ensinam. Se ensinardes coisas que mais tarde a razão venha a repelir, causareis uma impressão que não será duradoura, nem salutar.”

A.K.: Impotente para, na sua linguagem, definir a natureza daqueles sofrimentos, o homem não encontrou comparação mais enérgica do que a do fogo, pois, para ele, o fogo é o tipo do mais cruel suplício e o símbolo da ação mais violenta. Por isso é que a crença no fogo eterno data da mais remota antiguidade, tendo-a os povos modernos herdado dos mais antigos. Por isso também é que o homem diz, em sua linguagem figurada: o fogo das paixões; abrasar de amor, de ciúme, etc.

Fogo eterno

A ignorância fez o homem menos instruído crer que poderia pagar suas faltas no fogo espiritual, ao qual se deu o nome que faz tremer a tantos: inferno. Mais tarde, os mais espiritualizados passaram a descobrir que esse inferno existe mesmo, porém, q com mais intensidade, dentro das criaturas, na condenação da própria consciência. Entretanto, ele é transitório, e não eterno. Eterno, somente o amor.

Nos caminhos que a alma deve percorrer, existe de tudo que se pode imaginar, e muito mais. A narrativas dos lugares infernais, que os teólogos descrevem, passam a ser céu, se buscarmos a realidade do que verdadeiramente existe em zonas inferiores; no entanto, não- devemos mencionar esses ambientes, para não levar os homens a criarem imagens negativas que lhes poderão trazer mais inquietações espirituais.

A criação do fogo do inferno parece que serviu para amedrontar certos tipos de Espíritos que, não sendo pelo temor, poderiam fazer coisas piores. Porém, generalizaram em demasia essas imagens, de modo que o fantasma foi contra os seus criadores e alimentadores desta mentira do terror. As opiniões são diversas sobre a validade da criação do "fogo do inferno", realimentada pelo Catolicismo Romano. Uns dizem que foi benéfica, outros que foi destruidora. O próprio "O Livro dos Espíritos", em perguntas e respostas anteriores, nos informa que tudo tem uma razão de ser; sendo assim, nada se perde e os benfeitores da espiritualidade têm a capacidade de transformar tudo em bênçãos de luz para a libertação das criaturas.

Eis que estamos em frente à época de transformações, e o próprio Espiritismo é esse progresso, mudando situações e ampliando condições, no sentido de que as almas dos dois planos se conscientizem da verdade mais acentuada. Os que foram condenados ao "fogo do inferno" estão de volta dizendo a verdade, e os condenadores a esta ilusão igualmente voltaram para falar das verdades eternas, já conscientizados destas verdades, pela realidade que encontraram ao desencarnar.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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