O livro dos espíritos. Q. 979

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Natureza das penas e gozos futuros

979. Não serão, para a alma, causa de penosa apreensão, que lhe altera a felicidade, as provas por que ainda tenha de passar para acabar a sua purificação?

“Para a alma ainda maculada, são. Daí vem que ela não pode gozar de felicidade perfeita, senão quando esteja completamente pura. Para aquela, porém, que já se elevou, nada tem de penoso o pensar nas provas que ainda haja de sofrer.”

A.K.: Goza da felicidade a alma que chegou a certo grau de pureza. Domina-a um sentimento de grata satisfação. Sente-se feliz por tudo o que vê, por tudo o que a cerca. Levanta-se-lhe o véu que encobria os mistérios e as maravilhas da Criação e as perfeições divinas em todo o esplendor lhe aparecem.

Felicidade perfeita

O Espírito que sofre antecipadamente com as provas por que deve passar no seu auto-aprimoramento, é o que ainda se encontra ligado às trevas. A ignorância é sempre a fonte de todas as suas apreensões.

Aquela alma que se encontra mais purificada, não sofre tanto quando deve descer à carne para novas lutas em seu favor. Para o Espírito que já se elevou, nada existe de penoso no voltar às lides da carne em preparo para novas etapas espirituais.

É bom que se diga que o Espírito deve abraçar as oportunidades que Deus lhe enviar, porque elas são as formas de enriquecimento espiritual. Para alcançar a felicidade perfeita, necessário se faz que passemos por todos os testes que queira Deus que passemos. Ele sabe o que fazer dos Seus filhos na grande escola da vida.

Fomos criados com todos os valores imortais guardados em nossos corações, bem como os processos de despertamento, e esses processos, que poderão receber os nomes que lhes quiserem dar, vão surgindo e acendendo luzes nas nossas consciências. São eles os responsáveis pela nossa felicidade.

Felicidade é, pois, um ambiente de luz criado peio amor sem fronteiras, onde todos trabalham para a vida e peia vida, sem paixões que lhes possam impedir a marcha para Deus. As almas são provadas em todas as direções e a reencarnação nos leva às mudanças. Nelas, provamos muitas lições que têm o poder de nos libertar.

Para a alma cheia de problemas criados por ela mesma na sua jornada, todos os contrastes a levam ao sofrimento. é neste sentido que Jesus desceu à Terra, como socorro para todos nós, encarnados e desencarnados, que estamos ligados a ela, mostrando-nos os meios de nos livrarmos do peso da consciência. O Evangelho é força viva de libertação do Espírito.

Todas as contradições, todas as guerras que surgem em nós, a maldade, o ciúme, a discórdia, o ódio que nos faz sofrer, nascem da ignorância das leis espirituais. Quando começamos a compreendê-las, os sofrimentos dão tréguas e, se continuarmos a trabalhar na autoiluminação, eles desaparecerão por completo. É neste sentido que a verdade nos liberta.

De onde procedem guerras e contendas que lia entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? (Tiago, 4:1)

Quando se fala na carne, é porque o Espírito ainda se encontra sob ã influência das paixões inferiores. Quando ele se libertar delas, tudo de mal irá desaparecer, com o entendimento mais profundo sobre a vida.

A alma que se encontra envolvida nas trevas não pode gozar da felicidade perfeita; somente a que já se libertou dos sentidos inferiores é capaz de entender e de viver o bem, acima das inferioridades humanas. As paixões da carne são sinônimos de descida para as trevas, e nelas o anseio de procurar a luz aumenta.

 alma começa a crescer quando vê Deus em tudo. A própria criação reflete o Criador, lembrando o homem que ele pode sentir e alcançar o que chama de felicidade.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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