ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
II - PENAS E GOZOS FUTUROS
Penas
temporais
987. Que sucede ao homem
que, não fazendo o mal, também nada faz para libertar-se da influência da matéria?
“Pois
que nenhum passo dá para a perfeição, tem que recomeçar uma existência de
natureza idêntica à precedente. Fica estacionário, podendo assim prolongar os
sofrimentos da expiação.”
Homem estacionário
O homem, no seu
primitivismo, muitas vezes não faz o mal por não ter condições de fazê-lo,
porém não faz o bem nas condições que o civilizado reconhece, nas linhas do seu
despertamento espiritual. No entanto, ele está no caminho. A Força Soberana se
encarrega de ir acordando-o aos poucos, porque as leis de Deus a ninguém
violentam.
Como nada para na vida, entendemos que não se dá com o homem um "estacionar" no sentido comum do termo. O movimento é lei natural na criação de Deus e podemos entender que estacionar é marchar devagarzinho, e não parar efetivamente, voltando o Espírito para o plano de onde saiu pior do que quando chegou ou, então, do mesmo nível espiritual. Isso nunca acontece entre as almas. Sempre aprendemos alguma coisa, seja como for a reencarnação que tivermos na Terra, ou mesmo em outros mundos.
Assim acontece,
principalmente, com o Espírito que já apresenta algumas faculdades em
crescimento. Ele cresce todos os dias e se erra, no dizer dos homens, ainda
assim ele está colhendo experiências. Entretanto, não regride, nem estaciona, mas
se encontra como a massa do pão antes de ser levada ao forno, fermentando para
ser assada. E se está fermentando, não se encontra inativa, embora digamos que
está "descansando".
Todos nós devemos colocar em
funcionamento a razão em tudo que lemos. A razão sábia nos induz a pesquisar,
para buscar, dialogar, sem esquecer a oração no sentido de acertar. Quando a
sinceridade nos envolve, sempre acertamos o caminho. Ao homem que não faz o mal
e não se preocupar com o bem, falta-lhe alguma coisa a despertar no coração,
porque a tendência da alma que conhece o amor, que conhece a Jesus e respeita
as leis de Deus, é trilhar nos caminhos da luz, é viver, ou começar a viver, o
amor e a caridade.
O que sucede ao homem que em
uma existência não se interessou pelo próximo, que descuidou da sua própria
evolução espiritual? Obviamente, terá que voltar em outras reencarnações, a fim
de acelerar o seu progresso. E isso acontece, queira ou não o Espírito, porque
todos temos como origem a mesma fonte divina e, se todos somos iguais, temos a
mesma destinação. Quase sempre, esse homem que não se interessa pelo bem-estar
da coletividade e o seu próprio adiantamento, é o rico, apegado ao conforto
material. Observemos o que Tiago registrou:
E o rico glorie-se na sua
insignificância, porque ele passará como a flor da erva. (Tiago, 1:10)
O conforto faz esquecer que
a vida na carne é breve, e que tudo pode mudar. No entanto, uma existência,
mesmo a de quem não se interessa pelas coisas do Espírito, tem utilidade, e a
alma, ainda que lentamente, ascende um pouco na sua evolução. Voltamos a
afirmar que na natureza nada há inútil. A cada passo, cada dia, minutos e
segundos, estás te libertado da influência do mal, porque na carne estás sempre
recebendo lições e entrando em processos de maturidade, até chegar o dia do
afloramento dos valores espirituais.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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