1.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é
fazermos uma conexão entre os laços consanguíneos e os laços espirituais, a fim
de que tenhamos um juízo consciente e mais acurado dos problemas imanentes do
relacionamento conjugal.
2.
CONCEITO
Família conjunto de pessoas: pai, mãe e filhos.
Família consanguínea é uma
reunião de almas em processo de evolução, reajuste, aperfeiçoamento ou
santificação.
Família espiritual é uma
constelação de inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus.
Há, pois duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual.
3.
GENEALOGIA DA FAMÍLIA
O clã totêmico é apontado
pelos antropólogos e cientistas sociais como o primeiro dos núcleos familiares
que se tem notícia. Baseado no fato religioso, o totem assume misticamente, e
não por consanguinidade, a descendência familiar.
O clã primitivo,
indiferenciado, passa a ser diferenciado na família patriarcal agnática
greco-romana, em que a filiação pode ser puramente masculina.
A família patriarcal evolui
para a família paternal ou germânica em que os cognatos adquiriram certos
direitos. A mulher, por exemplo, obteve direitos de herança e a posse do seu
dote.
A família conjugal, mais
próxima do tipo germânico que do romano, caracteriza a família atual. Na
família patriarcal a comunidade subsiste, concentrada na pessoa do pai; a
família é um todo onde as partes não têm individualidade própria. Na família
conjugal, cada membro tem individualidade e esfera de ações próprias. A mulher
os filhos podem ter bens. Os direitos paternos são limitados, e a lei prevê casos
de perda do poder paterno.
4.
A CONSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA CORPORAL
4.1.
O namoro
O começo de uma constituição
familiar está no namoro, ou naqueles primeiros contatos entre os novos
cônjuges. É quando cada um só vê qualidades no parceiro ou na parceira. Pode-se
falar da fase de encantamento em que dois seres descobrem reciprocamente
motivos de atração.
O Espírito Emmanuel diz:
“inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no
Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em
estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinquência passional,
noutras eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação
magnética, diariamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos
os lugares da Terra”.
4.2.
O casamento
Depois do namoro, vem o
casamento, o qual pertence à lei natural e é um progresso na marcha da
Humanidade. O casamento implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas
se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua. Esta união deve
basear-se na responsabilidade recíproca, principalmente no que tangue as
relações sexuais, pois quando as obrigações mútuas não são respeitadas,
geram-se problemas cármicos de considerável extensão, pois ninguém fere ninguém
sem ferir a si mesmo.
O Espírito Emmanuel diz que
nos Planos Superiores “O liame entre dois seres é espontâneo, composto em
vínculos de afinidade inelutável. Na Terra do futuro, as ligações afetivas
obedecerão a idêntico princípio e, por antecipação, milhares de criaturas já
desfrutam no próprio estádio da encarnação dessas uniões ideais, em que se
jungem psiquicamente uma à outra, sem necessidade da permuta sexual, mais
profundamente considerada, a fim de se apoiarem mutuamente, na formação de
obras preciosas, na esfera do espírito”.
4.3.
Os filhos
Uma vez contraído o
casamento, a imagem do filho toma vulto, tanto na cabeça do pai quanto da mãe
e, talvez, mais precisamente na cabeça da mãe, pois é nela que a gestação se
processará. Nesse mister, é curioso verificar a agrura de uma mãe, que tem
todas as condições físicas e financeiras para dar a luz a um filho, e não
consegue engravidar.
“Os laços do sangue não
criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas
o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da
formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não
faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto,
auxiliar no desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo
progredir”.
4.4.
Os desajustes conjugais
Um casamento promissor, não
raro, adoece repentinamente. Conflitos, problemas financeiros, moléstias,
desníveis culturais e falhas na formação de caráter e de temperamento
contribuem para esses conflitos. A mulher espera encontrar no esposo o retrato
psicológico do pai; o homem, os cuidados da genitora. Acontece que os dois têm
que se adaptar à nova situação. Acrescentem-se ainda os apelos enviados pela
mídia.
5.
A FAMÍLIA ESPIRITUAL
5.1.
Simpatia e antipatia entre os cônjuges
Para que uma família
consanguínea viva bem, em termos espirituais, é preciso que haja simpatia entre
os seus membros, consequência de relacionamentos anteriores, e que se traduzem
por afeição durante a vida terrestre. Pode ocorrer também que esses espíritos
sejam completamente estranhos uns aos outros, reflexo de existências
anteriores, que se traduzem em antagonismo.
Assim, “Os verdadeiros laços
de família não são, pois, os da consanguinidade, mas os de simpatia e da comunhão
de pensamentos que unem os Espíritos antes, durante e após a encarnação. De
onde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes, podem ser mais irmãos
pelo Espírito do que se o fossem pelo sangue; podem se atrair, se procurar,
dar-se bem juntos, enquanto dois irmãos consanguíneos podem se repelir, como se
vê todos os dias; problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela
pluralidade das existências”.
5.2.
A importância da reencarnação
A compreensão da vida
familiar é muito auxiliada pelas cogitações acerca da reencarnação. Este
princípio, elaborado pela doutrina espírita, remete-nos a uma vista de olhos
sobre o passado. Meditando sobre ele vamos melhor entendendo porque estamos
unidos a essa esposa (e não a outra), a esse filho (e não a outro)
Numa crise familiar, o
Espírito Emmanuel alerta-nos para a convocação de médicos, psicólogos, amigos e
conselheiros; entretanto, ao desenrolar de obstáculos e provas, ele diz: “O
conhecimento da reencarnação exerce encargo de importância por trazer aos
interessados novo campo de observações e reflexões, impelindo-os à tolerância,
sem a qual a rearmonização acena sempre mais longe. Homem e mulher, usando a
chave de semelhante entendimento, passam mecanicamente a reconhecer que é
preciso desvincular e renovar sentimentos, mas em bases de compreensão e
serenidade, amor e paz”.
5.3.
Amplitude da questão
Refletindo sobre nossas
provas e expiações, vamos-nos compenetrando da grandiosidade de Deus e do
Universo. Como nada acontece por acaso, lucraríamos muito se fôssemos
resignados em cada situação de desconforto. Em toda a ocasião há a
possibilidade de transformar o desafeto em afeto, a ingratidão em gratidão, o
desamor em amor e a incompreensão em compreensão.
6.
ORIENTAÇÕES DOUTRINÁRIAS ESPÍRITAS
6.1.
Acerca do divórcio
O divórcio é uma lei humana
que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é
contrário à lei de Deus, uma vez que o enlace não foi concretizado tendo em
mente esta lei. Por isso, Jesus dizia que não deve o homem separar o que Deus
juntou, ou seja, o que foi unido segundo a lei natural, este permanecerá até o
fim.
Os instrutores espirituais
alertam-nos que não existem uniões conjugais por acaso. Nesse sentido, convém
dificultar ao máximo a prática do divórcio. Nem tudo o que é permitido pela lei
humana é igualmente justo. Deveríamos instituí-lo somente em último caso,
quando houvesse a possibilidade de um cônjuge assassinar o outro.
Diz o Espírito Emmanuel:
“Óbvio que não nos é lícito estimular o divórcio em tempo algum, competindo-nos
tão-somente, nesse sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em lide, nos
casamentos de provação, a fim de que se sobreponham às próprias
suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regeneração ou
expiação que rogaram antes do renascimento no Plano Físico, em auxílio a si
mesmos; ainda assim, é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e
ninguém possui o direito de torturar ninguém, à face das leis eternas”.
6.2.
As sugestões da mídia
É curioso ver como os Meios
de Comunicação Social sugerem a separação e o consumo excessivo de bens
material. Para ter audiência e obter lucro, os canais de televisão exploram o
rompimento do casamento, fazendo-o parecer banal e sem valor.
É preciso retornar à
educação grega da antiguidade, que prescrevia sempre um esforço contra a
comodidade. É muito mais cômodo em qualquer rusga, em qualquer discussão,
largar tudo e procurar outro caminho. Mas como explicar que certas pessoas já
se divorciaram mais de 2 vezes? O problema não está no outro ou na outra, mas
em nós mesmos.
Os pressupostos espíritas
não nos isentam da vida em sociedade. Convém, contudo, a exemplo de Paulo, ler
de tudo, mas ficar somente com aquilo que de fato auxiliam o fortalecimento do
nosso eu imortal.
6.3.
A monogamia
Na antiguidade prevalecia a
poligamia – mais de uma mulher para um único homem e vice-versa. Na atualidade,
vigora a monogamia, que é mais condizente com a lei natural, em que um homem
deve unir-se a uma única mulher.
Pergunta 701 de O Livro dos
Espíritos – Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é a mais conforme a lei
natural?
Resposta – A poligamia é uma
lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as
vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. Na poligamia
não há verdadeira afeição: não há mais do que sensualidade.
Se a poligamia estivesse de
acordo com a lei natural devia ser universal, o que, entretanto, seria
materialmente impossível em virtude da igualdade numérica dos sexos.
7.
CONCLUSÃO
Rendamo-nos à vontade de
Deus. Se, depois de sopesada as circunstâncias que nos envolvem, optarmos por
contrair matrimônio com tal pessoa, saibamos nos resignar e auxiliar ao máximo
no convívio familiar, porque recusando uma cruz, com certeza, encontraremos
outra mais pesada.
Fonte Centro Espírita
Ismael, por Sérgio Biagi Gregório.
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