ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
II - PENAS E GOZOS FUTUROS
Expiação
e arrependimento
1000. Já desde esta vida
poderemos ir resgatando as nossas faltas?
“Sim,
reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações
pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes,
quando de nada mais precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril,
sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo
mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o
suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. (726)
“Só
por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não
atinge o homem nem no seu orgulho, nem no seus interesses materiais.
“De
que serve, para sua justificação, que restitua, depois de morrer, os bens mal
adquiridos, quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?
“De
que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se
permanece integral o dano que causou a outrem?
“De
que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens,
conserva o seu orgulho?” (720-721)
Resgate das faltas
O que chamamos de processos
de despertamento espiritual, se dá em todo lugar, onde quer que seja. A vida é
vida em qualquer ponto do universo de Deus; como pode ser que somente na carne
se repare faltas? Como pensar que somente no corpo físico se evolui ou desperte
as qualidades espirituais? Isso é um contrassenso; a nossa escola, e de todas
as almas, é dentro da criação de Deus. Não podemos pensar que só na Terra
recebemos lições e despertamos valores.
Estamos dentro do progresso
e com ele avançamos para Deus, na programação que Ele mesmo fez. Em verdade,
tudo o que ocorre conosco são processos de elevação espiritual, pelos quais
todos temos de passar, para a luz dos nossos caminhos.
A natureza sabe o que fazer,
sob a influência das leis de Deus. É necessário que saibamos nos conduzir
diante dos nossos feitos passados que rios fizeram sofrer, Não é ficando em
jejum que nos iluminamos; não é nos sacrificando exteriormente que alcançamos a
paz; não é ficando calados que despertaremos as condições espirituais que nos
fornecem a tranquilidade da consciência... Jesus nos ensinou, com a sua própria
vida, o que deveremos fazer para a devida libertação espiritual. Vejamos o que
os discípulos fizeram, estudemos suas vidas e copiemos seu procedimento.
O arrependimento deve ser
sincero, compreendendo que fora da caridade não há salvação. Não podemos iludir
a nós mesmos, diante da vida maior, o nosso dever é refazer nossas condições
espirituais, e isso deve ser constante, para chegarmos ao amor sem condições.
Não é levando o corpo físico a determinarias privações que a alma se ilumina. O
fanatismo torce a verdade.
Caminhamos para a felicidade
que nos chega e deve chegar de todas as direções, por variados processos de
educação espiritual e sabedoria dos segredos da viria, para sabermos como
comportar no dia-a-dia. Só por meio do bem afastamos o mal, somente pelos
canais da caridade nos livramos das prisões do mal e somente o amor nos coloca
frente a frente com a nossa consciência, sem que ela nos condene.
Não é somente pelo
arrependimento que nos salvamos, como muitos estudiosos bíblicos afirmam.
Enquanto não dissiparmos do coração o orgulho e o egoísmo, não seremos livres
das perseguições de natureza inferior. As paixões se enraízam nestes dois
monstros das almas.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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