O livro dos espíritos. Q. 1001

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Expiação e arrependimento

1001. Nenhum mérito haverá em assegurarmos, para depois de nossa morte, emprego útil aos bens que possuímos?

“Nenhum mérito não é o termo. Isso sempre é melhor do que nada. A desgraça, porém, é que aquele, que só depois de morto dá, é quase sempre mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo. Duplo proveito tira aquele que, em vida se priva de alguma coisa; o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que lhe devem a felicidade. Mas, lá está o egoísmo a dizer-lhe: O que dás tiras aos teus gozos; e, como o egoísmo fala mais alto do que o desinteresse e a caridade, o homem guarda o que possui, pretextando suas necessidades pessoais e as exigências da sua posição! Ah! Lastimai aquele que desconhece o prazer de dar; acha-se verdadeiramente privado de um dos mais puros e suaves gozos. Submetendo-o à prova da riqueza, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, houve Deus por bem conceder-lhe, como compensação, a ventura da generosidade, de já neste mundo pode gozar.” (814)

Emprego útil dos bens

O egoísmo faz o rico prender em suas mãos a fortuna, sem que os outros possam ser beneficiados por ela. Somente na hora da morte é que, às vezes, ele se lembra de deixar algo para este ou aquele, a fim de ganhar algum mérito no mundo espiritual. Isso não deixa de servir; muito pior é esquecer o arrependimento. Contudo, o fato pode se prender à certeza de que não se pode atravessar os portais do túmulo com o dinheiro em mãos.

Se a fortuna foi colocada em tuas mãos, não olvides o seu emprego, certamente que para o teu benefício é para a tua família, contudo, o teu próximo também é tua família, e disto não te deves esquecer ainda em vida. Não deixes que a morte chegue e cerre os teus olhos sem que uses do teu tesouro para enxugar lágrimas, para vestir os nus 8 matar a fome dos que padecem desta necessidade. Vê as crianças e igualmente os velhos nas suas carências e ampara-os com o que estiver ao teu alcance.

E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. (II Coríntios, 12:7)

É de nosso dever compreender em Espírito e verdade essa revelação. Mo caso do mundo, essa revelação são os bens materiais, e não deve, quem a tem, se exaltar. Para tanto, pode o mundo espiritual colocar nas vidas que possuem o ouro em abundância, um mensageiro de Satanás, se não fizer bom uso rios bens que se encontram em suas mãos.

Antes que a morte te chame para a realidade, usa com sabedoria teus bens terrenos e mesmo os espirituais. Não deixes estagnar nada nos teus bolsos nem no teu coração, porque tudo, vê bem, pertence a Deus, e assim como Ele deu, Ele pode tirar quando achar conveniente. O mérito da criatura é proporcional aos sentimentos que lhe inspiram a alma. Busca, seja qual for a tua posição no mundo, a Jesus, que Ele, o Sábio dos sábios, te orientará sobre como deves proceder com os teus bens da Terra e da alma. Circula teus valores, pois que eles parados estragam tua própria vida. Não percas tempo. Eles são valores e convites para o teu coração.

O condicionamento do homem é guardar para o amanhã, sendo que ainda não percebeu, que nada é de ninguém. Tudo foi colocado nas mãos para circular, beneficiando a todos. Tudo pertence a Deus e Ele sabe como usar para a paz e a felicidade dos Seus filhos do coração. Não podes desconhecer o prazer de doar. Aprende a distribuir com critério, que a vida dar-te-á aquela paz de consciência que somente os justos possuem.

Não desdenhes das oportunidades surgidas, pois elas passam. Podes,já neste mundo, gozar de algumas réstias na felicidade futura, se compreenderes e praticares o amor, na feição de caridade salvadora. Foi-nos dada a inteligência, acompanhando a força do raciocínio, para compreendermos as diretrizes rio Mestre, no desejo de ser útil à humanidade.

Limpa do teu coração o orgulho, que estarás no caminho de esquecer igualmente o egoísmo. Aí, serás feliz, porque somente a verdade tem essa força capaz de gerar a felicidade e a transmite para a consciência e o coração.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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