O livro dos espíritos. Q. 1016

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Paraíso, inferno e purgatório

1016. Em que sentido se deve entender a palavra céu?

“Julgas que seja um lugar, como os campos Elíseos dos antigos, onde todos os bons Espíritos estão promiscuamente aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os Espíritos gozam plenamente de suas faculdades, sem as tribulações da vida material, nem as angústias peculiares à inferioridade.”

Céu

A palavra céu ressoa sempre na alma do homem como se fosse um lugar para os eleitos, para os santos e anjos, em posição de adoração a Deus, sem nenhum objetivo. A própria razão discorda desta ideia, visto que o trabalho é função permanente de Deus e Cristo. Céu é sinônimo de trabalho, de ação permanente da alma em todos os seguimentos da vida.

Como acreditar em um céu, onde não existe movimento? Na verdade, o céu, como também o inferno, está dentro de nós, e os seus valores podem ser despertados pelo Evangelho, surgindo aí a compreensão, e esse céu nos dá alegria na eternidade, por ser baseado nas leis eternas de Deus.

O que chamas de céu pode se referir aos mundos superiores. Em toda parte em que existirem Espíritos puros, aí se encontra o céu. Jesus andou entre os homens, neste mundo de provações e expiações, mas vivia no céu que Ele mesmo criou para Seu conforto, conquista da Sua alma iluminada. Ele nos ensinou como despertar esse paraíso em nós:

E que amar a Deus de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. (Marcos, 12:33)

O Mestre eliminou o costume de demonstrar amor a Deus por intermédio de oferendas, sacrificando os animais e ofertando coisas materiais a pretexto de aplacar a "fúria" do Criador que é Deus de amor. Ele condensou os dez mandamentos, reduzindo-os a apenas dois, mostrando a simplicidade com que devemos amar ao Ser Supremo. Quem seguir esses dois mandamentos, praticando essas verdades, estará definitivamente no céu, junto aos anjos de Deus, respirando o verdadeiro alimento que se chama amor.

Não podemos, certamente» criticar, nem julgar quem acredita em um céu material e em um lugar definitivo, cercado por poderosos Espíritos, onde poderiam adentrar somente os eleitos. Eles precisavam dessa definição, onde a verdade vinha encoberta de letras, envolta em panos que dificultavam a sua compreensão, no entanto, é chegado o momento de cair o véu e o sol começar a aparecer na cidade do coração, para melhor entendimento da consciência.

A Doutrina Espírita é Jesus voltando, a nos falar do verdadeiro céu dentro de nós, e é esse céu que devemos despertar para a eternidade. A palavra céu significa a felicidade que a alma deve conquistar, mas, não a comprando, nem vendendo, porém, conquistando-a pela maturidade.

Se queres sentir o céu no teu coração, dá curso novo às tuas intenções,, reforma tuas disposições velhas que desconhecem o amor e vive na caridade permanente contigo mesmo e com os outros. Somente existe céu onde há paz de consciência, onde há luz no coração. Quem despreza o Cristo, toma rumos diferentes da fraternidade

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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