ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
II - PENAS E GOZOS FUTUROS
Penas
temporais
983. Não experimenta
sofrimentos materiais o Espírito que expia suas faltas em nova existência? Será
então exato dizer-se que, depois da morte, só há para a alma sofrimentos
morais?
“É
bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida são-lhe
um sofrimento; mas, só o corpo sofre materialmente. Falando de alguém que
morreu, costumais dizer que deixou de sofrer. Nem sempre isto exprime a
realidade. Como Espírito, está isento de dores físicas; porém, tais sejam as
faltas que tenha cometido, pode estar sujeito a dores morais mais agudas e pode
vir a ser ainda mais desgraçado em nova existência. O mau rico terá que pedir
esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da miséria; o
orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e trata com
desprezo e dureza os seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior
mais ríspido do que ele o foi. Todas as penas e tribulações da vida são
expiação das faltas de outra existência, quando não a consequência das da vida
atual. Logo que daqui houverdes saído, compreendê-lo-eis. (273, 393 e 399)
O homem que se considera feliz na Terra, porque pode satisfazer às suas paixões, é o que menos esforços emprega para se melhorar. Muitas vezes começa a sua expiação já nessa mesma vida de efêmera felicidade, mas certamente expiará noutra existência tão material quanto aquela.”
Sofrimentos materiais
Conforme o estado do
Espírito, a dor toma dimensões diferentes, como no caso dos sofrimentos do
Espírito encarnado, quando mesmo os sofrimentos morais costumam refletir no
físico e fazerem a alma sofrer mais. São dois aspectos da dor, ao passo que o
Espírito desencarnado, não tendo o corpo físico, sofre as dores morais. No
entanto, o corpo mais imediato da alma, que a Doutrina dos Espíritos chama de
perispírito, sofre as consequências da mente em desarmonia.
Convém estudar sempre as
causas e os efeitos de todos esses infortúnios, para que possamos chegar à
realidade da vida do Espírito. Sempre ouvimos os encarnados, ao falarem de
alguém que morreu, dizerem que parou de sofrer. Como se enganam! Em muitos
casos, o sofrimento acompanha a alma depois do túmulo, pois ele foi gerado na
sua conduta.
A carne nada tem a ver com
os desequilíbrios do Espírito, que passa por todos esses caminhos aprendendo e
ensinando, recolhendo experiências de todos os matizes para o celeiro da sua
vida. Como Espírito, ele não está sujeito às dores físicas, no entanto, as
dores morais o acompanham aonde quer que esteja, até que a mente se ajuste ao
equilíbrio, com as leis naturais, criadas por Deus.
O que "O Livro dos
Espíritos" chama de penas temporais, é certificando que a alma não sofre
eternamente, o que seria um absurdo, se Deus o permitisse. Quando a alma pejar
as lições que os sofrimentos transmitem, cessará a sua fonte por não mais
precisar deste estímulo para o despertamento dos valores. Quem se dispuser a
aprender com Jesus tem por vezes a mesma sorte encontrando duros testemunhos,
dentro e fora do próprio lar. Anotemos o que Marcos anotou no seu Evangelho:
Também os que com ele foram
crucificados o insultavam. (Marcos, 1 5:32)
Vejamos que o Mestre recebeu
insulto até por parte dos que com Ele foram crucificados, quando para eles
deveria ser uma honra estarem junto a Ele. Como iremos nós outros passar ilesos
pelos processos de despertamento espiritual? Jesus não tinha necessidades
individuais de passar pelas agressões do mundo; tudo que Ele sofreu foi para
exemplo e estímulo à nossa coragem.
Não existe ascensão sem
esforço, e quando esquecemos a nossa parte; surge a dor mais acentuada, no
sentido de nos erguer para o alto, nos fazendo sentir a vida, dentro da vida de
Deus.
Procura estabilizar teus
sentimentos. Se tens comandados sob tua direção, lembra-te do bom senso e de
que todos são irmãos, filhos do mesmo Pai de Amor, para que» em outra
oportunidade, não venhas a sofrer o mesmo que submetes aos teus subordinados.
Se abusas da tua autoridade no presente, estás lançando sementes de
perseguições ao solo das mentes e que deverão, pela lei, crescer. ë a colheita
não pode ser de outra pessoa, a não ser do semeador. Confere a Tua vida todos
os dias e corta as arestas do mal que descobrires antes que elas cresçam 8
possam te ferir, do mesmo modo que feres. Não desprezes a ninguém, nem
maltrates os companheiros em caminho. Avança com Jesus, superando todos os
obstáculos, porque em muitos casos, quando vencidos os problemas exteriores, te
aparecerão os internos pedindo solução, na tua casa, e depois dentro de ti
prepara-te para essas lutas e que Deus te abençoe.
Todas as penas e expiações
pelas quais estejas passando são necessárias para o teu futuro. Podem ser
resgate do passado, ou processos de despertamento da alma, aqueles valores que
se encontram em estado de sono, do qual deves acordar. O homem que se considera
feliz por estar alimentando as paixões inferiores verdadeiramente é um infeliz
diante da vida e do seu futuro espiritual, mas a espiritualidade não esmorece
com ele, porque sabe que no amanhã mudará de ideia pela sua maturidade, que o
tempo encarrega de promover.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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