ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
II - PENAS E GOZOS FUTUROS
Expiação
e arrependimento
997. Veem-se Espíritos, de
notória inferioridade, acessíveis aos bons sentimentos e sensíveis às preces
que por eles se fazem. Como se explica que outros Espíritos, que devêramos
supor mais esclarecidos, revelam um endurecimento e um cinismo, dos quais coisa
alguma consegue triunfar?
“A
prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que,
impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios,
chegando mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns desgraçados Espíritos, a prece
nada pode e nada poderá, senão no dia em que um clarão de arrependimento se
produza neles.” (664)
A.K.:
Não
se deve perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a
morte do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora, a morte
não o torna imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em
suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo
estudo, pela reflexão e pelo sofrimento.
Espíritos inferiores
Deves notar que Espíritos inferiores
por vezes aceitam, no momento em que são chamados, orações e mesmo trabalho na
caridade, mas, ao passar do tempo, se esfriam nesses convites. Isso é comum no
meio dos trabalhos dos homens justos, que dedicam suas vidas ao bem-estar da
humanidade.
Não é de se admirar que
outras almas, de notória compreensão, aparentemente não se interessem por esses
convites, e por vezes façam galhofa dos que abraçaram esse trabalho de
caridade. Os Espíritos, bem sabem os estudiosos, desenvolvem em vários rumos seus
poderes latentes. As vezes o ignorante que aceita o convite do bem, ainda se
encontra sem direção.
O convite à caridade é
sempre feito com amor, e coração algum resiste ao amor. Depois, entretanto, o
entusiasmo pode esfriar por faltar maturidade espiritual. No entanto, sempre
fica algo no coração para o futuro; também os que convites recusam, são filhos
de Deus. O amanhã os espera com o mesmo carinho que os Espíritos do bem têm
para todos.
Já falamos muitas vezes da
diversidade de sentimentos e de vontade, porém, no fim todas as diversidades e
todos os sentimentos se fundem no bem e no amor, por ser essa a lei divina.
Existem os Espíritos inferiores que ignoram a sabedoria da Terra e existem os
Espíritos inferiores intelectuais. São dois extremos que devem ser corrigidos
pelo tempo. Devemos orar por todos eles, no entanto, a prece somente tem efeito
na alma que sentiu o arrependimento por dentro do coração.
Quando se fecha a alma, como
pode o Senhor entrar, sem ordem da própria casa? "Batei e abrir-se-vos-á."
Jesus está constantemente batendo à nossa porta; resta saber se abrimos para
Ele o coração. A inferioridade é ignorância; quando esta cede lugar ao
entendimento, passa a acender a luz de Deus na consciência. A inferioridade não
é característica do Espírito. Esse é luz na purificação do Criador. Das mãos
puras não podem nascer impurezas.
O que chamamos inferior é
falta de despertamento da alma dos valores que ela tem no centro da vida. A
sabedoria de Deus se expressa em sequencias intermináveis para os homens.
Necessário se faz que a assimilemos no decorrer das nossas virias.
Mas falamos a Sabedoria de
Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus ordenou desde a eternidade para a
nossa glória. (I Coríntios, 2:7)
A inferioridade é falta,
igualmente, do conhecimento da sabedoria de Deus, que ordena que as revelações
sejam dadas na ordem e no progresso dos seres humanos. E é isso que faz a
Doutrina dos Espíritos, revelando para os homens de maturidade certas leis que
estavam encobertas, e que assim ainda ficarão para alguns, devido à falta de
sentidos para tal compreensão.
O Espírito, porque
desencarnou, não se transforma subitamente; ele é o que é, no entanto, se
começou a sua iluminação na carne, certamente que ficará mais fácil a aceitação
da nova vida, com novos conceitos de elevação moral. A sua fé já alimentada no
mundo deve ser permanente, para que a luz rio coração acenda a luz na
consciência.
Se viveste vida condenável,
é porque te encontravas envolvido na inferioridade. Se assim podemos dizer, te
encontravas dormindo, com necessidade de acordar, e o maior despertador das
nossas consciências é o Cristo, porque Ele, em nós, é motivo de grande glória.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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