O livro dos espíritos. Q. sem número

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Paraíso, inferno e purgatório

Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos segundo seus merecimentos?

“Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”

Ressurreição da carne

É de se notar que a ressurreição da carne se processa, mas, de maneira diferente da que se comenta nos meios religiosos, onde se tomam como verdade alegorias que escondem uma posição que verdadeiramente se deve entender.

A carne ressurge, mas de modo diferente do que se prega em certos meios religiosos. Os elementos que compõem o corpo somático, com a morte deste, desagregam sua sociedade, da qual o Espírito era o comandante, para integrar outros corpos, aonde forem chamados pela natureza. Mudam-se de formas, pelas bênçãos de Deus, para a renovação e mesmo a espiritualização da matéria.

O veículo da ascensão é o movimento; nada para na vida, pois ela tem o, hálito do Criador que insufla energia na sua profundidade primitiva, que somente Ele sabe fazer. Se podemos dizer, é bom que se fale: a reencarnação se processa em tudo.porque tudo que existe muda de corpos com o objetivo de crescer, no esplendor da vida, e a alma, que não se dissolve pela morte do corpo, segue a lei de mudanças de veículos quantas vezes forem necessárias para a sua purificação, no tocante à harmonia do Espírito.

Deves destruir o irreal, deves esquecer o negativo, porque a mente é poderosa no que se refere a criar. Ela cria e alimenta sua criação. Quantas pessoas sofrem com as suas próprias imagens, formas - pensamentos que criaram e que alimentam? O Satanás, por exemplo, é uma figura, em se comparando com o Espírito ignorante; se formos acreditar no que falamos aos que não compreendem, esse Satanás teria os mesmos poderes de Deus, por estar em toda a parte do mundo, no mesmo instante, e sempre perseguindo as criaturas divinas, sem que Deus pudesse eliminá-lo. É qual a obsessão nos meios espíritas: por vezes não existe tal acompanhamento com as pessoas, mas os menos esclarecidos acham que tudo o que ocorre de desequilíbrio com os doentes é obsessão, embora às vezes seja o próprio encarnado que atraia os Espíritos inferiores. O trabalho dos espíritas deve mudar de rumo em certas circunstâncias, doutrinando o encarnado, educando-o e instruindo-o acerca das leis espirituais, pois o acompanhamento espiritual se faz por sintonia. Mudando-se o modo de pensar, encontrar-se-á imediatamente livre de todos os tipos de Espíritos que desejam persegui-lo.

A carne ressurge em toda a parte, mas não como certos religiosos pregam: da mesma forma que o desencarnante a possuía antes da desencarnação. O Espírito troca de formas aqui e ali, para cumprir a lei da reencarnação, conhecida em todo o mundo, e como é lei, se cumpre em todos os mundos habitados, para a glória da luz se fazer nos corações. Devemos meditar no que diz Mateus:

Qual de vós, por ansioso que seja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (Mateus, 6:27).

É o mesmo que dizer: qual o Espírito encarnado ou desencarnado que pode modificar a vida, ou mesmo mudar as leis?

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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