ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
II - PENAS E GOZOS FUTUROS
Paraíso, inferno e purgatório
1012. De acordo, então, com
o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os
imagina?
“São
simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto,
conforme também há dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por
simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”
A.K.:
A
localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação
do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as
coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.
Penas e gozos
Todo princípio da felicidade existe dentro de cada alma, por vezes em estado de sono ou começando a acordar, ou, ainda, em estado mais ou menos adiantado. Não deves pensar que o céu existe em lugar determinado, para os que têm condições de entrada livre nos lugares celestiais. Onde se reúnem os Espíritos puros, ali se forma o ambiente dos céus; onde se congregam os Espíritos inferiores, o inferno.
As penas e gozos principiam
na nossa intimidade. É neste sentido que sempre falamos que, se queres a paz,
constrói internamente a paz, que essa paz se irradiará por teu exterior. Os espíritas
já conhecem essa verdade, pois já leram livros e mais livros que retratam as
zonas onde existem as trevas compactas, com levas e mais levas de Espíritos
obstinados no mal, presos nas suas maldades, e outros que circulam no espaço,
sem rumo, espalhando as suas más intenções.
Os umbrais se encontram
cheios de almas portadoras de sentimentos inferiores, arraigadas nas paixões,
sem conhecerem ou sentirem as belezas imortais do amor e da caridade, do perdão
e da fé em Jesus Cristo. Todos temos notícias de colônias espirituais
igualmente repletas de Espíritos reformados e reformando-se à luz do Evangelho
de Jesus. Não podemos dizer que são almas venturosas, por estarem ainda em
processo de arrependimento, objetivando a perfeição, trabalhando para merecer outra
reencarnação, na qual poderão refundir os sentimentos para que o amor cresça
nos seus corações. Não é o ambiente que os torna felizes, mas o que despertam
dentro de si.
Jesus já dizia com
propriedade que o céu está dentro de cada um, esperando apenas que os valores
despertem para que a luz comece a nascer no coração e a tranquilizar a
consciência. Pode notar o estudioso do espiritualismo que, quando um pensamento
fixa na sua mente, de que ele fez algo em desacordo com o bem, espraia-se
sofrimento em todo o seu ser, surgindo a melancolia, o desespero, a revolta, e
aí prossegue nesta linha de contradições. É a consciência em estado de alerta,
para que ele possa sair dessa condição contrária à lei da harmonia.
O que se pode fazer? Buscar
Jesus e o Seu Evangelho, meditar nele e buscar imediatamente o socorro nos seus
valores, passando a viver o amor, exercitando a caridade. Devemos sempre nos
lembrar da parábola das bodas, que nos diz:
Ide, pois, para as
encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas a quantos encontrardes.
(Mateus, 22:9)
Quando acertares o caminho e
se dê o teu casamento com o bem, sai a procurar quem se interessa em casar-se
igualmente com a verdade e convida essa alma para o banquete celestial do amor,
de modo a te libertares da ignorância.
O inferno e o paraíso não
têm a existência que certos homens imaginam, em lugar determinado. As suas
raízes se encontram dentro do Espírito, de onde poderemos viver com um ou com
outro. Todos os suplícios principiam na nossa intimidade. Os Espíritos puros,
onde quer que estejam, vivem no céu, enquanto as almas inferiores podem
acompanhar e viver com os Anjos, mas se encontrarão sempre no
"inferno", sofrendo o guante da sua consciência.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário