Um dia um menino chegou
junto a um regato tão rápido que tinha quase a impetuosidade de uma torrente. A
água descia de uma colina vizinha e engrossava, à medida que avançava pela
planície. Pôs-se o menino a examinar a torrente, depois juntou toda sorte de
pedras que podia carregar nos braços pequeninos. Tinha a cega presunção de
construir um dique.
Apesar de todos os seus esforços e da sua cólera infantil, não o conseguiu.
Refletindo então mais
seriamente, se é que tal expressão se pode atribuir a uma criança, subiu mais
alto, abandonou sua primeira tentativa e quis fazer seu dique perto da própria
fonte do regato. Mas, ah! Seus esforços ainda foram impotentes.
Desanimou e lá se foi
chorando.
Estava-se ainda na bela estação e o regato não era muito rápido, em comparação com o seu curso no inverno. Engrossou, e o menino viu o seu progresso: a água lançava-se roncando com maior furor, derrubando tudo em sua passagem, e o próprio menino infeliz teria sido arrastado, se tivesse ousado aproximar-se, como da primeira vez.
Oh! Homem fraco! Oh,
criança! Tu que queres levantar uma barragem, um obstáculo intransponível à
marcha da verdade, não és mais forte do que aquela criança e tua infantil
vontade não é mais forte que os seus pequenos braços. Ainda mesmo que queiras
atingi-la em seu nascedouro, a verdade, com certeza, arrastar-te-á
inevitavelmente.
Basílio
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