1. Introdução
O que são os Dez
Mandamentos? Por quê dez? É correto usar o termo mandamento? Moisés recebeu-os
diretamente de Deus? Qual a visão espírita desse código de conduta? Esses
mandamentos ainda são válidos nos dias que correm? Veremos a posição de Moisés,
o comentário expresso em O Evangelho Segundo o Espiritismo e a
interpretação dada pelo Espírito André Luiz.
2. Conceito
Decálogo.
Assim são chamadas as "dez palavras" que Moisés por ordem Javé, ou
que o próprio Javé escreveu nas duas tábuas de pedra, e que continham as
obrigações fundamentais da Aliança.
Mandamentos são
os princípios éticos transmitidos por Deus aos homens de todos os tempos,
através de emissários chamados profetas. Foram sintetizados no Decálogo, o qual
Jesus não veio derrogar, mas sim aperfeiçoar.
3. Considerações iniciais
A Bíblia é dividida em Velho
e Novo Testamento. A palavra Testamento significa Aliança. Há, assim, uma
aliança (velha) de Deus feita com os profetas, notadamente Moisés, e outra
(nova) com Jesus.
Moisés recebe de Deus os Dez
Mandamentos, descrito em Êxodo, 20, 2 a 17. É repetido novamente em
Deuteronômio, 5, 6 a 21, usando palavras similares. Decálogo significa dez
palavras. Estas palavras resumem a Lei, dada por Deus ao povo de Israel, no
contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do
amor a Deus (os quatros primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o
povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da
escravidão do pecado. De acordo com o livro bíblico de Êxodo, Moisés conduziu
os israelitas que haviam sido escravizados no Egito, atravessando o Mar
Vermelho dirigindo-se ao Monte Horebe, na Península do Sinai. No sopé do Monte
Horebe, Moisés ao receber as duas "Tábuas da Lei" contendo os Dez
Mandamentos de Deus, estabeleceu solenemente um Pacto (ou Aliança) entre
YHVH e o povo de Israel. (Wikipédia)
Os Dez Mandamentos,
proveniente de Assêret Hadibrot, dá-nos a falsa impressão de que existem
Dez Mandamentos, que foram separados como sendo os mais importantes da Torá. A
tradução correta de Assêret Hadibrot é "Dez Falas" ou
"Dez Ditos", sendo que estes são dez princípios que incluem toda a
Torá e seus 613 preceitos, inclusive estes dez.
4. Moisés e os dez
mandamentos
4.1. Contexto histórico
Na antiguidade, falava-se
muito da Lei. A Lei no Antigo Testamento recebe diversas denominações:
ensinamento, testemunho, preceito mandamento, decisão (ou juízo, julgamento),
palavra, vontade, caminho de Deus. O termo hebraico Torah (Lei), por
exemplo, tem um sentido amplo e significa "ensinamento" dado por Deus
aos homens para regular sua conduta. A Lei está em íntima relação com a
Aliança. Na Aliança Deus faz promessas, mas estabelece condições: Israel deverá
obedecer à sua voz e observar as suas prescrições, caso contrário cairão sobre
Israel as maldições divinas. Essa ligação entre a Lei e a Aliança explica que
em Israel não haja outra lei que a de Moisés, pois Moisés é o mediador
da Aliança.
4.2. A descrição dos dez
mandamentos
Moisés recebeu as duas
tábuas dos Dez Mandamentos no monte Sinai. Os dez mandamentos representam a
primeira revelação divina aos homens. Ela foi local e pessoal e deu-se em
Israel. Moisés foi o revelador. Dizem que recebeu diretamente de Deus. Em
realidade, Moisés foi um grande enviado, um grande emissário, mais
especificamente um grande médium.
5. Reflexão
sobre os dez mandamentos
5.1. Comentando, um a um, os
dez mandamentos
I.
Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não
tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida,
nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que
quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis
culto soberano.
Este primeiro mandamento
estabelece que devemos amar um único Deus, que, segundo o Espiritismo, é a
inteligência suprema causa primária de todas as coisas. Prega-se que não
devemos adorar imagens ou coisas semelhantes. Por isso o Espiritismo não tem
imagens, nem paramentos e nem qualquer tipo de ritualismo.
II.
Não tomeis em vão o nome do Senhor vosso Deus.
Quando nos dirigirmos a
Deus, devemos fazê-lo dentro da maior humildade, pois não são as promessas
labiais que nos salvarão, mas a completa obediência aos seus mandamentos.
III.
Lembrai-vos de santificar o dia do sábado.
Santificar o dia não é fazer
dele uma idolatria, pois Jesus já nos ensinava que o sábado foi feito para o
homem e não o homem para o sábado. Quer dizer, devemos prestar homenagem,
reverência a Deus, mas não precisa ser exclusivamente no sábado.
IV.
Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o
Senhor vosso Deus vos dará.
A dívida para com os nossos
pais é impagável. Não podemos lhes retribuir a nossa própria vida. Por isso,
devemos respeitá-los e dar-lhes toda a nossa atenção. Não importa se são bons
ou maus. A ingratidão dos filhos para com os pais não tem fundamento lógico:
será que estaríamos escrevendo essas linhas se eles não nos tivessem dado a
oportunidade da reencarnação?
V.
Não mateis.
O ser humano não tem o
direito de tirar a vida de quem quer que seja, pois ela pertence ao Criador.
Aliás, não somos donos nem do nosso próprio corpo, que é um empréstimo de Deus
para que possamos desempenhar as nossas funções aqui na Terra.
VI.
Não cometais adultério.
O adultério não deve ser visto
apenas como fornicação. O seu sentido é mais amplo, e deve ser estendido a
todos os atos de nossa vida. Jesus já nos alertava sobre o pecado pelo
pensamento, pois tudo começa com uma simples ideia.
VII.
Não roubeis.
Há diversos tipos de roubos:
de dinheiro, de coisas, de objetos. Há também os roubos de tempo, do sossego e
da quietude do próximo.
VIII.
Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo.
Cada um de nós pode ser o
próximo que está recebendo falso testemunho. Será que gostaríamos que isso
acontecesse conosco?
IX.
Não desejeis a mulher do vosso próximo.
Desejar a mulher do próximo
tem muito a ver com o adultério. Educar o pensamento e os sentimentos é o ponto
chave. Mesmo assim, convém não nos deixarmos influenciar demasiadamente pelos
meios de comunicação de massa.
X.
Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem
qualquer das coisas que lhe pertençam.
A inveja é o maior dos
males. Jesus ensinou-nos de que devemos ser nós mesmos. Ele dizia: "Sê tu
mesmo, desenvolva a tua personalidade". Sigamos o nosso caminho. O que
iremos ganhar andando pelo caminho traçado pelos outros?
5.2. O ensinamento de Allan
Kardec
"Esta lei é de todos os
tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as
outras são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a manter, pelo temor, um
povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os
abusos enraizados e os preconceitos hauridos na servidão do Egito. Para dar
autoridade às suas leis, ele deveu atribuir-lhes origem divina, assim como
fizeram todos os legisladores dos povos primitivos; a autoridade do homem
deveria se apoiar sobre a autoridade de Deus; mas só a ideia de um Deus terrível
podia impressionar homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de
uma delicada justiça eram ainda pouco desenvolvidos. É bem evidente que, aquele
que tinha colocado em seus mandamentos: "Tu não mataras; tu não farás mal
ao teu próximo" não poderia se contradizer fazendo deles um dever de
extermínio. As leis mosaicas propriamente ditas, tinham, pois, um caráter
essencialmente transitório". (Kardec, O evangelho segundo o espiritismo, p.
34)
5.3. A interpretação do
espírito André Luiz
1. Consagra amor supremo ao
Pai de Bondade Eterna, n’Ele reconhecendo a tua divina origem.
2. Precata-se contra os
enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos
pelos acanhados atributos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e
do orgulho.
3. Abstém-te de envolver o
Julgamento Divino na estreiteza de teus julgamentos.
4. Recorda o impositivo da
meditação em teu favor e em beneficio daqueles que te atendem na esfera do
trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.
5. Lembra-te de que a dívida
para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.
6. Responsabilizar-te-ás
pelas vidas que deliberadamente extinguires.
7. Foge de obscurecer ou
conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força
desorientada que voltarão sobre ti mesmo.
8. Evita a apropriação
indébita para que não agraves as próprias dívidas.
9. Desterra de teus lábios
toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os
teus pés.
10. Acautela-te contra a
inveja e o despeito, a inconformação e o ciúme, aprendendo a conquistar alegria
e tranquilidade, ao preço do esforço próprio porque os teus pensamentos te
precedem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã. (Xavier, 1977, p.
160)
6. Conclusão
Moisés, com a tábua dos Dez
Mandamentos, abriu o caminho da moral cristã. Jesus, pela sua pregação
evangélica, continuou a sua obra; ao Espiritismo cabe a tarefa de terminá-la.
Fonte: Centro Espírita
Ismael, por Sérgio Biagi Gregório
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