Jerusalém é uma cidade
localizada em um planalto nas montanhas da Judeia entre o Mediterrâneo e o mar
Morto, é uma das cidades mais antigas do mundo. É considerada sagrada pelas
três principais religiões abraâmicas — judaísmo, cristianismo e islamismo. A
cidade é alvo de uma longa disputa entre israelenses e palestinos.
Durante a sua longa
história, Jerusalém foi destruída pelo menos duas vezes, sitiada 23 vezes,
atacada 52 vezes e capturada e recapturada outras 44 vezes. A parte mais antiga
da cidade foi estabelecida no IV milênio a.C. Em 1538, muralhas foram
construídas em torno da cidade sob o regime de Solimão, o Magnífico. Atualmente
aqueles muros definem a Cidade Antiga, que é dividida em quatro bairros —
armênio, cristão, judeu e muçulmano — desde o início do século XIX. A Cidade
Antiga se tornou um Patrimônio da Humanidade em 1981, e desde 1982 que está na
lista de patrimônios em perigo. A Jerusalém moderna cresceu muito para além dos
limites da Cidade Antiga.
De acordo com a tradição bíblica, o rei Davi conquistou a cidade dos jebuseus e estabeleceu-a como a capital do Reino Unido de Israel, enquanto seu filho, o rei Salomão, encomendou a construção do Primeiro Templo. Estes eventos fundamentais, abrangendo o fim do I milênio a.C., assumiram uma importância simbólica central para o povo judeu. O apelido de "cidade santa" foi provavelmente associado a Jerusalém no período pós-exílio. A santidade de Jerusalém no cristianismo, conservada na Septuaginta, que os cristãos adotaram como sua própria autoridade, foi reforçada pelo relato do Novo Testamento da crucificação de Jesus. Para o islã sunita, a cidade é o terceiro lugar mais sagrado do mundo, depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita. Na tradição islâmica em 610, a cidade é a primeira quibla — o ponto focal para a oração muçulmana (salat) — e é onde Maomé fez sua viagem noturna, quando teria ascendido aos céus e falado com Deus, de acordo com o Alcorão. Como resultado, apesar de ter uma área de apenas 0,9 quilômetros quadrados, a Cidade Antiga é o lar de muitos locais de importância religiosa seminal, entre eles o Monte do Templo e sua parede ocidental, a Igreja do Santo Sepulcro, a Cúpula da Rocha, a Tumba do Jardim e Mesquita de al-Aqsa.
O estatuto de Jerusalém continua a ser problemático, sendo uma das maiores questões no conflito israelo-palestino. O Plano de Partilha da Palestina, aprovado pelas Nações Unidas em 29 de novembro de 1947, estabelecia a cidade como um território internacional. Durante a guerra árabe-israelense de 1948, Jerusalém Ocidental estava entre as áreas capturadas e depois anexadas por Israel, enquanto Jerusalém Oriental, inclusive a Cidade Antiga, foi capturada e posteriormente anexada pela Jordânia. Israel capturou Jerusalém Oriental dos jordanianos em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. A Lei de Jerusalém, uma das Leis Básicas de Israel, define Jerusalém como a capital indivisível do país e todos os ramos do governo israelense estão sediados na cidade, incluindo a residência do presidente da nação, repartições governamentais, suprema corte e o Knesset (parlamento). A comunidade internacional rejeita a anexação como ilegal e trata Jerusalém Oriental como um território palestino ocupado por Israel. Após a Resolução 478 do Conselho de Segurança da ONU, oficializou-se a retirada das embaixadas estrangeiras de Jerusalém. A maioria dos países mantém sua embaixada em Tel Aviv, principal centro financeiro do país.
Etimologia
Ainda que a origem do nome Yerushalayim seja incerta, várias
interpretações linguísticas têm sido propostas. Alguns acreditam que é uma
combinação das palavras em hebraico "yerusha"
(legado) e "Shalom" (paz),
ou seja, legado da paz. Outros salientam que "Shalom"; é um cognato do nome hebraico "Shlomo", ou seja, o Rei Salomão, o
construtor do Primeiro Templo. Alternativamente, a segunda parte da palavra
seria Salem (Shalem literalmente "completo" ou "em
harmonia"), um nome recente de Jerusalém isto aparece no livro de Gênesis.
Outros citam as cartas de Amarna, onde o nome acadiano da cidade aparece como
Urušalim, um cognato do Hebreu Ir Shalem. Alguns acreditam que há uma conexão a
Shalim, a deidade beneficente conhecida dos mitos ugaríticos como a
personificação do crepúsculo.
De acordo com um midrash
(Bereshit Rabá), Abraão veio até a cidade, e a chamou de Shalem, depois de
resgatar Ló. Abraão perguntou ao rei e ao mais alto sacerdote Melquizedeque se
podiam abençoá-lo. Este encontro foi comemorado por adicionar o prefixo Yeru (derivado de Yireh, o nome que Abraão deu ao monte do Templo) produzindo
Yeru-Shalem, significando a "cidade de Shalem," ou "fundada por
Shalem". Shalem significa "completo" ou "sem defeito".
Por isso, "Yerushalayim" significa a "cidade perfeita", ou
"a cidade daquele que é perfeito". O final -im indica o plural na gramática hebraica e -ayim a dualidade, possivelmente se referindo ao fato que a cidade
se situa em duas colinas.
Alguns acreditam que a
cidade chamada de Rušalimum ou Urušalimum que aparece nos achados do Antigo
Egito é a primeira referência a Jerusalém. Os gregos adicionaram o prefixo hiero ("sagrada") e chamaram
de Hierosolyma. Para os árabes, Jerusalém é al-Quds ("A Sagrada").
Foi chamada de Jebus (Yevus) pelos
jebusitas. "Tzion"
inicialmente se referiu a parte da cidade, mas depois passou a significar a
cidade como um todo. Durante o reinado de David, ficou conhecida como Yir David
(a cidade de David).
História
Cerâmicas indicam a ocupação
de Ofel, dentro da atual Jerusalém, desde a Idade do Cobre, ao redor do Quarto
milênio a.C., com evidências de assentamentos permanentes durante o começo da
Idade do Bronze, 3000-2 800 a.C. Os Textos de Execração (c. do século XIX
a.C.), que se referem a uma cidade chamada Roshlamem ou Rosh-ramen e as Cartas
de Amarna (c. século XIV a.C.) podem ser os primeiros a falar da cidade. Alguns
arqueólogos, incluindo Kathleen Kenyon, acreditam que Jerusalém como cidade foi
fundada pelos povos semitas ocidentais com assentamentos organizados em cerca
de 2 600 a.C.. Segundo a tradição judaica, a cidade foi fundada por Sem (filho
de Noé) e Éber (bisneto de Sem), antepassados de Abraão. Nos contos bíblicos,
Jerusalém era uma cidade Jebusita até o século X a.C., quando David
conquistou-a e fez dela a capital do Reino Unido de Israel e Judá (c. anos 1
000 a.C.). Recentes escavações de uma grande estrutura de pedra são
interpretadas por alguns arqueólogos como crédito à narrativa bíblica.
Períodos Templários
Davi reinou até 970 a.C. Ele
foi sucedido pelo seu filho Salomão, que construiu o Templo Sagrado no Monte
Moriá. O Templo de Salomão (mais tarde conhecido como o Primeiro Templo),
passou a desempenhar um papel central na história judaica como o lugar onde
estava guardada a Arca da Aliança. Ao longo de mais de 600 anos, até à
conquista babilônica, em 587 a.C., Jerusalém foi a capital política e religiosa
dos judeus. Este período é conhecido na história como o Período do Primeiro
Templo. Após a morte de Salomão (c. 930 a.C.), as dez tribos do norte se uniram
para formar o Reino de Israel. Sob a liderança da Casa de David e Salomão,
Jerusalém continuou a ser a capital do Reino de Judá.
Quando a Assíria conquistou
o Reino de Israel, em 722 a.C., Jerusalém foi fortalecida por um grande afluxo
de refugiados provenientes do norte do reino. O Primeiro Período Templário
acabou cerca de 586 a.C., quando os babilônios conquistaram Judá e Jerusalém, e
devastaram o Templo de Salomão. Em 538 a.C., após cinquenta anos do exílio na
Babilônia, o xá do Império Aquemênida Ciro, o Grande convidou os judeus a
regressarem a Judá e Jerusalém e reconstruírem o Templo. A construção do
Segundo Templo de Salomão foi concluída em 516 a.C., durante o reinado de
Dario, o Grande, setenta anos depois da destruição do Primeiro Templo.
Jerusalém retomou o seu papel de capital de Judá e centro de culto judaico.
Quando o comandante macedônio Alexandre o Grande conquistou o Império
Aquemênida, Jerusalém e Judeia caíram sob controle macedônio, e em seguida sob
o Reino Ptolemaico de Ptolomeu I. Em 198 a.C., Ptolomeu V perdeu Jerusalém e a
Judeia para o Império Selêucida sob Antíoco III. A tentativa selêucida de
retomar Jerusalém do domínio macedônio teve sucesso em 168 a.C. com a bem
sucedida revolta macabeia de Matatias, o Sumo Sacerdote e os seus cinco filhos contra
Antíoco Epifânio, e a criação do Reino Asmoneu em 152 a.C., novamente com
Jerusalém como capital.
Guerras
Romano-Judaicas
Conforme o Império Romano se
tornou mais forte, ele colocou Herodes como um rei cliente. Herodes o Grande,
como ele era conhecido, dedicou-se a desenvolver e embelezar a cidade. Ele
construiu muralhas, torres e palácios, e expandiu o Templo do Monte, reforçou o
pátio com blocos de pedra pesando até cem toneladas. Sob Herodes, a área do
Templo do Monte dobrou de tamanho. Em 6 d.C., a cidade, assim como grande parte
da região ao redor, entrou sob controle direto dos romanos como na Judeia
Herodes e seus descendentes até Agripa II permaneceram reis-clientes da Judeia
até 96. O domínio romano sobre Jerusalém e região começou a ser contestada a
partir da primeira guerra judaico-romana, a Grande revolta judaica, que
resultou na destruição do Segundo Templo em 70 Em 130 Adriano romanizou a
cidade, e ela foi renomeada para Élia Capitolina. Jerusalém, mais uma vez
serviu como a capital da Judeia durante o período de três anos da revolta
conhecida como a Revolta de Barcoquebas. Os romanos conseguiram recapturar a
cidade em 135 e como uma medida punitiva Adriano proibiu os judeus de entrarem
nela. Adriano rebatizou toda a Judeia de Síria Palestina numa tentativa de
desjudaizar o país. A proibição sobre os judeus entrarem em Élia Capitolina
continuou até o século IV.
Nos cinco séculos seguintes
à revolta de Barcoquebas, a cidade permaneceu sob domínio romano, até cair sob
domínio bizantino. Durante o século IV, o imperador romano Constantino I (r.
306–337) construiu partes católicas em Jerusalém, como a Igreja do Santo
Sepulcro. Jerusalém atingiu o pico em tamanho e população no final do Segundo
Período Templário: A cidade se estendia por dois quilômetros quadrados e tinha
uma população de 200 mil pessoas A partir de Constantino até o século VII, os
judeus foram proibidos em Jerusalém.
Guerras romano-persas
No período de algumas
décadas, Jerusalém trocou de mãos entre persas e romanos, até voltar à mão dos
romanos mais uma vez. Depois, do avanço do xá sassânida Cosroes II (r. 590–628)
no início do século VII sobre os domínios bizantinos, avançando através da
Síria, os generais sassânidas Sarbaro e Saíno atacaram a cidade de Jerusalém
(em persa: Dej Houdkh), então controlada pelo Império Bizantino.
No Cerco de Jerusalém em
614, após passarem incansáveis 21 dias em estratégia de cerco, Jerusalém foi
capturada dos persas e isso resultou na anexação territorial da cidade. Depois
que o exército sassânida entrou em Jerusalém, a sagrada "Vera Cruz"
foi roubada e enviada de volta para a capital imperial como uma relíquia
sagrada da guerra. A cidade conquistada e a Santa Cruz, permaneceriam nas mãos
dos Sassânidas por mais quinze anos, até o imperador bizantino Heráclio (r.
610–641) recuperá-la em 629.
Estado islâmico
Em 638, o Califado Ortodoxo
alargou a sua soberania conquistando a cidade de Jerusalém e a província romana
da Palestina Prima. Neste momento, Jerusalém foi declarada a terceira cidade
mais sagrada do Islã após Meca e Medina, e referido como al Bait al-Muquddas.
Mais tarde, ele era conhecido como al-Qods al-Sharif. Com a conquista árabe, os
judeus foram autorizados a regressar à cidade. O califa ortodoxo Omar (r.
634–644) assinou um tratado com o patriarca cristão monofisista Sofrônio,
assegurando-lhe que os lugares sagrados cristãos de Jerusalém e a população
cristã seriam protegidos ao abrigo do estado muçulmano. Omar foi conduzido à
Pedra Fundamental no Monte do Templo, no qual ele claramente recusou, pois se
preparava para construir uma mesquita. De acordo com o bispo gaulês Arculfo,
que viveu em Jerusalém a partir de 679 a 688, a Mesquita de Omar era uma
estrutura retangular de madeira construído sobre ruínas que poderia acomodar 3
000 seguidores.
O califa omíada Abedal
Maleque ibne Maruane (r. 685–705) encomendou a construção da Cúpula da Rocha no
final século VII.[69] O historiador do século X, Mocadaci, escreveu que Abedal
Maleque construiu o santuário, a fim de competir na grandeza das monumentais
igrejas de Jerusalém. Durante as quatro próximas centenas de anos, a
proeminência de Jerusalém foi diminuída pelos poderes árabes na região que
brigavam pelo controle da cidade.
Cruzadas,
Saladino e os Mamelucos
Em 1099, Jerusalém foi
conquistada pelos cruzados, que massacraram a maior parte dos habitantes
muçulmanos e os resquícios dos habitantes judeus. A maioria dos muçulmanos
foram expulsos e a maioria dos habitantes judeus já tinha fugido, no início de
junho de 1099, a população de Jerusalém tinha diminuído de 70 000 para menos de
30 000. Os sobreviventes judeus foram vendidos na Europa como escravos ou
exilados na comunidade judaica do Egito. Tribos árabes cristãs estabeleceram-se
na destruída Cidade Velha de Jerusalém.
Em 1187, a cidade foi arrancada
da mão dos cruzados por Saladino (r. 1174–1193) permitindo que os judeus e os
muçulmanos pudessem voltar e morar na cidade. Em 1244, Jerusalém foi saqueada
pelos tártaros corásmios, que dizimaram a população cristã da cidade e afastou
os judeus, alguns dos quais foram reinstalados em Nablus. Entre 1250 e 1517,
Jerusalém foi governado pelos mamelucos, que impuseram um pesado imposto anual
sobre os judeus e destruíram os lugares sagrados dos cristãos no Monte Sião.
Domínio
Otomano
Em 1517, Jerusalém e região
caiu sob domínio turco otomano, que permaneceu no controle até 1917. Como em
grande parte do domínio otomano, Jerusalém permaneceu um provincial e
importante centro religioso, e não participava da principal rota comercial
entre Damasco e Cairo. No entanto, os turcos muçulmanos trouxeram muitas
inovações: sistemas modernos de correio usado por vários consulados, o uso da
roda para modos de transporte; diligências e carruagens, o carrinho de mão e a
carroça, e a lanterna a óleo, entre os primeiros sinais de modernização da
cidade. Em meados do século XIX, os otomanos construíram a primeira estrada
pavimentada de Jafa a Jerusalém, e em 1892 a ferrovia havia atingido a cidade.
Com a ocupação de Jerusalém
por Maomé Ali do Egito em 1831, missões e consulados estrangeiros começaram a
se estabelecer na cidade. Em 1836, Ibraim Paxá permitiu aos judeus
reconstruírem as quatro grandes sinagogas, entre eles a Hurva. O controle turco
foi reinstalado em 1840, mas muitos egípcios muçulmanos permaneceram em
Jerusalém. Judeus de Argel e da África do Norte começaram a instalar-se na
cidade, em um número cada vez maior. Ao mesmo tempo, os otomanos construíram
curtumes e matadouros perto dos lugares sagrados judeus e cristãos "para
que um mau cheiro, sempre pesteie os infiéis".
Nas décadas de 1840 e 1850,
os poderes internacionais iniciaram um "cabo de guerra" na Palestina,
uma vez que tentaram ampliar sua proteção ao longo do país para as minorias
religiosas, uma luta realizada principalmente através de representantes consulares
em Jerusalém. Logo em 1845 foi liberada a compra de propriedades para
estrangeiros, em seguida, ingleses e russos começaram a comprar terrenos e
imóveis para ajudar na conversão da população local, como pro exemplo;
albergues, casas e sede para instalar representação civil. De acordo com o
cônsul prussiano, a população em 1845 era de 16 410 habitantes, desses, 7 120
judeus, 5 000 muçulmanos, 3 390 cristãos, 800 soldados turcos e 100 europeus. O
volume de peregrinos cristãos aumentou sob o domínio dos otomanos, dobrando a
população da cidade em torno da época da Páscoa.
Na década de 1860, novos
bairros começaram a surgir fora dos muros da Cidade Velha para aliviar a
intensa superlotação e o pobre saneamento na cidade intramuros. O Composto
Russo e Mishkenot Sha'ananim foram fundados em 1860.
Mandato Britânico e a
Guerra de 1948
Em 1917 após a Batalha de
Jerusalém, o exército britânico, liderado por General Edmund Allenby, capturou
a cidade. E, em 1922, a Liga das Nações sob a Conferência de Lausanne confiou
ao Reino Unido a administração da Palestina.
De 1922 a 1948 a população
total da cidade passou de 52 mil para 165 mil, sendo dois terços de judeus e um
terço de árabes (muçulmanos e cristãos). A situação entre árabes e judeus na
Palestina não foi calma. Em Jerusalém, em especial nos motins ocorridos em 1920
e em 1929. Sob o domínio britânico, novos subúrbios foram construídos no oeste
e na parte norte da cidade e instituições de ensino superior, como a
Universidade Hebraica, foram fundadas.
A medida que o Mandato
Britânico da Palestina foi terminando, o Plano de Partilha das Nações Unidas de
1947 recomendou "a criação de um regime internacional, em especial na
cidade de Jerusalém, constituindo-a como uma corpus separatum no âmbito da administração das Nações Unidas". O
regime internacional deveria continuar em vigor por um período de dez anos, e
seria realizado um referendo na qual os moradores de Jerusalém iriam votar para
decidir o futuro regime da cidade. No entanto, este plano não foi implementado,
porque a guerra de 1948 eclodiu enquanto os britânicos retiravam-se da
Palestina e Israel declarou sua independência.
A guerra levou ao
deslocamento das populações árabe e judaica na cidade. Os 1 500 residentes do
Bairro Judeu da Cidade Velha foram expulsos e algumas centenas tomados como
prisioneiros quando a Legião Árabe capturou o bairro em 28 de maio. Moradores
de vários bairros e aldeias árabes do oeste da Cidade Velha saíram com a
chegada da guerra, mas alguns permaneceram e foram expulsos ou mortos, como em
Lifta ou Deir Yassin
Divisão
e a controversa reunificação
A guerra terminou com
Jerusalém dividida entre Israel e Jordânia (então Cisjordânia). Segundo o Plano
de Partição da Palestina, as áreas de Jerusalém e Belém ficariam sob controle
internacional. O Armistício de 1949 criou uma linha de cessar-fogo que
atravessava o centro da cidade e à esquerda do Monte Scopus como um exclave
israelense. Arame farpado e barreiras de concreto separaram Jerusalém Oriental
e Jerusalém Ocidental, e caçadores militares frequentemente ameaçaram o
cessar-fogo. Após a criação do Estado de Israel, Jerusalém foi declarada a sua
capital. A Jordânia anexou formalmente Jerusalém Oriental, em 1950,
sujeitando-a à lei jordaniana, em uma atitude que só foi reconhecido pelo Paquistão
A Jordânia assumiu o
controle dos lugares sagrados na Cidade Velha. Contrariamente aos termos do
acordo, foi negado o acesso dos israelitas aos locais sagrados judaicos, muitos
dos quais foram profanados, e apenas foi permitido o acesso muito limitado aos
locais sagrados cristãos. Durante este período, a cúpula da Rocha e a Mesquita
de al-Aqsa sofreram grandes renovações.
Durante a Guerra dos Seis
Dias em 1967, Israel ocupou Jerusalém Oriental e afirmou soberania sobre toda a
cidade, embora a ocupação e a posterior anexação do setor oriental da cidade
tenham sido condenadas pelas resoluções 252, 446, 452 e 465 das Nações Unidas,
além de contrariar a Quarta Convenção de Genebra. O acesso aos lugares sagrados
judeus foi restabelecido, enquanto o Monte do Templo permaneceu sob a
jurisdição de um waqf islâmico. O bairro marroquino, que era localizada
adjacente ao Muro das Lamentações, foi desocupado e destruído para abrir
caminho a uma praça para aqueles que visitam o muro. Desde a guerra, Israel tem
expandido as fronteiras da cidade e estabeleceu um "anel" de bairros
judeus em terrenos vagos no leste da Linha Verde.
No entanto, a aquisição de
Jerusalém Oriental recebeu duras com críticas internacionais. Na sequência da
aprovação da Lei de Jerusalém, que declarou Jerusalém "completa e
unida", a capital de Israel, o Conselho de Segurança das Nações Unidas
aprovou uma resolução que declarava a lei "uma violação do direito
internacional" e solicitou que todas as os Estados-membros retirassem suas
embaixadas da cidade.
O status da cidade, e
especialmente os seus lugares sagrados, continuam a ser uma questão central no
conflito palestino-israelense. Colonos judaicos ocuparam lugares históricos e
construíram suas casas em terras confiscadas de palestinos, a fim de expandir a
presença judaica na parte oriental de Jerusalém, enquanto líderes árabes têm
insistido que os judeus não têm qualquer laço histórico com Jerusalém. Os
palestinos encaram Jerusalém Oriental como a capital do futuro Estado palestino
embora permaneça sob ocupação israelense.
Geografia
Jerusalém está situada no
sul de um planalto na Judeia, que inclui o monte das Oliveiras (Leste) e o
monte Scopus (Nordeste). A elevação da Cidade Velha é de aproximadamente 760
metros. A grande Jerusalém é cercada por vales e leitos de rio secos (uádis).
Os vales do Cédron, Hinom, e Tiropeon se unem em uma área ao sul da cidade
antiga de Jerusalém. O vale do Cédron segue para o leste da Cidade Velha e
divide o monte das Oliveiras a partir da cidade propriamente dita. Ao longo do
lado sul da antiga Jerusalém está o vale de Hinom, uma ravina íngreme associada
com a escatologia cristã bíblica com o conceito de inferno ou Geena. O Vale de
Tyropoeon começa na região noroeste próximo ao Portão de Damasco, dirige-se ao
sudoeste através do centro da Cidade Velha para baixo do Reservatório de Siloé,
e a parte inferior é dividida em duas colinas, o monte do Templo no leste, e o
resto da cidade no oeste (as partes alta e baixa da cidade descrita por
Josefo). Hoje, este vale está escondido por destroços que se acumularam ao
longo dos séculos.
Nos tempos bíblicos,
Jerusalém foi cercada por florestas de amêndoa, azeitona e pinheiros. Ao longo
de séculos de guerras e de negligência, estas florestas foram destruídas. Os
agricultores da região de Jerusalém, então, construíram terraços de pedra ao
longo das encostas para reter o solo, um recurso ainda muito em evidência na
paisagem de Jerusalém. O abastecimento de água sempre foi um grande problema em
Jerusalém, atestada pela intrincada rede de antigos aquedutos, túneis,
reservatórios e cisternas encontrados na cidade. Jerusalém encontra-se na
região central do país, a 60 quilômetros ao leste de Telavive e do mar
Mediterrâneo. No lado oposto da cidade, cerca de 35 km de distância, está o mar
Morto, o corpo de água mais baixo da Terra. Cidades e vilas vizinhas incluem
Belém e Beit Jala para o sul, Abu Dis e Ma'ale Adummim para o leste, Mevasseret
Zion para o oeste, e Ramala e Givat Zeev para o norte
Significado religioso
Jerusalém tem um papel importante
no judaísmo, cristianismo e islamismo. O livro anual de estatística de
Jerusalém listou 1 204 sinagogas, 158 igrejas, e 73 mesquitas dentro da cidade.
Apesar dos esforços em manter coexistência pacífica religiosa, alguns locais,
como o monte do Templo, tem sido continuamente fonte de atritos e
controvérsias.
Jerusalém é sagrada para os judeus desde que o Rei David a proclamou como sua capital no século X a.C. Jerusalém foi o local do Templo de Salomão e do Segundo Templo. Ela é mencionada na Bíblia 632 vezes. Hoje, o Muro das Lamentações, um remanescente do muro que contornava o Segundo Templo, é o segundo local sagrado para os judeus perdendo apenas para o Santo dos santos no próprio monte do Templo. Sinagogas ao redor do mundo são tradicionalmente construídas com o seu Aron Hakodesh voltado para Jerusalém, e as dentro de Jerusalém voltado para o Santo dos santos. Como prescrito no Mishná e codificado no Shulchan Aruch, orações diárias são recitadas em direção a Jerusalém e ao monte do Templo. Muitos judeus tem placas de "Mizrach" (oriente) penduradas em uma parede de suas casas para indicar a direção da oração
Jerusalém é considerada a
terceira cidade sagrada do Islamismo. Aproximadamente um ano antes de ser
permanentemente trocada por Caaba em Meca, a quibla (direção da oração) para os
muçulmanos era Jerusalém. A permanência da cidade no Islão, entretanto, é
primariamente de acordo com a Noite de Ascensão de Maomé (c. 620). Os
muçulmanos acreditam que Maomé foi miraculosamente transportado em uma noite de
Meca para o monte do Templo em Jerusalém, aonde ele ascendeu ao Paraíso para
encontrar os profetas anteriores do Islão O primeiro verso no Al-Isra do
Alcorão notifica o destino da jornada de Maomé como a Mesquita de Al-Aqsa (a
mais distante), em referência à sua localização em Jerusalém. Hoje, o monte do
Templo é coberto por dois marcos islâmicos para comemorar o evento — A Mesquita
de Al-Aqsa, derivada do nome mencionado no Alcorão, e a Cúpula da Rocha, que
fica em cima da Pedra Fundamental, na qual os muçulmanos acreditam que Maomé
ascendeu ao céu.
Fonte:
Wikipédia, a enciclopédia
livre.
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