Israel, oficialmente Estado
de Israel, é uma democracia parlamentar localizada no Oriente Médio, ao longo
da costa oriental do mar Mediterrâneo. O país faz fronteira com o Líbano ao
norte, com a Síria a nordeste, com a Jordânia e a Cisjordânia a leste, com o Egito e a Faixa de Gaza ao
sudoeste, e com o golfo de Acaba, no mar Vermelho, ao sul. Geograficamente,
contém diversas características dentro de seu território relativamente pequeno.
Israel é definido como um "Estado Judeu e Democrático" em suas Leis
Básicas e é o único Estado de maioria judia do mundo.
Após a adoção de uma resolução pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 29 de novembro de 1947, recomendando a adesão e implementação do Plano de Partilha da Palestina para substituir o Mandato Britânico, em 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion, o chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, declarou o estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, a ser conhecido como o Estado de Israel, uma entidade independente do controle britânico. As nações árabes vizinhas invadiram o recém-criado país no dia seguinte, em apoio aos árabes palestinos. Israel, desde então, travou várias guerras com os Estados árabes circundantes, no decurso das quais ocupou os territórios da Cisjordânia, península do Sinai, Faixa de Gaza e colinas de Golã. Partes dessas áreas ocupadas, incluindo Jerusalém Oriental, foram anexadas por Israel, mas a fronteira com a vizinha Cisjordânia ainda não foi definida de forma permanente. Israel assinou tratados de paz com Egito e Jordânia, porém os esforços para solucionar o conflito israel-palestino até agora não resultaram em paz.
Etimologia
O primeiro registro
histórico conhecido do termo Israel surge na Estela de Merneptá, monumento que
celebra as vitórias militares do faraó Merneptá, datado do final do século XIII
a.C. O nome Israel é o único precedido pelo determinativo para povo,
assinalando a sua distinção em relação às populações de cidades-Estado presentes
na mesma inscrição, o que sugere uma identidade contrastante com a dos seus
vizinhos.
É consensual entre os
acadêmicos a derivação de Israel a partir de uma forma verbal semita ocidental
como śārâ (lutar, prevalecer, reinar [com]), e do elemento teofórico El
("Deus"), o que indicia que a designação poderá ter partido do
próprio povo que a usou, podendo-se supor que partilharia uma identidade
cultural e uma noção comum de religiosidade (culto a El), assim como, talvez,
uma propensão para a guerra.
A tradição judaica dá-o como
acrograma hebraico das iniciais dos patriarcas e matriarcas, dos quais se
originou o povo de Israel: Isaac e Jacó (י), Sara (ש), Rebeca e Raquel (ר),
Abraão (א), Lea (ל). A sua etimologia é sugerida na passagem do Gênesis 32:28,
na qual Jacó luta contra um anjo de Deus e o vence, após o que recebe de Deus o
nome de Israel. O nome conteria, assim, o significado para a realização de um
pacto entre Deus e Israel, mantendo a memória e identidade do povo através dos
tempos, e definindo as regras de sua relação com o divino.
O atual país foi designado
por Medinat Yisrael, ou Estado de Israel, após serem rejeitadas outras
propostas como Eretz Israel ("Terra de Israel"), Sião e Judeia. O uso
do termo hebraico israeli para se
referir a um cidadão de Israel foi decidido pelo governo do país após a
independência e anunciado pelo então Ministro das Relações Exteriores de
Israel, Moshe Sharett. Em português, os cidadãos de Israel são denominados
"israelenses" (no Brasil) ou "israelitas" (em Portugal e
nos PALOP).
História
Raízes
históricas
A história da Antiga Israel
abrange o período desde o século XX a.C. até à expulsão e Diáspora do povo
judaico no século I, na área compreendida entre o mar Mediterrâneo, o deserto
do Sinai, as montanhas do Líbano e o deserto da Judeia. Concentra-se
especialmente no estudo do povo judeu neste período, e de forma secundária dos
outros povos que com ele conviveram, como os filisteus, fenícios, moabitas,
idumeus, hititas, madianitas, amoritas e amonitas. As fontes sobre este período
são principalmente a escrita clássica como a Bíblia hebraica ou Tanakh
(conhecida pelos cristãos como Antigo Testamento), o Talmude, o livro etíope
Kebra Nagast e escritos de Nicolau de Damasco, Artapano de Alexandria, Fílon e
Josefo. Outra fonte principal de informação são os achados arqueológicos no
Egito, Moabe, Assíria ou Babilônia, e os vestígios e inscrições no próprio
território.
A Terra de Israel, conhecida
em hebraico como Eretz Israel, é sagrada para o povo judeu desde os tempos bíblicos.
De acordo com a Torá, a Terra de Israel foi prometida aos três patriarcas do
povo judeu, por Deus, como a sua pátria; estudiosos têm colocado este período
no início do 2º milênio a.C. A terra de Israel guarda um lugar especial nas
obrigações religiosas judaicas, englobando os mais importantes locais do
judaísmo (como os restos do Primeiro e Segundo Templos do povo judeu). A partir
do século X a.C. uma série de reinos e estados judaicos estabeleceram um
controle intermitente sobre a região que durou cerca de 150 anos, para o Reino
de Israel, até à sua conquista pelos assírios em 721 a.C., e quatro séculos
para o Reino de Judá, até à sua conquista por Nabucodonosor II em 586 a.C. e
destruição do Templo de Salomão pelos babilônios. Em 140 a.C. a revolta dos
Macabeus levou ao estabelecimento do Reino Hasmoneu de Israel, cuja existência
enquanto reino independente durou 77 anos, até à conquista de Jerusalém por Pompeu em
63 a.C., altura em que se tornou um reino tributário do Império Romano.
Sob o domínio assírio,
babilônico, persa, grego, romano, bizantino e (brevemente) sassânida, a
presença judaica na região diminuiu por causa de expulsões em massa. Em
particular, o fracasso na revolta de Barcoquebas contra o Império Romano em 132
resultou em uma expulsão dos judeus em larga escala. Durante este tempo os
romanos deram o nome de Síria Palestina à região geográfica, numa tentativa de
apagar laços judaicos com a terra. No entanto, a presença judaica na Palestina
manteve-se, com o deslocamento de judeus da Judeia para a cidade de Tiberíades,
na Galileia. No início do século XII ainda permaneciam cerca de 50 famílias
judaicas na cidade.
A Mishná e o Talmud de
Jerusalém, dois dos textos judaicos mais importantes, foram compostos na região
durante esse período. A terra foi conquistada do Império Bizantino em 638
durante o período inicial das conquistas muçulmanas. O niqqud hebraico foi inventado em Tiberíades nessa época. A área foi
dominada pelos omíadas, depois pelos abássidas, cruzados, os corésmios e
mongóis, antes de se tornar parte do império dos mamelucos (1260–1516) e o
Império Otomano em 1517.
Embora a presença judaica na
Palestina tenha sido constante, os judeus que "sempre lá estiveram"
reduziam-se à pequena comunidade rural de Peki'in, árabes em tudo exceto na
religião. Durante os séculos XII e XIII, houve um pequeno, mas constante
movimento de imigrantes judeus para a região, especialmente vindos do Norte de
África.
Após o Decreto de Alhambra
em 1492, muitos judeus expulsos de Espanha partiram para a Terra Santa, embora
se tenham fixado nas cidades onde viviam da caridade e do halukka enviado pelos seus pares na Diáspora. Após 1517, sob o
domínio Otomano, a região tornou-se uma província esquecida do Império,
declinando em população devido à extrema pobreza, impostos exorbitantes, doença
e falta de segurança. A população era maioritariamente muçulmana, da qual dez
por cento eram católicos. Em 1777, judeus europeus começaram a voltar à região,
juntando-se à pequena comunidade sefardita local.
Por volta de 1800, a
população judaica rondaria os três milhares, vivendo sobretudo nas "Quatro
Cidades Sagradas", Jerusalém, Hebrom, Safed e Tiberíades. Despreparados
para a rudeza da região, sem conseguir arranjar emprego e impedidos de possuir
terras, os judeus europeus viviam na miséria, sobrevivendo, mais uma vez, do halukka. Já na década de 1850, os judeus
chegariam mesmo a constituir pelo menos a metade da população de Safed,
Tiberíades e Jerusalém.
Sionismo
e o Mandato Britânico
Algumas fontes afirmam que
primeira grande onda de imigração moderna, conhecida como a primeira Aliá,
começou em 1881, quando os judeus fugiram dos pogroms na Europa Oriental.
Outras, no entanto, apresentam dados que demonstram que os fluxos de imigração
judaica provenientes da Europa entre os anos de 1880 a 1929 tinham como destino
em sua maior parte, os países americanos e não a Palestina para onde se dirigiu
um número minoritário de judeus até o início da Segunda Guerra Mundial.
Enquanto o movimento
sionista já existia, em teoria, Theodor Herzl foi creditado como o fundador do
sionismo político, um movimento que inspirado no nacionalismo alemão pretendia
estabelecer um Estado judaico na terra de Israel, buscando uma solução
estadista para a questão judaica. Em 1896, Herzl publicou Der Judenstaat ("O Estado Judeu"), que oferece a sua
visão de um futuro Estado judeu. No ano seguinte, ele presidiu o primeiro
Congresso Mundial Sionista.
A segunda Aliá (1904–1914),
começou após o pogrom de Kishinev. Cerca de 40 000 judeus se estabeleceram na
Palestina. Tanto a primeira quanto a segunda onda de imigrantes foi
principalmente de judeus ortodoxos, porém na segunda Aliá também vieram alguns
socialistas pioneiros que criaram o movimento kibbutz. A 2 de novembro de 1917,
durante a Primeira Guerra Mundial, o Ministro Britânico de Relações Exteriores,
Arthur Balfour emitiu o que ficou conhecido como a Declaração Balfour, que diz
"O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na
Palestina de um lar nacional para o Povo Judeu…". A pedido de Edwin Samuel
Montagu e de Lord Curzon, uma linha foi inserida na declaração afirmando
"que seja claramente entendido que nada será feito que possa prejudicar os
direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas na Palestina, ou os
direitos e estatuto político usufruídos pelos judeus em qualquer outro
país".
A Legião Judaica, um grupo
de batalhões compostos sobretudo de voluntários sionistas, havia assistido os
britânicos na conquista da Palestina. A utilização do termo ambíguo "lar
nacional" alarmou os árabes e, de forma a aplacá-los, em 7 de novembro de
1918 o Reino Unido assinou com a França a Declaração Anglo-Francesa, declarando
como objetivo comum a ambos os países "a libertação final e completa dos
povos que há muito vêm sendo oprimidos pelos turcos, e o estabelecimento de
governos nacionais e administrações [na Síria, Iraque e Palestina] cuja
autoridade deriva do livre exercício da iniciativa e escolha por parte das
populações indígenas". No entanto, em 1919, num memorando governamental
interno, Balfour declarou que não tinha intenção de consultar os habitantes da
Palestina sobre as suas aspirações, contrariando assim a Declaração de 1918 e a
Declaração Balfour (1917) na sua promessa de não prejudicar os direitos civis e
religiosos das comunidades não judaicas da Palestina. A oposição árabe a este
plano levou aos distúrbios de 1920 na Palestina e à formação da organização
judaica conhecida como Haganah
("a Defesa", em hebraico), da qual mais tarde se separaram os grupos
Irgun e Lehi.
Em 1922, a Liga das Nações
concedeu ao Reino Unido um mandato na Palestina em condições semelhantes à
Declaração Balfour. A população da área neste momento era predominantemente
muçulmana, enquanto na maior área urbana da região, Jerusalém, era
maioritariamente judaica. A terceira (1919–1923) e a quarta Aliá (1924–1929)
trouxeram 100 000 judeus para a Palestina. A partir de 1921 os britânicos
sujeitaram a imigração judaica a quotas e a maioria do território designado
para o estado judaico foi alocado à Transjordânia.
A ascensão do nazismo na
década de 1930 levou à quinta Aliá, com um fluxo de 250 mil judeus. Este fluxo
provocou a Revolta árabe de 1936–1939, e levou os britânicos a conter a
imigração através do Livro Branco de 1939. Com países de todo o mundo recebendo
refugiados judeus fugidos do Holocausto, um movimento clandestino conhecido
como Aliá Bet foi organizado para transportar judeus para a Palestina. Pelo
final da Segunda Guerra Mundial, os judeus representavam 33% da população da
Palestina, quando eram 11% em 1922.
Pós-Segunda
Guerra Mundial
Após 1942, com a rejeição do
Livro Branco de 1939 por parte dos líderes sionistas, o Reino Unido tornou-se
cada vez mais envolvido num conflito violento com os judeus. Vários ataques
armados foram levados a cabo pelos sionistas contra alvos britânicos, dos quais
se destacam o assassinato do ministro de estado britânico Lord Moyne no Cairo
em novembro de 1944 pelo Stern Gang, liderado por Yitzhak Shamir, e a explosão
do Hotel King David pelo Irgun, liderado por Menachem Begin, em 1946. No início
de 1947, o governo britânico, percebendo o encargo político e econômico que
estava a ser o conflito na Palestina, decidiu acabar com o Mandato, declarando
que era incapaz de chegar a uma solução aceitável para ambos os lados, árabes e
judeus.
Plano
da ONU de partilha da Palestina
A recém-criada Organização
das Nações Unidas recomendou a aplicação do plano de partição da Palestina,
aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas através da Resolução 181, de
29 de novembro de 1947, propondo a divisão do país em dois Estados, um árabe e
um judeu. Segundo esta proposta, a cidade de Jerusalém teria um estatuto de
cidade internacional — um corpus
separatum — administrada pelas Nações Unidas para evitar um possível
conflito sobre o seu estatuto.
A partição proposta pelo
Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina (UNSCOP, pela sigla em
inglês) concedia ao terço populacional judeu 56% do território, deixando aos
dois terços árabes 44% da terra. A divisão demográfica dos dois putativos
países significava que no estado árabe deveriam viver 818 mil palestinos,
hospedando 10 mil judeus. No estado judeu, viveriam 438 mil palestinos entre
499 mil judeus. O novo Estado judaico detinha a grande maioria das terra
férteis e, das 1 200 aldeias palestinas, aproximadamente 400 estavam incluídas
em seu interior.
A Agência Judaica aceitou o
plano, embora nunca tivesse afirmado que limitaria o futuro Estado judaico à
área proposta pela Resolução 181. A 30 de novembro de 1947 a Alta Comissão
Árabe rejeitou o plano, na esperança de que o assunto fosse revisto e uma
proposta alternativa apresentada. Nesta altura, a Liga Árabe não considerava
ainda uma intervenção armada na Palestina, à qual se opunha a Alta Comissão
Árabe.
No dia seguinte à rejeição
do plano, o conflito armado estendeu-se a toda a Palestina. As organizações
paramilitares sionistas, em especial o Haganah e os voluntários internacionais
que se lhes juntaram, iniciaram o que David Ben Gurion chamou de "defesa
agressiva", na qual qualquer ataque árabe seria respondido de forma
decisiva, com destruição do lugar, expulsão dos seus moradores e captura da
posição. Em março de 1948 foi colocado em prática o Plano Dalet, com o
objectivo de capturar aldeias, bairros e cidades árabes.
No mês seguinte, dois
importantes acontecimentos geraram ondas de choque através da Palestina e de
todo o mundo árabe: A morte de Abd al-Qader al-Husseini defendendo a aldeia
árabe de Al-Qastal, e o massacre da aldeia de Deir Yassin, perpetrado pelo
Irgun e pelo Stern Gang. Estes acontecimentos levaram os países árabes,
reunidos na Liga Árabe, a considerar uma intervenção na Palestina com os seus
exércitos regulares. A economia árabe-palestina desmoronou e 250 000
árabes-palestinos fugiram ou foram expulsos.
Conflitos e tratados
de paz
Ao longo dos anos os países
árabes recusaram-se a manter relações diplomáticas com Israel não reconhecendo
a existência do Estado judeu e, além disso, árabes nacionalistas liderados por
Nasser lutaram pela destruição do Estado judeu Em 1967, o Egito, a Síria e a
Jordânia mandaram suas tropas até as fronteiras israelenses, expulsando as
forças de paz da ONU e bloqueando o acesso de Israel ao mar Vermelho. Israel
viu essas ações como um casus belli para um conflito, iniciando a Guerra dos Seis Dias.
Israel conseguiu uma vitória decisiva nesta guerra e capturou os territórios
árabes da Cisjordânia, faixa de Gaza, península do Sinai e as colinas de Golã.
Desde 1949 a chamada Linha Verde passou a ser a fronteira administrativa entre
Israel e os territórios ocupados. As fronteiras de Jerusalém foram ampliadas
por Israel que incorporou Jerusalém Oriental. A Lei de Jerusalém, promulgada em
1980, reafirmou esta medida e reacendeu polêmica internacional sobre o estatuto
de Jerusalém.
O fracasso dos Estados
Árabes na guerra de 1967 levou ao surgimento de organizações não estatais
árabes no conflito, sendo a mais importante a Organização de Libertação da
Palestina (OLP), que foi concebida sob o lema "a luta armada como única
forma de libertar a pátria No final da década de 1960 e início da década de
1970, grupos palestinos lançaram uma onda de ataques contra alvos israelenses
ao redor do mundo, incluindo um massacre de atletas israelitas nos Jogos
Olímpicos de Verão de 1972, em Munique na Alemanha. Israel reagiu com a
Operação Cólera de Deus, no decurso da qual os responsáveis pelo massacre de
Munique foram encontrados e executados. Em 6 de outubro de 1973, no Yom Kippur,
dia mais santo do calendário judaico, os exércitos do Egito e da Síria lançaram
um ataque surpresa contra Israel. A guerra terminou em 26 de outubro com o
êxito israelense, que conseguiu repelir as forças egípcias e sírias, porém
sofrendo grandes perdas Um inquérito interno exonerou o governo israelense da
responsabilidade pelo conflito, porém a insatisfação popular forçou a então
Primeira-Ministra Golda Meir a renunciar
As eleições de 1977 do
Knesset marcaram uma virada importante na história política israelense, quando
o Partido Likud, de Menachem Begin, assumiu o controle do governo, que até
então era dominado pelo Partido Trabalhista Mais tarde, no mesmo ano, o então
Presidente Egípcio Anwar El Sadat fez uma visita a Israel e falou perante o
Knesset, esta foi a primeira vez que um chefe de Estado árabe reconheceu o
Estado de Israel Nos dois anos que se seguiram, Sadat e Menachem Begin
assinaram o Acordo de Camp David e o Tratado de Paz Israel-Egito Israel
retirou-se da península do Sinai e concordou em iniciar negociações sobre uma
possível autonomia para palestinos em toda a Linha Verde, um plano que nunca
foi executado. O governo israelense começou a encorajar assentamentos judeus no
território da Cisjordânia, criando atritos com os palestinos que viviam nessas
áreas.
Em 7 de junho de 1981,
Israel bombardeou pesadamente o reator nuclear Osirak no Iraque durante a chama
Operação Ópera, com fim de desabilitá-lo. A inteligência israelense tinha uma
suspeita de que o Iraque pretendia utilizar este reator para o desenvolvimento
de armas nucleares. Em 1982, Israel interveio na Guerra Civil Libanesa,
destruindo as bases da Organização de Libertação da Palestina, que, em
resposta, lançou ataques e mísseis ao norte de Israel. Esse movimento se
desenvolveu para a Guerra do Líbano de 1982 Israel retirou a maior parte se
suas tropas do Líbano, em 1986, mas manteve uma "zona de segurança"
até 2000. A Primeira Intifada, um levante palestino contra Israel, eclodiu em
1987 com ondas de violência nos territórios ocupados. Ao longo dos seis anos
seguintes, mais de mil pessoas foram mortas, muitas das quais por atos internos
de violência dos palestinos Durante a Guerra do Golfo em 1991, a OLP e os
palestinos apoiaram os ataques de mísseis lançados contra Israel pelo líder
iraquiano Saddam Hussein, na tentativa de provocar a entrada de Israel para a
guerra
Em 1992, Yitzhak Rabin
tornou-se Primeiro-Ministro, ele e seu partido estabeleceram compromissos com
os vizinhos de Israel No ano seguinte, Shimon Peres e Mahmoud Abbas, em nome de
Israel e da OLP, assinaram os Acordos de paz de Oslo, que deram à Autoridade
Nacional Palestina o direito de autogovernar partes da Cisjordânia e da Faixa
de Gaza. A intenção era o reconhecimento do direito do estado de Israel existir
e uma forma de dar fim ao terrorismo. Em 26 de outubro de 1994 foi assinado o
Tratado de paz Israel-Jordânia, sendo a Jordânia o segundo país árabe que normalizou
suas relações com Israel. O apoio público dos árabes aos Acordos foi danificado
pelo Massacre do Túmulo dos Patriarcas, pela continuação dos assentamentos
judeus, e pela deterioração das condições econômicas. O apoio da opinião
pública israelense aos Acordos diminuiu quando Israel foi atingido por ataques
suicidas palestinos. Em novembro de 1995 o assassinato de Yitzhak Rabin por um
militante de extrema-direita judeu, chocou o país.
No final da década de 1990,
Israel, sob a liderança de Benjamin Netanyahu, desistiu de Hebrom, assinando o
Memorando de Wye River, dando maior controle da região para a Autoridade
Nacional Palestina. Ehud Barak, eleito primeiro-ministro em 1999, começou por
retirar forças israelenses do sul do Líbano, realizando negociações com a
Autoridade Palestina Yasser Arafat e o então Presidente dos Estados Unidos,
Bill Clinton, durante a Cúpula de Camp David de 2000. Durante esta cimeira,
Barak ofereceu um plano para o estabelecimento de um Estado palestino na Faixa
de Gaza e 91% da Cisjordânia, retendo porém o controlo sobre todas as
fronteiras e principais cursos de água, e anexando definitivamente 12% do Vale
do Jordão, a região mais fértil da Cisjordânia, a favor de Israel, reservando-se
ainda o direito de permanecer entre 12 a 30 anos em outros 10% dessa região.
Yasser Arafat rejeitou o acordo, exigindo como pré-condição para as negociações
a retirada de Israel para as fronteiras de Junho de 1967. Após o colapso das
negociações, começou a Segunda Intifada. Ariel Sharon foi escolhido como novo
primeiro-ministro em 2001 durante uma eleição especial. Durante seu mandato,
Sharon realizou seu plano de retirada unilateral da Faixa de Gaza e também
liderou a construção da barreira israelense da Cisjordânia. Em janeiro de 2006,
depois de sofrer um grave acidente vascular cerebral que o deixou em coma,
Ariel Sharon deixou o cargo e suas competências foram transferidas para o
gabinete de Ehud Olmert.
Em julho de 2006, um ataque
da artilharia do Hezbollah a comunidades da fronteira norte de Israel e um
rapto de dois soldados israelenses desencadeou a Segunda Guerra do Líbano. Os
confrontos duram por um mês até um cessar-fogo (Resolução 1701 da Organização
das Nações Unidas) mediado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em 27 de novembro de 2007, o
Primeiro-Ministro israelense Ehud Olmert e o Presidente palestino Mahmoud Abbas
concordaram em negociar sobre todas as questões e lutar por um acordo até ao
final de 2008. Em abril de 2008, o presidente sírio Bashar al-Assad disse a um
jornal do Qatar que a Síria e Israel tinham vindo a discutir um tratado de paz
por um ano, com a Turquia como mediador. Isto foi confirmado por Israel, em
Maio de 2008.
No final de dezembro de
2008, o cessar-fogo entre o Hamas e Israel acabou após foguetes serem
disparados a partir da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. Israel respondeu
com uma série de intensos ataques aéreos. Em resposta, protestos eclodiram em
todo o mundo. Em 3 de janeiro de 2009, tropas israelitas entraram em Gaza
marcando o início de uma ofensiva terrestre.
Em julho de 2014 eclodiu
outro conflito entre as forças militares de Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza.
A guerra, que durou quase dois meses, matou mais de 2 000 pessoas, incluindo 70
israelenses. No dia 07 de outubro de 2023, os Hamas iniciaram uma ofensiva ao
sul de Israel na fronteira com a faixa de Gaza. Eles reivindicam o ataque como
sendo uma grande operação para a retomada do território. Em resposta, o
primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu declarou guerra contra o Hamas.
Territórios
ocupados
Os territórios ocupados por
Israel são a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as colinas de Golã. Estas são as
áreas que Israel tomou da Jordânia e da Síria durante a Guerra dos Seis Dias. O termo também foi
usado para descrever a península do Sinai, que foi devolvida ao Egito em 1979
como parte do tratado de paz israel-egípcio.
Perda de território palestino 1946-2010
O termo "territórios ocupados por Israel" também foi usado para englobar a Faixa de Gaza, que foi ocupada pelo Egito e tomada por Israel em 1967. Em 2005, Israel desocupou a Faixa de Gaza e retirou quatro assentamentos na Cisjordânia, como parte do seu plano de retirada unilateral. No entanto, Israel continua a controlar o acesso ao espaço aéreo e marítimo de Gaza. Israel também regulamenta as viagens e o comércio de Gaza com o resto do mundo. O interior do território está sob controle do Hamas, partido majoritário no Conselho Legislativo da Palestina, cujo braço militante executou desde os anos 1990 vários atentados terroristas contra Israel como o atentado suicida do Dizengoff Center e o atentado terrorista da pizzaria Sbarro.
Na sequência da captura
desses territórios por Israel, assentamentos constituídos por cidadãos
israelitas foram estabelecidas dentro de cada um deles. Israel aplica suas leis
em Golan e Jerusalém Oriental, incorporando-os ao seu território e oferecendo
aos seus habitantes o status de residentes permanentes e a possibilidade de obtenção
da cidadania israelense, caso eles a solicitem. Em contraste, a Cisjordânia tem
permanecido sob ocupação militar e é largamente vista junto com a Faixa de Gaza
— por parte de Israel, pelos palestinos e pela comunidade internacional — como
o local de um futuro Estado palestino. O Conselho de Segurança declarou que a
incorporação de Jerusalém Oriental e das colinas de Golã é "nula e sem
efeito" e continua considerando-os territórios ocupados.
O status de Jerusalém
Oriental, em qualquer possível acordo de paz, tem sido visto por vezes como um
obstáculo difícil nas negociações entre os governos de Israel e representantes
dos palestinos. A maioria das negociações relativas aos territórios se dão com
base na Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela que
Israel desocupe os territórios ocupados em troca da normalização das relações
com países árabes, um princípio conhecido como "terra pela paz".
A Cisjordânia tem uma
população constituída principalmente por árabes palestinos, incluindo os
residentes históricos dos territórios e dos refugiados da Guerra
árabe-israelense de 1948. Desde a ocupação em 1967 até 1993, os palestinos que
vivem nesses territórios estavam sob a administração militar israelense. Desde
que foram assinadas as cartas de reconhecimento entre Israel e a Organização
para a Libertação da Palestina, a maioria da população palestina e suas cidades
têm estado sob o controle da Autoridade Palestina e por um controle militar
parcial por parte dos israelenses, apesar de Israel ter em diversas ocasiões
reorganizado suas tropas e reinstituído plena administração militar durante
períodos de grande agitação. Em resposta aos ataques cada vez mais numerosos
como parte da Segunda Intifada, o governo israelense iniciou a construção do
chamado "Muro da Cisjordânia", que segundo o relatório da organização
de direitos humanos israelense B'Tselem está parcialmente construído dentro do
território da Cisjordânia.
A Faixa de Gaza foi ocupada
pelo Egito de 1948 a 1967 e em seguida por Israel, de 1967 a 2005. Em 2005,
como parte do plano de retirada unilateral, Israel retirou todos os seus
colonos e forças do território palestino. No entanto, Israel continua a
controlar o espaço aéreo e o acesso marítimo da Faixa de Gaza e tem enviado
tropas para a área. Gaza faz fronteira com o Egito. Um acordo entre Israel, a
União Europeia, a Autoridade Palestina e o Egito estabeleceu como a passagem da
fronteira poderia ser feita (o que era monitorado por observadores europeus).
No entanto a eleição de um governo do Hamas trouxe problemas na sua aplicação,
o que tem ocasionado o fechamento da passagem da fronteira na maior parte do
tempo. O interior da Faixa de Gaza está nas mãos do governo do Hamas.
Fonte: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
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